O porta-voz oficial da Irmandade Muçulmana, Ahmed Aref, foi preso hoje no bairro Cidade de Nasser, no Cairo, e levado para a prisão de Tora, de onde também hoje saiu o ex-ditador Hosni Mubarak, informou o sítio do jornal Al-Ahram.
A Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista islâmico do mundo, fundado em 1928, chegou ao poder pelo voto depois da Primavera Árabe. Foi afastada em 3 de julho com o golpe militar contra o então presidente Mohamed Mursi, que continua detido. O supremo líder espiritual do grupo, Mohamed Badie, também foi preso nesta semana.
Como único grupo político organizado do Egito durante uma sucessão de governos militares, a Irmandade ganhou eleições parlamentares e presidencial, mas não conseguiu resolver os problemas econômicos que se acumulam, foi acusada de autoritarismo, de abuso de poder e de trair os ideias democráticos da revolução que depôs Mubarak em fevereiro de 2011.
Desde o golpe do mês passado, o novo governo tenta claramente desarticular a Irmandade. Já não deu certo no passado. O Egito vai enfrentar um período turbulento pela frente. A crise econômica, que ajudou a derrubar Mubarak e só se agravou desde então, vai forçar a busca de algum consenso.
Da Primavera Árabe, resta a determinação do povo egípcio de ter mais controle sobre seu próprio destino. Aquele desejo irreprimível de liberdade da revolução na praça está vivo.
O problema do Egito é o autoritarismo de suas duas grandes instituições: as Forças Armadas e a Irmandade Muçulmana. No momento, o diálogo é impossível. A democracia passa pela construção de instituições democráticas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário