quarta-feira, 28 de junho de 2017

Guarda Nacional da Venezuela agride deputados e jornalistas

Pelo menos três deputados e alguns jornalistas foram agredidos pela Guarda Nacional Bolivarista (GNB) ontem dentro da Assembleia Nacional da Venezuela, que foi cercada das 17h às 22h (18h às 23h em Brasília) por milícias ligadas à ditadura chavista que inferniza o país, reportou o jornal venezuelano El Nacional.

Os deputados Winston Flores, Delsa Solórzano e Olivia Lozano foram atacados quando tentavam impedir a entrada no Parlamento de material do Conselho Nacional Eleitoral para realização das votações manipuladas convocadas pelo ditador Nicolás Maduro para escolher uma Assembleia Nacional Constituinte. A meta do ditador é fazer uma nova Constituição para revogar os poderes do Parlamento, dominado pela oposição.

A agressão começou quando os congressistas quiseram saber qual o conteúdo das caixas do CNE entregues ao posto da GNB na Assembleia Nacional. A sessão foi suspensa e os outros deputados foram pressionar a Guarda a retirar o material suspeito. O presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, declarou não ter conseguido saber o que contém as cerca de 30 caixas.

A oposição acusa o coronel Vladimir Lugo Armas de tentar levar armas para dentro do Parlamento. O coronel afirmou que eram instrumentos para validar eleições.

No fim da tarde, a Assembleia Nacional foi cercada por milícias aliadas ao regime chavista, que durante cinco horas impediram a saída dos deputados, jornalistas e trabalhadores do prédio.

Por volta das 20h, um grupo de militares, policiais e funcionários públicos civis se declararam em rebelião para "buscar o equilíbrio e contra este governo transitório e criminoso", informou o boletim de notícias Dolar Today, que monitora o mercado paralelo de moedas fortes.

Em nome dos rebeldes, Oscar Pérez, do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC), afirmou que o movimento "não tem tendências político-partidárias. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas."

Um helicóptero rebelde teria disparado duas granadas e tiros contra a sede do Tribunal Supremo de Justiça, servil à ditadura chavista, acrescentou o Dolar Today. Uma hora depois, tanques de guerra saíram às ruas de Caracas. Alguns teriam entrado no Palácio de Miraflores, sede do governo, para proteger Maduro.

Hoje, o movimento oposicionista, que protesta diariamente contra o governo Maduro desde o início de abril, pretende parar Caracas, bloqueando o trânsito em vários pontos da capital. Em meio à pior crise econômica de sua história independente, a Venezuela agoniza, mas o ditador se nega a deixar o cargo. Uma manobra salvacionista de última hora pode partir de dentro do próprio regime, que aparentemente ainda controla as Forças Armadas.

A procuradora-geral Luisa Ortega Díaz e outras figuras preeminentes do chavismo acusam Maduro de trair a herança de Chávez ao tentar reescrever a Constituição da República Bolivarista da Venezuela. O atual presidente foi indicado pelo ditador cubano Fidel Castro quando Chávez estava à beira da morte, em 2013.

Sem carisma nem talento, Maduro enterrou o chavismo e governa hoje na base da força e da intimidação, enquanto o país desaba, com inflação de 90% ao ano, queda de mais de 20% do produto interno bruto em dois e escassez de cerca de 80% dos bens de consumo essenciais. Com a população faminta, os saques a armazéns e supermercados se tornaram rotineiros na Venezuela.

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