sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Putin anexa 15% da Ucrânia e reduz chance de paz

 Diante de derrotas das forças da Rússia no campo de batalha, o ditador Vladimir Putin dobrou a aposta. Depois de plebiscitos forjados realizados de 23 a 27 de setembro, anexou hoje quatro regiões parcialmente ocupadas (Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson) que representam 15% do território da Ucrânia e voltou a ameaçar com o uso de armas nucleares para defender os territórios ocupados. 

Enquanto elimina na prática as chances de negociações de paz, propôs um cessar-fogo que a Ucrânia e o resto do mundo não tem como aceitar. A guerra entra no momento mais perigoso. O presidente Volodymyr Zelensky declarou que não negocia com Putin, só com o próximo líder russo e pediu oficialmente a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Depois de sete meses, Putin quer acabar logo com a guerra que chama de operação militar especial e está perdendo. Pretendia vencer em uma semana. Está atolado até hoje, com estimativa de 80 mil soldados russos mortos ou feridos. Em setembro, a Ucrânia recuperou 10 mil quilômetros quadrados de território.

Sob pressão, criticado até mesmo por líderes autoritários como os ditadores da China, Xi Jinping, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Putin acelerou a realização dos plebiscitos e ordenou uma mobilização parcial. O Ministério da Defesa russo convocou 300 mil reservistas. 

Há uma fuga em massa de jovens russos de carro e de avião. Isso cria a ameaça de uma revolta interna na Rússia. Além da crescente oposição à guerra, quem é a favor, os ultranacionalistas, estão furiosos com a incompetência na condução da guerra.

Em discurso triunfalista no Salão São Jorge do Grande Palácio do Kremlim, depois de assinar os “tratados de adesão”, Putin afirmou que a anexação foi uma exigência das populações locais de origem russa com base no princípio de autodeterminação dos povos. 

O ditador citou “laços históricos” e um “destino comum”, argumentos que usa para alegar que a Ucrânia é parte da Rússia e nunca foi um país independente. 

Como o primeiro documento da história da Rússia é uma carta do príncipe Vladimir, em 988, adotando o cristianismo como religião oficial do Principado de Kiev num acordo com o Império Bizantino, a Rússia nasceu em Kiev, que Putin chama de “mãe de todas as cidades russas”.

Se a Rússia nasceu em Kiev e Kiev é a capital da Ucrânia, a Ucrânia é parte da Rússia. Hoje a Rússia Kievana é considerada o primeiro estado russo, fundado por vikings no século 9, durou até a invasão Mongol, em 1240, quando Kiev é arrasada. No seu momento de maior extensão, a Rússia Kievana ia do Mar Báltico ao Mar Negro.

Mas Kiev é uma das cidades mais antigas da Europa Oriental. Era um centro comercial no século 5. Teve mais de mil anos de independência da Rússia até o acordo dos cossacos da Ucrânia, que lutavam contra a Comunidade Polaco-Lituana, fizeram o Acordo da Pereslávia em 1654, pedindo proteção ao czar Aleixo I.

A Ucrânia se torna independente depois da Revolução Russa de 1917, mas os bolcheviques tomam o poder, transformam o país numa república soviética. Putin chegou a dizer que a Ucrânia é uma invenção de Vladimir Lenin e Josef Stalin, quando fundaram a União Soviética, em 1922.

Ele prometeu defender as regiões conquistadas numa guerra de agressão “com todos os meios disponíveis”, uma maneira indireta de falar em armas nucleares. Em seguida, foi à festa na Praça Vermelha.

É uma farsa. A Rússia anexou ilegalmente em março de 2014 a Península da Crimeia, um mês depois da queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, aliado de Moscou. Em 6 de abril, daquele começou uma guerra no Leste da Ucrânia insuflada pelo Kremlin. Não havia movimento separatista. É obra de Putin.

Em 2014, os rebeldes aliados de Moscou declaram a independência das províncias de Donetsk e Lugansk. Nos Acordos de Minsk, em 2015, a Rússia negociou com a Alemanha, a França e a Ucrânia a devolução dos territórios à soberania ucraniana em troca de garantias de ampla autonomia.

Três dias antes do início da guerra, Putin reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk. E agora, ou só agora, foram anexadas à Rússia, antes que a contraofensiva da Ucrânia retome grandes áreas da região de Donbass, a bacia do Rio Dom.

Para justificar o fracasso, o ditador russo declara estar combatendo os Estados Unidos e seus aliados, que acusa de querer humilhar, dividir e destruir a Rússia. É um delírio paranoico de um líder armado com bombas atômicas.

Se em 2014, a resposta da sociedade internacional foi com sanções que não abalaram o Kremlin, desta vez, reforça a determinação dos Estados Unidos, do Reino Unido, da União Europeia (UE) e aliados de manter a frente unida de apoio à Ucrânia e rejeitar a anexação dos territórios conquistados em guerra, o que viola a Carta das Nações Unidas. Os EUA e a UE anunciaram novas sanções à Rússia.

A Rússia vetou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a anexação. Dez países (EUA, Albânia, Emirados Árabes Unidos, França, Gana, Irlanda, México, Noruega, Quênia e Reino Unido) votaram a favor e quatro se abstiveram (Brasil, China, Índia e Gabão).

Os plebiscitos foram totalmente ilegais e ilegítimos, convocados em cima da hora, sem tempo para campanha, em zonas ocupadas militarmente. Os ucranianos votaram sob a mira de metralhadoras. Os soldados russos foram de casa em casa. 

Nos plebiscitos de Putin, os votos não são secretos. As cédulas tinham o tamanho de uma folha de papel de ofício. Foram colocadas em urnas transparentes. Os resultados falsificados tiveram em média 87% de votos pela anexação e 99% em Donetsk, o que lembra as eleições forjadas da União Soviética.

Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, Jens Stoltenberg, “é a maior escalada no conflito desde o início da guerra”

Na opinião do historiador e cientista político britânico Anatol Lieven, professor do King’s College de Londres e diretor do Quincy Institute for Responsible Statecraft, há “um fracasso total da estratégia russa na Ucrânia desde a invasão de 24 de fevereiro.” 

Lieven acredita que a convocação dos reservistas demorou porque é uma confissão do fracasso e de que a operação militar especial é uma guerra em grande escala. Uma derrota pode derrubar Putin.

“Se a Ucrânia expulsar a Rússia de Kherson e de grandes áreas de Donbass, a sobrevivência de Putin no poder estará em questão”, prevê o professor britânico.

Ao anexar partes da Ucrânia, o cientista político entende que o ditador russo “abandonou qualquer esperança de paz e está pronto para lutar indefinidamente” porque “esta anexação nunca será aceita pela Ucrânia, pelo Ocidente ou ser parte de qualquer acordo”.

Neste caso, a perspectiva é de uma guerra longa, de anos, ou várias guerras entremeadas por períodos de cessar-fogo sem que se chegue a um acordo de paz definitivo. Anatol Lieven compara com o que acontece há 75 anos na região da Caxemira, disputada entre a Índia e o Paquistão.

Diante de recentes declarações do presidente Joe Biden de que os EUA defenderão Taiwan se a China atacar a ilha que considera uma província rebelde, a China não vai abandonar Putin. Deve aumentar a ajuda militar e financeira à Rússia.

Mas o risco de um golpe contra Putin é cada vez maior, observa Anatol Lieven. Não seria necessariamente violento. Uma comissão de figurões da elite russa iriam ao Kremlin e ofereceriam garantias de imunidade contra processos e confisco de propriedades. Putin iria para sua dacha e teria uma vida tranquila longe dos holofotes, a exemplo do que aconteceu com o líder soviético Nikita Kruschev.

Em troca, os golpistas russos precisariam negociar com o Ocidente a normalização das relações. Uma Rússia enfraquecida econômica e militarmente pode ser mais perigosa porque vai continuar tendo armas nucleares. Lieven compara com a República de Weimar, que governou a Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial até a ascensão do nazismo, em 1933, sob os fantasmas da rendição e da humilhação nacional.

O resultado, na Alemanha, foi Adolf Hitler e a Segunda Guerra Mundial. Agora, mesmo com a queda de Putin, poderia ser um endurecimento da guerra e sua ampliação além das fronteiras da Ucrânia.

A Guerra da Ucrânia ressuscitou os fantasmas da guerra nuclear e de uma Terceira Guerra Mundial. Meu comentário:

Hoje na História do Mundo: 30 de Setembro

PRIMEIRO DEPUTADO HISPÂNICO

    Em 1822, Joseph Marion Hernández é o primeiro hispânico eleito para o Congresso dos Estados Unidos.

Hernández nasce na Espanha e morre em Cuba. Durante a vida, é o primeiro hispano-americano a servir no alto nível de um dos três poderes dos EUA.

WILSON DEFENDE VOTO FEMININO

    Em 1918, o presidente Woodrow Wilson defende o voto feminino em discurso no Congresso dos Estados Unidos.

A Câmara dos Representantes aprova a 19ª Emenda à Constituição dos EUA, que institui o voto feminino, mas ainda falta a aprovação do Senado.

Em 1917, Wilson enfrenta piquetes de sufragettes que o acusam de não se importar com sua causa. Várias ativistas são presas e fazem greve de fome na cadeia. Quando sabe que elas estão sendo alimentadas à força, Wilson decide fazer o pronunciamento.

Mesmo assim, a emenda só é aprovada em 4 de junho de 1919. Ela diz que “o direito de voto dos cidadãos dos EUA não pode ser negado ou restringido com base no sexo.”

ACORDO DE MUNIQUE

    Em 1938, os primeiros-ministros do Reino Unido, Neville Chamberlain, e da França, Edouard Baladier, cedem a região dos Sudetos, na Tcheco-Eslováquia, à Alemanha de Adolf Hitler para evitar a guerra, mas só conseguem adiar por um ano.

Depois de anexar a Áustria, na primavera de 1938, Hitler começou a apoiar a reivindicação dos tcheco-eslovacos de origem alemã da região dos Sudetos por relações mais próximas com a Alemanha, dentro de seus planos para criar a Grande Alemanha.

Hitler exige, em 22 de setembro, a cessão imediata dos Sudetes e a remoção da população de origem eslava. No dia seguinte, a Tcheco-Eslováquia mobiliza o Exército, mas a França e o Reino Unido decidem evitar a guerra.

Chamberlain e Baladier vão a Munique em 24 de setembro e acabam entregando os Sudetos a Hitler. De volta a Londres, Chamberlain apresenta o Acordo de Munique como uma garantia de “paz no nosso temopo”.

Em março de 1939, a Alemanha toma o resto da Tcheco-Eslováquia. A invasão da Polônia pelos nazistas, em 1º de setembro de 1939, marca o início da Segunda Guerra Mundial. Mais uma vez, Hitler alega que as populações de origem alemã estão sendo perseguidas. Desta, a França e o Reino Unido declaram guerra à Alemanha.

PONTE AÉREA DE BERLIM

    Em 1949, depois de mais de 278 mil voos em um ano e três meses, termina a Ponte Aérea dos aliados ocidentais para romper o Bloqueio de Berlim Ocidental, imposto pelo ditador soviético Josef Stalin em 24 de junho de 1948.

Quando termina a Segunda Guerra Mundial (1939-45), os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a União Soviética ocupam a Alemanha. Os setores dominados pelas potências ocidentais adotam o sistema capitalista e a parte soviética o regime comunista.

Berlim, a capital da Alemanha também é dividida e fica dentro do lado oriental. Berlim Ocidental se torna então um enclave capitalista no setor soviético. Ao bloquear o acesso terrestre à cidade, Stalin pressiona os aliados ocidentais a ceder o controle da cidade, mas perde a parada.

Em resposta ao Bloqueio de Berlim, nasce em 4 de abril de 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar liderada pelos EUA, para conter o expansionismo soviético.

NAUTILUS ENTRA EM AÇÃO

    Em 1954, o Nautilus, primeiro submarino nuclear, entra em atividade.

O Congresso dos Estados Unidos autoriza a fabricação do submarino nuclear em julho de 1951. A construção começa em 14 de junho de 1952 no estaleiro da General Eletric em Connecticut. 

Em 21 de janeiro de 1954, a primeira-dama Mamie Eisenhower quebra uma garrafa de champanha no casco e o Nautilus é lançado ao mar.

Muito maior do que os antigos submarinos movidos a óleo diesel, o Nautilus tem 97 metros de comprimento e atinge uma velocidade de 37 quilômetros por hora. Em 1958, faz a primeira viagem sob o Polo Norte.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 29 de Setembro

 DIVISÃO DA POLÔNIA

    Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha e a União Soviética dividem a Polônia ao longo o Rio Bug, dando prosseguimento ao Pacto Germano-Soviético, firmado em 23 de agosto.

A Polônia é dividida no século 18 entre o Reino da Prússia, o Império Russo e o Império Austro-Húngaro. Só recupera a independência em 1918, no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Depois da divisão entre Adolf Hitler e Joseph Stalin, volta a ser um país independente em 1945. Antes, em abril e maio de 1940, a polícia política soviética NKVD executa 22 mil militares, policiais, altos funcionários e líderes civis poloneses no Massacre da Floresta de Katyn.

Quando as covas rasas são descobertas, em 1943, a URSS acusa os nazistas. Só em 1990, na Era Mikhail Gorbachev (1985-91), a URSS reconhece a responsabilidade pelo massacre.

MASSACRE DE BABI YAR

    Em 1941, começa nos arredores de Kiev, a capital da Ucrânia, o Massacre de Babi Yar, em que os nazistas matam 33.771 homens, mulheres e crianças judias durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

O Exército da Alemanha ocupa Kiev em 19 de setembro. Logo, a SS (Schuzstaffel), tropa de choque do regime nazista, começa a cumprir a ordem de exterminar todos os judeus e os oficiais do regime comunista soviético.

Nesta data, 30 mil pessoas são levadas para a ravina de Babi Yar, obrigadas a tirar a roupa e metralhadas. O massacre é concluído no dia seguinte.

Cerca de 6 milhões de judeus e 1,5 milhão de ciganos, além de comunistas, socialistas, oposicionistas, negros, gays e deficientes morrem no Holocausto, num total estimado em 11 milhões de pessoas.

SOLTA REPÓRTER DO PLAMEGATE

    Em 2005, a repórter Judih Miller, do jornal The New York Times, sai da prisão federal de Alexandria, na Virgínia, depois de 2 meses e 23 dias, por concordar em testemunhar no inquérito sobre a revelação de identidade da agente da CIA (Agência Central de Inteligência) Valerie Plame.

Miller decide falar depois que a fonte que estava protegendo, Lewis Scooter Libby, chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, a autoriza.

O Caso Plame começa em 6 de julho de 2003, quando o marido dela, o diplomata Joseph Wilson, publica artigo no New York Times contestando o principal argumento do governo George W. Bush (2001-9) para justificar a invasão do Iraque em março de 2003, que o ditador Saddam Hussein tria armadas de destruição em massa.

Oito dias depois, em 14 de julho, a identidade de Plame é revelada, o que é crimes nos Estados Unidos por se tratar de uma agente secreta. Wilson vê no ato um retaliação da Casa Branca. Miller fala com Libby dias antes, mas se nega a revelar a fonte aos investigadores com base numa regra de ouro do jornalismo.

