O presidente Barack Obama concorda com a visão do Egito sobre o processo de paz no Oriente Médio, afirmou ontem a rede de televisão árabe especializada em notícias Al Jazira, do Catar.
Entre os pontos comuns, estariam a congelamento da construção nas colônias israelenses nos territórios árabes ocupados, a libertação de altos dirigentes palestinos presos em Israel e a transferência de responsabilidade sobre a segurança de partes da Cisjordânia de Israel (área B, pelos acordos de paz de Oslo) para a ANP (área A).
Com esses gestos de boa vontade de Israel, seria possível convencer o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a retomar as negociações de paz. No domingo, Abbas esteve no Cairo, onde conversou com o presidente egípcio, Hosni Mubarak.
O governo direitista de Israel teria de concordar com a proposta. É difícil. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu depende de partidos ultraortodoxos como o Shas e ultranacionalistas como Yisrael Beiteinu, que consideram a Cisjordânia parte da terra prometida que Deus teria reservado ao povo judeu.
No momento, apesar da promessa de congelamento, o governo Netanyahu abriu concorrência para a construção de mais 700 apartamentos no setor oriental (árabe) de Jerusalém. Alega que a cidade não é um território ocupado, mas a "eterna e indivisível capital de Israel".
Abbas fica numa situação complicada. Ele promete não voltar a negociar enquanto Israel não congelar totalmente as construções nos territórios ocupados, que são ilegais pelo direito internacional, inclusive em Jerusalém.
Mas Egito e EUA se movimentam para relançar as negociações de paz, e o dirigente máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, acaba de declarar que a reconciliação com a Fatah (Luta), o partido de Abbas, nunca esteve tão próxima.
Com a divisão no momento nacional palestino, Israel alega que fazer a paz com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Abbas, não acaba com a guerra contra o Hamas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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