Enquanto se esforça para cumprir os compromissos com o sistema financeiro internacional, o president Nicolás Maduro dá calote nos aliados. A Venezuela deixou de pagar à Rússia US$ 1 bilhão, forçando o governo Vladimir Putin a revisar o orçamento para 2017, noticiou hoje o jornal Latin American Herald Tribune.
O Comitê de Auditoria da Rússia confirmou o calote a jornalistas russos. A emenda ao orçamento cita a queda de 53,9 bilhões de rublos, cerca de US$ 950 milhões, no ingresso de divisas "associada ao fracasso da República Bolivarista da Venezuela de honrar os termos do protocolo intergovernamental russo-venezuelano nº 23/26, de setembro de 2016."
Por este acordo, a Rússia concordou em renegociar uma dívida de US$ 2,84 bilhões, com o reescalonamento de US$ 530 milhões de 2019 a 2021. Os outros US$ 2,2 bilhões seriam pagos em cinco anos. A primeira parcela, de US$ 362 milhões, era devida em 31 de março de 2017. Não foi paga.
O empréstimo original, de US$ 4 bilhões, foi concedido pela Rússia ao então presidente Hugo Chávez, em 2011, principalmente para a compra de armas e equipamentos militares. O governo russo aceitar renegociar em setembro do ano passado por causa de uma "crise de liquidez" na Venezuela e das "relações de amizade" entre os dois países.
A Venezuela vive a pior crise de sua história independente, com inflação de 900% ao ano, queda de mais de 20% no produto interno bruto nos últimos dois anos e desabastecimento de 80% dos produtos básicos, inclusive remédios e alimentos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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