Apesar da rejeição do acordo negociado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em referendo no domingo passado, ou talvez por isso mesmo, o presidente Juan Manuel Santos ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz.
Ao justificar a premiação, o comitê norueguês do Prêmio Nobel declarou hoje de manhã em Oslo que, apesar da derrota no referendo, o processo de paz não está morto. Emocionado, Santos dedicou o prêmio ao povo colombiano e declarou que o prêmio é "um compromisso para continuar tentar trazer a paz a meu país".
Entre mortos e desaparecidos, quase 300 mil pessoas morreram em 52 anos de guerra entre as FARC, que nasceram como braço armado do Partido Comunista Colombiano.
O acordo de paz, negociado durante quatro anos em Cuba, previa reforma agrária, o fim da luta armada, o desarmamento dos 7 mil guerrilheiros restantes, uma anistia parcial e um tribunal especial para julgar crimes contra a humanidade cometido pelos dois lados.
A derrota por margem escassa foi atribuída ao alto índice de abstenção (62%) e especialmente à oposição dos ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana, insatisfeitos com as concessões feitas ao grupo guerrilheiro como anistia parcial e a garantia de dez cadeiras no Congresso nas duas próximas eleições.
No dia seguinte, tanto as FARC quanto o governo e os ex-presidentes concordaram que a guerra acabou. Ninguém quer voltar ao passado, mas será necessária uma renegociação delicada.
Vitorioso, o agora senador Uribe, de quem Santos foi ministro da Defesa, pediu que não sejam revistas as sentenças dos guerrilheiros já condenados, "alívio judicial" para soldados e policiais, e proteção aos rebeldes enquanto o acordo é revisto.
Em entrevista à televisão pública britânica BBC, a ex-senadora e ex-candidata a presidente Ingrid Betancur, sequestrada pelas FARC durante seis anos, entende que o acordo não garante a impunidade dos guerrilheiros.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário