A vitória do senador estadual Scott Brown sobre a procuradora-geral Martha Coakley na disputa pela vaga aberta com a morte do senador Ted Kennedy azedou a festa do primeiro aniversário do governo Barack Obama neste 20 de janeiro de 2010.
O presente amargo veio do estado de Massachusetts, tradicional reduto do Partido Democrata. Com a vitória de Brown, os democratas perderam a supermaioria de 60 votos que permitia impedir a obstrução sistemática da oposição republicana no Senado.
Sem essa maioria, a própria reforma da saúde para garantir cobertura para todos os americanos, uma das bandeiras de Ted Kennedy e a maior prioridade interna para Obama no primeiro ano. Também será mais difícil endurecer a regulamentação do sistema e metas de combate ao aquecimento global.
Obama festeja um ano com o apoio em queda. Em uma pesquisa da rede de televisão CNN, tem o apoio de apenas 51% do eleitorado. Na pesquisa da rede de televisão CBS e do jornal The New York Times, ficou com 50%.
O primeiro negro a presidir os EUA ganhou o Prêmio Nobel da Paz mais por mudar o discurso de política externa dos governos George W. Bush, colocando a diplomacia à frente do uso da força. Ele retirou as tropas americanas de combate no Iraque, onde o número de mortos foi o menor desde a invasão de 2003, tanto de militares americanos quanto de civis iraquianos.
Enquanto prepara a retirada do Iraque, o presidente aumentou para quase 100 mil o total de soldados americanos no Afeganistão.
Ele não conseguiu cumprir a promessa de fechar em um ano o centro de detenção de suspeitos de terrorismo instalado na base naval de Guantânamo, em Cuba. Vai precisar de mais tempo e enfrentar forte oposição republicana, depois da tentativa de um nigeriano supostamente treinado pela rede terrorista Al Caeda no Iêmen de explodir um avião americano no Natal.
Vários ex-detentos de Guantânamo teriam aderido a Al Caeda na Península Arábia, que reúne extremistas muçulmanos iemenitas e sauditas que fugiram da repressão em seu país.
A economia dos EUA voltou a crescer com o programa de incentivo de US$ 787 bilhões aprovado em fevereiro do ano passado, mas ainda depende de gastos públicos.
O índice de desemprego está em 10%, com 15 milhões de americanos fora do mercado de trabalho. Esse é o maior problema de Obama para as eleições de meio de mandato, em novembro deste ano, quando será renovada toda a Câmara e um terço do Senado.
Obama conseguiu evitar o fracasso total da Conferência de Copenhague. Mas o acordo obtido é frágil e depende de negociações concretas sobre metas de cortes de emissões de gases de efeito estufa.
Com a vitória de Scott Brown, ficará difícil aprovar até mesmo o que o presidente ofereceu em Copenhague. Pior ainda para os democratas, pode ser um prenúncia de mais derrotas nas eleições parlamentares de novembro deste ano, que podem tirar ou reduzir muito a maioria do governo na Câmara e no Senado, complicando os dois últimos anos do primeiro governo Obama.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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