Em um relato de sete páginas divulgado hoje, o ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, James Comey antecipou o depoimento de amanhã à Comissão de Inteligência do Senado.
Comey vai acusar o presidente Donald Trump de uma série de pressões para influenciar o inquérito sobre a interferência da Rússia nas últimas eleições presidenciais americanas.
As pressões incluíram pedidos de lealdade pessoal, para Comey declarar publicamente que Trump não está sendo investigado e para encerrar o inquérito sobre o ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Michael Flynn. Podem caracterizar obstrução de justiça, um crime de responsabilidade, capaz de levar ao impeachment do presidente.
Insatisfeito com a resistência de Comey diante das pressões, Trump demitiu o diretor-geral do FBI em 9 de maio de 2017 no quarto ano de um mandato de dez. Só um diretor-geral do FBI havia sido demitido antes pelo presidente, William Sessions, no governo Bill Clinton, em 1993.
O caso foi mais comparado ao Massacre de Sábado à Noite, em 19 de outubro de 1973, quando o presidente Richard Nixon demitiu o procurador especial Archibald Fox, que o investigava no Escândalo de Watergate. Nixon renunciou em 9 de agosto de 1974 para escapar de um processo de impeachment.
Em telefonema não divulgado anteriormente, em 30 de março, Trump pediu a Comey que poderia ser feito para "dissipar a nuvem" de uma investigação sobre ele. Isso estaria prejudicando sua capacidade de governar.
Pelo menos uma vez, em janeiro, Comey disse ao presidente que ele não estava sendo investigado, mas não quis fazer declarações públicas "por inúmeras razões, a mostra importante porque criaria o dever de corrigir, se a situação mudasse", se Trump passasse a ser alvo do inquérito.
O primeiro memorando de Comey sobre os encontros com Trump é sobre o encontro de 6 de janeiro, duas semanas antes da posse. "Para garantir a fidelidade, comecei a escrever num computador portáil dentro de um carro do FBI no momento em que saí do encontro na Trump Tower."
A partir daquele momento, Comey passou a registrar por escrito detalhes de seus encontros com o presidente. Ele não escreveu este tipo de memorando depois dos dois encontros privados que teve com o presidente Barack Obama no governo anterior.
Semanas depois, durante um jantar na Casa Branca, o presidente quis saber de um dossiê atribuído aos russos que revelaria encontros de Trump com prostitutas na Rússia, "expressou seu desgosto com as alegações e as negou fortemente", escreveu o ex-diretor do FBI.
Trump rejeitou a acusação alegando que não esteve com prostitutas e sempre partiu do princípio de que estava sendo vigiado e gravado na Rússia. Na última vez em que os dois se falaram, em 11 de abril, pelo telefone, o presidente pediu mais uma vez uma manifestação pública do diretor-geral do FBI reiterando que ele não está sob investigação.
Comey afirmou ter repassado o pedido a seus superiores no Departamento da Justiça. Aí Trump veio com a tal "nuvem" de suspeita pairando sobre seu governo, declarou lealdade ao diretor do FBI e pediu a solução "daquela coisa".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Ex-diretor-geral do FBI acusa Trump de exigir fim de inquérito
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