Libby é condenado em 6 de março de 2007 e sentenciado em junho do mesmo ano a dois anos e meio de prisão e US$ 250 mil de multa. Mas o presidente Bush comuta a pena e ele não chega a ser preso. Miller deixa o NY Times depois de 28 anos.

QUEDA RECORDE EM WALL STREET

    Em 2008, durante a Grande Recessão (2008-9), o Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, sofre a maior queda em pontos da história (777,68) quando o Congresso não aprova o Programa de Alívio de Ativos Tóxicos (TARP), o plano de resgate do sistema financeiro, abalado desde 15 de setembro pela falência do banco de investimentos Lehman Brothers, no valor de US$ 750 bilhões.

O resgate do sistema financeiro é aprovado e a maior parte é devolvida ao governo pelas empresas financeiras com a recuperação do setor.

Depois da posse de Barack Obama, o Congresso aprova um plano de recuperação da economia de US$ 787 bilhões. A maior economia do mundo volta a crescer no segundo semestre de 2009 e segue em alta até ser abalada pela pandemia do coronavírus. O desemprego chega a um pico de 10% e cai até a pandemia.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 28 de Setembro

 CONQUISTA NORMANDA

    Em 1066, Guilherme, o Conquistador, Duque da Normandia, invade a Inglaterra, iniciando uma nova era na história do país depois de vencer o rei Haroldo II na Batalha de Hastings, em 14 de outubro, com a ajuda de arqueiros e cavalaria, armas de guerra decisivas na Idade Média.

Guilherme é filho bastardo de Roberto I, Duque da Normandia. Como não tem outros filhos, o duque o nomeia sucessor. Com a morte do pai, em 1035, aos sete anos, Guilherme vira Duque da Normandia.

Em 1051, ele teria visitado o rei Eduardo, o Confessor, seu primo, que não tinha filhos e teria lhe prometido o trono da Inglaterra. Mas, no seu leito de morte, Eduardo muda de ideia e oferece o trono a Haroldo Godwinson, filho da família mais nobre da Inglaterra, mais poderoso do que o próprio rei.

Quando Eduardo morre e Haroldo é proclamado sucessor, Guilherme não aceita e prepara a invasão. Haroldo II também enfrenta o rei Haroldo III, da Noruega, e o próprio irmão, Tostigo, que unem forças e invadem a Inglaterra vindo da Escócia.

Haroldo II vence e mata os dois na Batalha de Stamford Bridge, em 25 de setembro. Ao fazer isso, deixa desguarnecido o Canal da Mancha. Três dias depois, Guilherme desembarca em Pevensey com 7 a 12 mil homens, a metade arqueiros e cavaleiros.

Então, Haroldo marcha para o Sul com um exército de 5 a 13 mil homens, quase todos soldados de infantaria. A Batalha de Hastings começa às nove da manhã e vai até o anoitecer. A morte de Haroldo II sela a derrota dos anglo-saxões. Estima-se que tenham morrido 2 mil homens de cada lado. Nunca mais um anglo-saxão ocupou o trono da Inglaterra.

Guilherme I é coroado no Natal de 1066 na Abadia de Westminster, dando início à Dinastia Normanda. A Conquista Normanda é consolidada com a expropriação das terras dos ingleses, entregue a seus aliados do continente, e o expurgo dos ingleses da Igreja e de altos cargos governamentais. Muitos anglo-saxões fogem para a Escócia, a Irlanda e a Escandinávia.

A língua inglesa, uma mistura do francês antigo, do latim e de línguas germânicas dos anglo-saxões, é um fruto da Conquista Normanda.

Outra consequência foi a formação de um reino que ia da Inglaterra à Normandia, no Norte da França, e que mais tarde incluiria a Aquitânia, levando o rei da Inglaterra a reivindicar várias vezes a coroa francesa, como na Guerra dos Cem Anos (1337-1453).

Só em 1801, no início da era de Napoleão Bonaparte, o então Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda abre mão da reivindicação de soberania sobre a França, inclusive porque o imperador da França poderia reivindicar a coroa britânica. Napoleão só não invade a Inglaterra porque a Marinha Real britânica sob o comando do almirante Horácio Nelson vence os franceses nas batalhas de Abukir (1799) e Trafalgar (1805).

LEI DO VENTRE LIVRE

    Em 1871, o Senado aprova e entra em vigor no Brasil a Lei do Ventre Livre, que dá liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir desta data, dentro do movimento pela abolição da escravatura.

Mais de 5 milhões de africanos são trazidos para o Brasil como escravos desde o século 16. Com a Revolução Industrial, em 1807, o Reino Unido abole a escravidão (em 1833 nas colônias) porque a indústria precisa de consumidores e começa a pressionar outros países a fazer o mesmo.

O Brasil proíbe o tráfico de escravos em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós. No mesmo ano, o deputado cearense Silva Guimarães apresenta um projeto para libertar as crianças filhas de escravos, mas a proposta é rejeitada.

Em 1866, o Visconde de São Vicente propõe cinco projetos que o Conselho de Estado unifica as propostas no que seria a base da Lei do Ventre Livre, mas a Guerra do Paraguai (1864-70) atrasa a tramitação. 

O projeto volta à pauta do Congresso em 1871. Também é chamado de Lei Rio Branco, por ter sido aprovada sob o primeiro-ministro José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, pai do Barão do Rio Branco, o mais importante ministro das Relações Exteriores do Brasil.

FIDEL DEIXA CUBANOS SAÍREM

    Em 1965, o ditador Fidel Castro anuncia que todos os cubanos quiserem sair do país são livres para fazer isso. deflagrando uma onda migratória em que centenas de milhares vão de Cuba para a Flórida.

A revolução toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959, depois de anos de luta contra a ditadura de Fulgencio Batista, apoiada pelos Estados Unidos, que apoiam a fracassada tentativa de invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1961, e impõe um embargo econômico a Cuba.

Na Crise dos Mísseis em Cuba, em outubro de 1962, os EUA reagem à tentativa da União Soviética de instalar mísseis nucleares na ilha. O mundo nunca esteve tão perto de uma guerra nuclear. Em troca da retirada dos mísseis, os EUA fazem um acordo tácito para não invadir Cuba.

DEGELO DO ÁRTICO

    Em 2018, o navio de carga Venta Maersk chega a São Petersburgo, na Rússia Europeia, mais de um mês depois de sair de Vladivostok, no extremo leste do país, viajando por uma rota aberta no Polo Norte pelo degelo do Oceano Ártico.

Antes da redução da calota polar ártica pelo aquecimento global, a viagem era feita contornando o Sudeste Asiático, e atravessando o Oceano Índico para cruzar o Canal de Suez e o Mar Mediterrâneo até chegar ao Oceano Atlântico. 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 27 de Setembro

 COMPANHIA DE JESUS

    Em 1540, o papa Paulo III dá a Inácio de Loyola a carta reconhecendo a criação da Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, que teria um papel fundamental na Contrarreforma, a reação da Igreja Católica à Reforma Protestante, e na colonização da América Latina.

Inácio de Loyola, um ex-soldado do Exército da Espanha, funda o movimento em agosto de 1534 com seis estudantes. Eles fazem votos de castidade e pobreza, e fazem planos para converter os muçulmanos.

Como na Terra Santa o Império Bizantino está em guerra com o Império Otomano, sem poder chegar em Jerusalém, Inácio de Loyola vai a Roma e pede autorização ao papa para criar a ordem.

Logo, os jesuítas vão para a América Latina, onde fundam São Paulo e criam a chamada República Comunista Cristã dos Guaranis, para o Congo, a Etiópia e a Índia. Santo Inácio de Loyola é canonizado.

PAZ AMERICANA

    Em 1779, durante a Guerra da Independência (1775-83), o Congresso Continental nomeia John Adams, que seria o segundo presidente dos Estados Unidos (1797-1801), como ministro plenipotenciário para ir à França negociar tratados de paz e de comércio com o Império Britânico.

A guerra começa em abril de 1775 sem o objetivo de proclamar a independência, o que acontece em 4 de julho de 1776. Até então, era uma guerra civil dentro do Império Britânico, com os colonos americanos reivindicando mais direitos.

O navio de Adams não chega a Brest, na França. Aporta em El Ferrol, no Noroeste da Espanha. Os americanos atravessam os Montes Pirineus no lombo de mulas e chegam a Paris em fevereiro de 1780. O Tratado de Paris, reconhecendo a independência dos EUA, é assinado em 3 de setembro de 1783.

RENDIÇÃO DA POLÔNIA

    Em 1939, a Polônia se rende à Alemanha Nazista, que prende 140 mil militares poloneses e começa uma campanha de terror contra a elite do país, executando empresários, fazendeiros, médicos e intelectuais na chamada Ação Extraordinária de Pacificação.

Numa única diocese, 214 padres são mortos porque os nazistas temem que a Igreja Católica seja um foco de resistência. A perseguição aos judeus leva à instalação do campo de concentração de Auschwitz num antigo quartel do Exército da Polônia. É o maior centro de extermínio do Holocausto, onde morreram 1,5 milhão de pessoas.

EIXO DO MAL

    Em 1940, a Alemanha Nazista e a Itália Fascista assinam o pacto tripartite com o Império do Japão, formando o Eixo, que se opõe aos aliados (Reino Unido e depois Estados Unidos e União Soviética) na Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Os objetivos do Eixo são a expansão territorial, com a formação de impérios com base na conquista militar, acabar com a ordem mundial pós-Primeira Guerra Mundial e com o comunismo soviético.

Em 1º de novembro de 1936, uma semana depois de firmar um tratado de amizade, a Alemanha e a Itália anunciam a criação do Eixo Roma-Berlim. 

Em 25 de novembro de 1936, a Alemanha nazista e o Japão imperial assinam o Pacto Anti-Internacional Comunista (Comintern) em oposição à URSS. A Itália adere em 6 de novembro de 1937. 

Em 22 de maio de 1939, a Alemanha e a Itália firmam um tratado conhecido como Pacto de Aço, formalizando a aliança do Eixo através de provisões militares. 

Depois do início da guerra, em 27 de setembro de 1940, a Alemanha, a Itália e o Japão assinam o Pacto Tripartite, mais conhecido como o Eixo.

PRIMAVERA EM SILÊNCIO

    Em 1962, Rachel Carson lança o livro Primavera Silenciosa, um marco do início do movimento ecológico nos Estados Unidos, publicado inicialmente na revista The New Yorker, para alertar sobre o impacto dos agrotóxicos sobre a natureza.

