quinta-feira, 8 de junho de 2017

Comey acusa Casa Branca de mentir para difamá-lo e ao FBI

No início de seu depoimento à Comissão de Inteligência do Senado, o ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, James Comey acusou a Casa Branca de mentir para "difamar a mim e, mais importante, o FBI". Em defesa própria e da agência, chamada de "bagunça", decidiu então revelar os memorandos sobre seus encontros com o presidente Donald Trump.

"O governo escolheu difamar a mim e, mais importante, ao FBI, dizendo que a organização tinha virado uma bagunça e que era mal administrada", declarou o ex-diretor. "Essas são mentiras pura e simplesmente."

Comey negou que o presidente o tenha pressionado a encerrar a investigação sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial americana de 2016, mas confirmou que Trump pediu o fim do inquérito sobre as relações do ex-assessor de Segurança Nacional de Trump, general Michael Flynn, com os russos. Isso pode caracterizar obstrução de justiça, um crime capaz de levar ao impeachment do presidente.

No primeiro momento, a Casa Branca justificou a demissão de Comey, em 9 de maio, alegando problemas na investigação do uso de correio eletrônico privado pela então secretária de Estado Hillary Clinton, adversária de Trump na eleição do ano passado.

O próprio presidente desmentiu seu governo ao admitir em entrevista à rede de televisão NBC que afastou Comey por causa da investigação sobre a Rússia. Trump acrescentou que o diretor-geral "não estava fazendo um bom trabalho" e que teria perdido a confiança dos funcionários do FBI.

Foi um golpe na autoestima de Comey: "Ele me disse repetidamente que tinha falado com muita gente sobre mim, inclusive com o procurador-geral, e que tinha ouvido que eu estava fazendo um grande trabalho e era muito apreciado pela força de trabalho do FBI."

Calmo a princípio, o ex-diretor se exaltou em defesa do seu trabalho e da instituição que dirigia: "Lamento muito que a força de trabalho do FBI tenha de ouvir isso. Queria que o povo americano soubesse esta verdade: o FBI é honesto. O FBI é forte e o FBI é e sempre será independente."

Em depoimento à Comissão de Justiça da Câmara, em setembro de 2016, o então diretor do FBI afirmou: "Você pode dizer que erramos, mas não nos chamar de sorrateiros. Não somos sorrateiros."

Ele admitiu que divulgou os memorandos sobre os encontros com Trump para pressionar o governo a nomear um procurador independente para chefiar o inquérito sobre a influência russa na eleição. Foi indicado o ex-diretor-geral do FBI que o antecedeu, Robert Mueller.

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