FIM DA LONGA MARCHA
Em 1935, depois de 368 dias em fuga por 9 mil quilômetros para escapar dos nacionalistas do Kuomintang (KMT), 4 mil comunistas chineses sobreviventes liderados por Mao Tsé-tung chegam a Xansi, no Noroeste da China, pondo fim à Longa Marcha.
A China foi um dos temas do debate entre Leon Trotsky e Josef Stalin na luta pelo poder dentro do Partido Comunista da União Soviética depois de morte de Vladimir Lenin, em 1924. Como a China não tinha indústria nem operariado, Stalin, vencedor na disputa, manda o Partido Comunista chinês fazer uma política de frente popular em aliança com a burguesia, representada pelo KMT.
A guerra civil chinesa começa em 1927, quando Stalin consolida o poder em Moscou, o que leva os comunistas a proclamar em 1931 a fundação da República Soviética da China, com base província Jiangxi, sob a liderança de Mao Tsé-tung.
O KMT lança então uma campanha implacável, com cinco cercos à área controlada pelos comunistas, e causa morte de fome de centenas de milhares de camponeses.
Aos comunistas, só resta a fuga. Eles rompem o cerco num ponto mais fraco e iniciam a Longa Marcha, que termina em 20 de outubro de 1935 diante da Grande Muralha.
Em 1937, o Japão, que já ocupava a Manchúra, invade as principais cidades da China e assume o controle do país. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a guerra civil civil chinesa recomeça.
Os comunistas, fortalecidos pela guerra de guerrilhas travada contra o Império do Japão, tomam o poder em 1º de outubro de 1949 e, sob a liderança de Mao, fundam a República Popular da China. Os nacionalistas do KMT fogem para Taiwan, que os comunistas ameaçam invadir.
COMUNISTAS EM HOLLYWOOD
Em 1947, com a histeria anticomunista da Ameaça Vermelha no início da Guerra Fria, a Comissão de Atividades Antiamericanas do Congresso dos Estados Unidos começa a investigar a infiltração comunista num dos lugares mais ricos e charmosos do mundo: a indústria cinematográfica de Hollywood.
Entre os suspeitos, estão o compositor Aaron Copland, os escritores Dashiell Hammett, Dorothy Parker e Lillian Hellman, o dramaturgo Arthur Miller, o diretor Orson Welles e o ator Charles Chaplin.
Do outro lado, entre os dedos-duros, o diretor Elia Kazan, os atores Gary Cooper e Robert Taylor, e os chefões Walt Disney e Jack Warner.
ABERTA ÓPERA DE SÍDNEI
Em 1973, depois de 15 anos de construção, o teatro da Ópera de Sídnei, uma obra de US$ 80 milhões do arquiteto dinamarquês Jorn Utzon financiada com dinheiro de loteria que virou símbolo da principal cidade da Austrália.
Com seu teto de conchas concêntricas, a Ópera de Sídnei tem vários auditórios e realiza cerca de 3 mil espetáculos por ano. A primeira apresentação é uma montagem de Guerra e Paz, do compositor russo Serguei Prokofiev, pela Ópera da Austrália.
MASSACRE DE SÁBADO À NOITE
Em 1973, o advogado-geral da União dos Estados Unidos, Robert Bork, demite o procurador-especial Archibald Cox, que investiga o Escândalo de Watergate. O procurador-geral Elliot Richardson, e o subprocurador-geral, William Ruckelshaus se negam a demitir Cox e pedem demissão em protesto.
O procurador especial investiga a invasão da sede do Partido Democrata no Edifício Watergate, em 17 junho de 1972, que vira um escândalo com reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein no jornal The Washington Post. Eles revelam que os supostos ladrões faziam parte do grupo de encanadores da Casa Branca.
O rastro do dinheiro os leva ao comitê da campanha de reeleição do presidente Richard Nixon (1969-74) e à Casa Branca. O Massacre de Sábado à Noite é um momento decisivo para a perda de credibilidade de Nixon, acusado de abuso de poder e obstrução de justiça num inquérito de um processo de impeachment.
Outro golpe decisivo é a decisão de Suprema Corte de entregar ao Congresso as fitas das gravações feitas pelo governo das reuniões no Salão Oval da Casa Branca.
