“Israel é a única verdadeira democracia no Oriente Médio”, afirmou Netanyahu. “Entre 300 milhões de árabes, os únicos que vivem em plena liberdade são cidadãos de Israel.”
A seguir, ele tratou do problema que considera prioritário para o governo de Israel:
“As armas nucleares do Irã ameaçam não só Israel, ameaçam o próprio Islã. Os EUA devem impedir o Irã de fazer a bomba atômica”, um convite para um ataque contra a república islâmica que pode incendiar a região.
Como sempre, o discurso da direita israelense repete o mesmo bordão; “Israel tem o direito de se defender. Queremos a paz, precisamos de paz. Fizemos acordos históricos com o Egito e a Jordânia. Ninguém em Israel quer o retorno dos dias anteriores a esses acordos. Eu perdi um irmão.”
O chefe de governo israelense negou que seu país seja uma força de ocupação estrangeira: “Não somos como os ingleses na Índia e os belgas no Congo. Esta é a terra de nossos ancestrais. Nenhuma distorção da história pode negar o vínculo do povo judeu com a terra de Israel.”
Numa visão realista, admitiu que “os palestinos dividem o território conosco. Eles devem ter uma vida de liberdade em seu próprio Estado”. Mas, mais uma vez, acusou os palestinos de não quererem a paz: “Seis primeiros-ministros desde os Acordos de Oslo aceitaram a ideia de um Estado palestino. Mas os palestinos ainda não aceitam a existência de Israel. O conflito é sobre a existência de um Estado judaico”.
Em 1947, prosseguiu, “a ONU aprovou a divisão da terra; os palestinos disseram não. Nos últimos anos, vários primeiros-ministros de Israel ofereceram a criação de um Estado palestino em quase todos os territórios ocupados em 1967. Eles preferem perpetuar o conflito, na esperança de um dia inundar Israel com refugiados. Isto precisa acabar”.
Num desafio ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mohamed Abbas, Netanyahu afirmou que “ele deve fazer o que tenho feito, dizer claramente que
que aceita um Estado judaico”. Preferiu ignorar que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na época liderada por Yasser Arafat, reconheceu o direito de existência de Israel em 15 de novembro de 1988, para ser reconhecida pelos EUA”.
Assim, insistiu no discurso de que “Israel deseja assumir os dolorosos compromissos para a paz”, acusando os palestinos de quererem um Estado para destruir Israel”.
Sua visão de um Estado palestino é clara, mas inaceitável para os árabes. O líder da direita israelense defendeu a incorporação de áreas estratégicas e das colônias judaicas a Israel para acomodar as “mudanças demográficas”.
Netanyahu rejeitou o congelamento das colônias instaladas nos territórios árabes ocupados, que são ilegais à luz do direito internacional, que proíbe a guerra de conquista: “O status das colônias só vai ser decidido nas negociações”.
O prmeiro-ministro israelense também voltou a repudiar a proposta do presidente Barack Obama de que as negociações se baseiem nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias: “Israel não vai voltar às fronteiras indefensáveis de 1967.”
Também não aceitou o direito de retorno dos árabes expulsos de suas terras quando da criação de Israel, em 1948: “O Estado palestino deve ser suficientemente grande para ser independente, viável e próspero. Os palestinos devem ter o direito de imigrar para o Estado palestino. O problema demográfico palestino será resolvido dentro de um Estado palestino”.
A ocupação do setor árabe de Jerusalém também é definitiva, na visão de Netanyahu:
“Só um Israel democrático preservou a liberdade de Jerusalém para todas as religiões. Jerusalém jamais será dividida. Vai continuar sendo a capital de Israel. Com criatividade e boa vontade, será possível encontrar uma solução.”
Para defender sua exigência de desmilitarização da Palestina, argumentou que “a única paz viável é aquela que pode ser defendida. Israel saiu do Sul do Líbano e da Faixa de Gaza. O Hamas [Movimento de Resistência Islâmica] e o Hesbolá [milícia fundamentalista xiita libanesa] aproveitaram para disparar 12 mil foguetes contra Israel.
“Se Israel simplesmente abandonar os territórios”, alegou, “o tráfico de armas vai continuar. Todas as casas de Israel poderão ser atacadas. Seus moradores teriam menos de um minuto para procurar abrigos.”
Como um dos menores países do mundo, “Israel precisa de dispositivos de segurança únicos. Nas linhas de 1967, tinha em um ponto apenas 14km de largura. É vital que Israel mantenha uma presença militar no Rio Jordão. Numa região instável, ninguém pode saber se vai continuar tendo parceiros pela paz.”
Isso significa que os palestinos viveriam num país cercado por Israel, já que o Rio Jordão é a fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia. Nenhum país verdadeiramente independente aceitaria isso.
O falcão israelense também advertiu que o reconhecimento da Palestina pela Assembleia Geral da ONU, que deve acontecer em setembro não vai trazer a paz. “Agradeço a declaração do presidente Obama a esse respeito. A paz não pode ser imposta. Tem de ser negociada, mas só pode ser negociada com parceiros comprometidos com a paz. O Hamas não é um parceiro para a paz, continua comprometido com a destruição de Israel. Manda matar os judeus onde estiverem.
“O Hamas condenou a morte de Ben Laden e o elogiou como um guerreiro sagrado”, denunciou. “Israel está disposto a negociar, mas não vai negociar com a versão palestina d’al Caeda. Rompa o acordo com o Hamas, negocie e viva em paz com o Estado de Israel. Israel será o primeiro país a reconhecer a Palestina na ONU.”
Ele sabe que suas exigências são inaceitáveis. Apresenta-as como uma proposta generosa para ganhar tempo e consolidar a ocupação, como seu partido Likud vem fazendo desde a assinatura dos acordo de paz com o Egito, em Camp David, nos EUA, em 1979.
Sua visão de uma Palestina emasculada mereceu 56 aplausos de pé do Congresso dos EUA, mas muito poucos no resto do mundo. É um beco sem saída que só aumenta o isolamento internacional de Israel.
Netanyahu está mais interessado em bombardear o Irã para tentar neutralizar seu programa nuclear do que em resolver a questão palestina, que poderia ser um fator decisivo para desarmar os espíritos num mundo árabe que se democratiza.
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