Carson conclui um mestrado em zoologia na Universidade Johns Hopkins em 1932. Nas próximas décadas, pesquisa os ecossistemas da Costa Oeste.

No fim dos anos 1950, manifesta preocupação com a ação pesticidas sobre o ambiente natural. A Sociedade Audubon lhe pede então que escreva um livro com foco principal no DDT.

A indústria química reage com dureza, acusando-a se ser "uma defensora fanática do culto do equilíbrio da natureza" e "provavelmente comunista". Ela morre de câncer dois anos depois da publicação do livro.

Os EUA criam a Agência de Proteção Ambiental em 1970 e o DDT começa a deixar de ser usado a partir de 1972.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 26 de Setembro

  DRAKE COMPLETA VOLTA AO MUNDO

    Em 1580, ao ancorar em Plymouth, na Inglaterra, o navegador e corsário inglês Francis Drake se torna o primeiro comandante a completar a volta ao mundo, já que o português Fernão de Magalhães morreu nas Filipinas na primeira viagem de circunavegação da Terra, completada por seu subcomandante, Juan Sebastián Elcano.

Drake sai da Inglaterra em 13 de dezembro de 1577 para saquear colônias da Espanha no Oceano Pacífico. Dos cinco navios, só um, o Golden Hind, atravessa o Estreito de Magalhães, ataca as colônias espanholas da América do Sul e segue rumo à América do Norte em busca de uma passagem norte para voltar ao Oceano Atlântico.

Golden Hind vai até a altura de onde fica hoje o estado de Washington, nos Estados Unidos, e antes de atravessar o Pacífico para perto da Baía de São Francisco para reparos. Drake chama o local de Nova Albion. É o primeiro a reivindicar para a coroa da Inglaterra a soberania sobre o que é hoje parte dos EUA.

Ao visitar seu navio em 1581, a rainha Elizabeth I o ordena cavaleiro. Drake seria um dos comandantes responsáveis pela vitória sobre a Armada Invencível da Espanha, em 1588.

PRIMEIRO DEBATE PRESIDENCIAL NA TV

    Em 1960, o senador John Kennedy e o vice-presidente Richard Nixon fazem em Chicago o primeiro debate na televisão de dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos. 

Kennedy é considerado vencedor por ficar mais a vontade diante das câmeras, enquanto Nixon não usa maquiagem e parece nervoso. 

O sociólogo canadense Marshall McLuhan, o papa da comunicação, observa que Kennedy parecia o xerife simpático e bonachão de uma pequena cidade do interior, enquanto Nixon agia como o advogado da companhia ferroviária que vai ferrar a cidade.

Nixon teria saído um pouco melhor no segundo e no terceiro debates. O quarto e último é em 21 de outubro.

Em 8 de novembro, JFK vence a eleição com 34.220.984 votos (49,7%) contra 34.108.157 (49,6%) de Nixon e por 303-219 no Colégio Eleitoral.

Com o assassinato de Kennedy, em 22 de novembro de 1963, assume a Presidência o vice-presidente Lyndon Johnson, que se nega a debater na TV na eleição de 1964. 

Por causa de sua impopularidade causada pela Guerra do Vietnã, Johnson desiste de disputar a reeleição em 1968.  O favorito é Robert Kennedy, baleado mortalmente em 5 de junho, no dia em que garante a indicação ao vencer a eleição primária da Califórnia.

Nixon é o candidato do Partido Republicano e se nega a debater com o democrata Hubert Humphrey. Os debates voltam em 1976, quando Gerald Ford, o único presidente não eleito (é presidente da Câmara quando Nixon renuncia), perde a reeleição para o ex-governador da Geórgia Jimmy Carter.

domingo, 25 de setembro de 2022

Ultradireita vence e vai governar Itália pela primeira vez no pós-guerra

 A aliança entre direita e extrema direita venceu as eleições parlamentares deste domingo e deve formar o primeiro governo de ultradireita na Itália desde o ditador Benito Mussolini (1922-43), que tomou o poder há 100 anos e levou o país ao desastre na Segunda Guerra Mundial (1939-45). 

A nova chefe de governo deve ser Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália (FdI, em italiano). Será a primeira mulher a governar o país.

No fim da apuração, o pós-fascista FdI, a neofascista Liga, liderada por Matteo Salvini, e a conservadora Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, somaram 44% dos votos.

A abstenção foi recorde: 36%. Os FdI receberam 26% dos votos; em 2018, tiveram 4,4%. Tomou votos de seus aliados, que apoiavam o governo atual, que fica interinamente no poder até a posse do novo governo.

Em segundo lugar, com 19%, ficou o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, liderado pelo ex-primeiro-ministro Enrico Letta, que não conseguiu formar uma ampla coligação. Era o maior partido de sustentação do governo do primeiro-ministro Mario Draghi, um ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), que salvou a moeda comum europeia na Crise do Euro e governa a Itália desde 13 de fevereiro de 2021.