Com a perda do apoio do Partido Republicano, Nixon renuncia em 8 de agosto e um mês depois recebe o perdão do novo presidente Gerald Ford. Mas todos os ministros envolvidos vão para a cadeia.
KADAFI ASSASSINADO
Em 2011, o coronel Muamar Kadafi, o ditador há mais tempo no poder na África e no mundo árabe, desde 1969, é capturado e morto por rebeldes perto de Sirte, sua cidade natal.
Kadafi nasce em junho de 1942 numa família de beduínos. Faz a Academia Militar Real em Bengázi e um breve treinamento no Reino Unido.
Em 1º de setembro de 1969, derruba o rei Idris, aliado do Ocidente, num golpe branco, proclama uma revolução, fecha bases militares norte-americanas e britânicas na Líbia, assume o controle do petróleo, a grande riqueza do país, prende, tortura e mata dissidentes políticos. Seu manifesto político, o Livro Verde,
O coronel financia grupos guerrilheiros e terroristas como o Exército Republicano Irlandês (IRA), que luta contra o domínio britânico sobre a Irlanda do Norte, e a Facção do Exército Vermelho, também conhecida como grupo Baaden-Meinhof, na Alemanha. Vira inimigo das potências ocidentais.
Depois de um atentado contra uma discoteca frequentada por soldados americanos em Berlim Ocidental, em abril de 1986, o presidente norte-americana Ronald Reagan ordena um bombardeio contra o palácio do ditador líbio, que sobrevive.
Um atentado contra um Boeing 747 da PanAm na rota Londres-Nova York mata todas as 259 pessoas a bordo e 11 no solo em Lockerbie, na Escócia. Há suspeitas de um atentado de grupos palestinos a serviço do Irã, numa vingança contra o abate de um Airbus iraniano com 290 pessoas a bordo por um navio dos Estados Unidos em 3 de julho de 1980, no fim da Guerra Irã-Iraque (1980-88).
Os EUA acusam dois agentes líbios. Outro atentado, contra um avião de passageiros companhia francesa UTA, em 19 de setembro de 1989, no Níger, mata as 170 pessoas abordo, é atribuído a líbios. Nos dois casos, Kadafi se nega a entrar os suspeitos.
Sob pressão dos EUA e da França, as Nações Unidas impõe sanções à Líbia em 1992. Kadafi entrega os suspeitos do atentado de Lockerbie em 1999. Um é condenado. O outro é absolvido.
Com a guerra contra o terrorismo e a invasão do Iraque, Kadafi e o Ocidente têm um inimigo comum, o extremismo muçulmano, e o ditador teme uma invasão norte-americana. Em dezembro de 2003, o dirigente líbio faz um acordo com as potências ocidentais e concorda em desmantelar todos os programas de armas de destruição em massa.
Durante a Guerra contra o Terror, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra Nova York e o Pentágono, a Líbia é usada para sessões de tortura pela CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA).
Diante do refluxo do pan-arabismo, Kadafi decide assumir sua identidade africana. É um dos grandes incentivadores da transformação da Organização para Unidade Africana (OAU) para União Africana, em 2001 e 2002.
O fim vem com a Primavera Árabe. Depois da queda de Zine ben Ali, na Tunísia, e de Hosni Mubarak, no Egito, em 17 de fevereiro de 2011 começa a revolta na Líbia. Os rebeldes tomam Bengázi, a segunda maior cidade do país, situada no Leste da Líbia. Kadafi ameaça esmagar a rebelião e matar os revoltosos como se fossem "ratos e baratas".
Em 17 de março, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprova a criação de uma zona de exclusão áerea, proibindo Kadafi de bombardear os rebeldes. No dia seguinte, o presidente Barack Obama ordena os primeiros ataques dos EUA às forças do ditador, que promete uma trégua, mas continua atacando os rebeldes.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) assume o comando militar da operação contra Kadafi em 25 de março. Em 16 de maio, o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, pede a prisão do líder líbio por "crimes contra a humanidade".
Quando os rebeldes tomam Trípoli, a capital líbia, em 20 de agosto, Kadafi foge. Com poucas cidades ainda em poder de seus aliados, ele se refugia em Sirte. Ainda tenta negociar uma transição pacífica do poder, mas a proposta é rejeitada.