Uma delegação parlamentar do Irã iniciou hoje em Damasco uma visita de cinco dias à Síria para manifestar solidariedade ao governo Bachar Assad no momento em que o país espera um bombardeio de mísseis dos Estados Unidos como "punição" pelo uso de armas químicas na guerra civil, noticiou uma agência de notícias iraniana.
A agência oficial de notícias chinesa Nova China descreveu a delegação como um contingente de altos funcionários da inteligência do regime fundamentalista iraniano.
Os Estados Unidos gostariam de aproveitar a guerra civil para romper a aliança entre a Síria e o Irã, o que só aconteceria com a queda do regime liderado por Assad. Mas temem pela participação de grupos fundamentalistas sunitas num futuro governo formado pelos rebeldes.
Assim, pretendem atacar Assad sem derrubá-lo, talvez, na melhor das hipóteses, na esperança de enfraquecer o ditador sírio militarmente, forçando-o a negociar um acordo de paz. O ditador certamente vai aproveitar o ataque para se apresentar como vítima e herói que resistiu aos EUA e a Israel.
No momento, os jihadistas, os rebeldes mais eficientes do ponto de vista militar, seriam os maiores beneficiários do bombardeio americano. Mais do que isso, gostariam envolver os EUA ainda mais e no alastramento da guerra e da anarquia além das fronteiras da Síria.
A Arábia Saudita quer a queda do regime sírio para enfraquecer o Irã, seu maior inimigo na luta pela liderança regional no Oriente Médio.
Os EUA não querem derrubar o governo de Assad. Preferam um ampla negociação de paz com a saída do ditador, mas com participação ativa do regime. Temem um prolongado estado de anarquia ou a formação de um governo ainda pior para seus próprios interesses e para Israel, o que os aproxima do Irã neste caso.
Ao bombardear o governo Assad, os EUA podem estar ajudando os sauditas e os jihadistas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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