Leia mais em Quarentena News e veja mais no meu canal no YouTube, Meu comentário:

Mulheres desafiam ditadura dos aiatolás no Irã

 Pelo menos 50 pessoas morreram em uma semana de uma revolta popular liderada por mulheres jovens contra a ditadura teocrática da República Islâmica do Irã, fundada em 1979 pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Elas estão cortando o cabelo, queimando o véu islâmico (hijab) e mostrando a cabeleira nua num desafio à “polícia da moralidade”.

A luta tem uma mártir. Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos da região curda do Nordeste do Irã, visitava parentes na capital, Teerã, em 13 de setembro, quando foi presa da polícia religiosa, a polícia de costumes, por estar com o véu mal colocado, mostrando um pouco do cabelo.

Ela foi abordada numa saída do metrô. Estava com o irmão, que explicou eles eram do interior. Mahsa foi para a delegacia para ser “educada” sobre a maneira correta de usar o hijab.

Sua morte, no dia 16, num hospital de Teerã, depois de três dias de coma com lesões no crânio causadas por tortura, deflagraram a onda de protestos. É a maior desde que mais de 1,5 mil pessoas morreram em 2019 e 2020 em choques com a polícia durante manifestações contra uma alta nos preços dos combustíveis.

No túmulo, na cidade de Sakez, na região curda, está escrito: “Querida Ihina [nome curdo], você não morreu. Seu nome se tornou um símbolo.”

Multidões tomaram as ruas de cidades de 16 das 31 províncias iranianas e no exterior aos gritos de “morte ao ditador”, o aiatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini como Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica.

Nas ruas e na Internet, mulheres iranianas estão cortando o cabelo, queimando o hijab e saindo à rua sem véu. Uma das líderes do movimento é Masih Alinejad, uma exilada iraniana que mora em Nova York sob a proteção do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos. 

Há anos, ela estimula as iranianas a se rebelar contra o véu e mostrar na rede. Agora publicou um vídeo de Teerã onde uma manifestante diz: “Nosso sonho se tornar realidade. Finalmente, estamos queimando na rua o símbolo da nossa opressão.”

Elemento central da ideologia do regime fundamentalista xiita, o hijab cristaliza a vida insuportável da mulher iraniana, que ficou ainda pior com a eleição para presidente, em junho de 2021, do ultraconservador Ebrahim Raissi, ex-presidente do Supremo Tribunal do Irã.

O novo governo restringiu os métodos anticoncepcionais sob o pretexto de estimular a natalidade. Todo protesto, dos diretos da mulher à questão do meio ambiente, enfrenta uma dura repressão.

Para conter a revolta, além da repressão violenta, a partir de 19 de setembro, a ditadura dos aiatolás e da Guarda Revolucionária cortou a Internet em várias regiões do Irã. Desde o dia 21, aplicativos como WhatsApp e Instagram estão bloqueados por “razões de segurança nacional”.

Alguns dias atrás, Alinejad escreveu no Twitter: “Nós, mulheres do Irã, tiramos o véu e cantamos contra a ditadura religiosa com risco de prisão e morte, mas temos um sonho: queremos nos livrar do regime islâmico.”

Hoje na História do Mundo: 25 de Setembro

 CONGRESSO APROVA DIREITOS FUNDAMENTAIS

    Em 1789, o Congresso aprova as 12 primeira emendas à Constituição dos Estados Unidos, inspiradas pela Lei de Direitos de 1689 na Inglaterra e consideradas em conjunto uma declaração de direitos fundamentais: liberdade de imprensa, liberdade religiosa, liberdade de associação, direito de processar o Estado, direito de portar armas, direito de ficar em silêncio para não se incriminar, entre outros.

Como a Constituição exige ratificação por 75% dos estados, as emendas são encaminhadas para ratificação, processo concluído em dezembro de 1791. Duas emendas não são ratificadas.

Emenda nº 1 (liberdade de religião, de expressão, de imprensa, de associação e de processar o governo): “O Congresso não legislará a respeito do estabelecimento de uma religião, ou proibindo seu livre exercício; ou abreviando a liberdade de expressão ou de imprensa; ou do direito de associação para fins pacíficos, e de peticionar o governo para reparar danos.”

Emenda nº 2 (direito de portar armas): “Uma milícia bem regulada, sendo necessária para a segurança de um Estado livre, e o direito das pessoas que possuir e portar armas, não devem ser penalizadas.

Emenda nº 3 (abrigo a soldados): “Nenhum soldado deve, em tempo de paz, ser aquartelado em nenhuma casa sem o consentimento do dono, nem em tempo de guerra, a não ser em maneira prevista em lei.

Emenda nº 4 (mandados de busca e prisão): “O direito das pessoas à proteção pessoal, de suas casas, documentos e bens contra buscas e apreensões irrazoáveis não deve ser violado, e nenhum mandado deve ser emitido sem uma causa provável, apoiada por um juramento ou afirmação, e especialmente descrevendo o local a ser revistado e as pessoas e coisas a serem apreendidas.

Emenda nº 5 (direitos em casos criminais): “Nenhuma pessoa deve responder por um crime capital, ou infame de outra sorte, a não ser na presença ou sob denúncia de um Grande Júri, à exceção de casos surgidos nas forças terrestres ou navais, ou numa milícia, quando em serviço em tempo de guerra ou diante de grave ameaça; nenhuma pessoa deve ser julgada duas vezes pela mesma ofensa; nem deve ser compelida em nenhum processo criminal a ser testemunha contra si mesma, nem privada de sua vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo legal; nem a propriedade privada deve ser tomada para uso público sem a devida compensação.

