O Partido Comunista da China abriu ontem a 6ª Sessão Plenária do 18º Comitê Central. Nos próximos quatro dias, seus 205 membros vão discutir a "governança do partido de maneira estrita".
É uma indicação de que o encontro visa a fortalecer o presidente Xi Jinping, que desde que chegou ao poder há quatro anos faz uma campanha anticorrupção para afastar adversários e consolidar sua posição.
As reuniões serão a portas fechadas. Nas próximas semanas, os sinólogos estarão atentos a pronunciamentos oficiais, rumores, promoções e demissões de funcionários. Seu grande desafio será descobrir se Xi vai conseguir se tornar o líder mais poderoso do PC chinês desde a morte do fundador da República Popular da China, Mao Tsé-tung, em 1976.
É a última sessão plenária do Comitê Central antes do próximo Congresso Nacional do Partido, realizado a cada cinco anos, em outubro de 2017. Neste congresso, serão indicados os membros do próximo Politburo, o birô político do Comitê Central e o Comitê Permanente do Politburo, os agora sete imperadores que governam o país na prática.
Começa portanto um ano de feroz disputa política interna para definir quem serão os altos dirigentes do PC nos próximos cinco anos. Desde que ascendeu à liderança do partido, em 2012, e à Presidência da China, em 2013, Xi tratou de concentrar poderes e destruir redes de patronato político de antigos líderes.
Os sinólogos vão observar se Xi vai conseguir nomear protegidos e aliados para postos-chaves do governo para superar, na prática, o modelo de liderança colegiada criado por Deng Xiaoping para evitar os excessos do maoísmo e da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), uma era de intolerância e perseguições políticas.
Uma das regras de Deng é a aposentadoria de altos funcionários do PC chinês aos 68 anos. A dúvida é se Wang Qishan, chefe da campanha anticorrupção, será mantido como membro do Comitê Permanente do Politburo depois de completar 69 anos em julho.
Se a norma for quebrada, vai alimentar a especulação sobre a permanência de Xi como secretário-geral do partido além dos dois mandatos de cinco anos como é a praxe nas últimas duas décadas e meia, sob Jiang Zemin e Hu Jintao.
Com a desaceleração do crescimento e a necessidade de reorientar a economia do investimento e da exportação para o mercado interno e o consumo, podem vir anos turbulentos à frente que vão testar o pragmatismo e a adaptabilidade do PC. Quando houver uma crise econômica grave, seu monopólio de poder será contestado.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
Comitê Central do PC chinês inicia sessão para reforçar poder do líder
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