Emenda nº 6 (direito a um julgamento justo): “Em processos criminais, o acusado deve ter direito a um julgamento público e rápido, por um júri estadual ou distrital onde o crime foi cometido, distrito previamente definido por lei, e de ser informado sobre a natureza e a causa da acusação; de ser confrontando com as testemunhas contra ele; de apresentar testemunhas em seu favor, e de ter a assistência de um advogado de defesa.

Emenda nº 7 (direitos em casos civis): “Em casos de direito consuetudinário onde o valor da controvérsia exceda vinte dólares, o direito de julgamento por júri deve ser preservado, e nenhum caso julgado por júri deverá ser reexaminado por qualquer tribunal dos EUA, a não ser nos termos da lei.

Emenda nº 8 (fiança, multas e punições): “Não devem ser exigidas finanças excessivas, nem impostas multas excessivas, nem infligidas punições cruéis e incomuns.

Emenda nº 9 (direitos devidos ao povo): “A enumeração de certos direitos pela Constituição não deve ser interpretada para negar ou depreciar outros direitos devidos ao povo.”

Emenda nº 10 (poderes dos estados e do povo): “Os poderes não delegados aos EUA, nem proibidos aos estados, estão reservados respectivamente aos estados ou ao povo.”

CÚPULA EUA-URSS

    Em 1959, durante a Guerra Fria, no fim de uma visita aos Estados Unidos, o líder da União Soviética, Nikita Kruschev (1954-64), faz uma reunião de dois dias com o presidente Dwight Eisenhower (1953-61). 

Os dois dirigentes se entendem sobre uma série de questões, mas a espionagem e o abate de um avião-espião americano U-2, em maio de 1960, acabam com a esperança de melhora nas relações entre as duas superpotências.

Os EUA e a URSS chegariam ao momento mais tenso e perigoso de 14 a 27 de outubro de 1962, na Crise dos Mísseis em Cuba, quando o governo John Kennedy (1961-63) impõe um bloqueio aeronaval à ilha e ameaça invadir o país para impedir a instalação de mísseis nucleares soviéticos.

Os mísseis só foram descobertos por um U-2 porque estavam expostos antes da instalação do sistema de defesa antiaérea que permitiria derrubar o avião-espião. Em 27 de outubro, quando a URSS cede e Kruschev faz um acordo com Kennedy, Cuba derruba um U-2, mas a crise está desarmada. 

IRA SE DESARMA

    Em 2005, sete anos depois do Acordo de Paz na Sexta-Feira Santa e dois dois anos depois de anunciar a intenção de se desarmar, o Exército Republicano Irlandês (IRA) entrega armas escondidas em locais secretos a uma comissão independente de desarmamento.

Quando a Irlanda se tornou independente do Reino Unido, em 1922, seis condados da Província do Úlster continuaram sob o domínio britânico. O IRA, fundado em 1917, manteve a determinação de lutar pela libertação total e a reunificação do país.

A discriminação dos católicos, republicanos e nacionalistas irlandeses na Irlanda do Norte pega fogo nos anos 1960. Com o aumento da agitação social e da violência política, o Exército Real britânico intervém na Irlanda do Norte em agosto de 1969.

O IRA então se divide e o IRA provisório volta à luta armada, iniciando a guerra civil na Irlanda do Norte, que mataria 3,5 mil pessoas nos próximos 30 anos. A demora em entregar as armas depois do acordo de 1998 atrasou a implementação do plano de paz.

sábado, 24 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 24 de Setembro

 MAOMÉ COMPLETA A HÉGIRA

    Em 622, o profeta Maomé completa a Hégira, a fuga de Meca para Medina, na Arábia, numa distância de cerca de 500 quilômetros que ele percorreu em 12 dias. É o marco da fundação do islamismo, o ano 1 do calendário da segunda maior religião da humanidade, com 1,8 bilhões de fiéis, depois do cristianismo, com 2,3 bilhões.

Maomé nasce em 570. Com a morte do pai antes dele nascer, da mãe aos 6 anos e de um avô aos 8, é criado por um tio, Abu Talib. Já adulto, de tempos em tempos vai para uma caverna no Monte Hira, perto de Meca. Em 610, tem uma visão do arcanjo Gabriel, que anuncia que o profeta "é um mensageiro de Deus".

Começa uma série de revelações que inclui o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, a palavra de Deus, supostamente ditada a Maomé pelo anjo Gabriel. Ele se considera o último profeta da tradição judaico-cristã e pega elementos destas religiões para criar a sua. Em 615, Maomé tem 100 seguidores. Suas críticas morais e a doutrina monoteísta incomodam.

Quando o tio morre, em 619, Maomé, já está sendo perseguido. Em 622, um grande grupo de convertidos de Medina vai a Meca para defender o profeta. Ele recomenda aos seguidores que voltem a Medina em pequenos grupos. 

Ao saber que os muçulmanos estão indo para Medina, as autoridades de Meca tentam matar o profeta, que foge. Em Medina, Maomé organiza a religião e a comunidade de seguidores.

Como a Arábia do século 7 vivia em estado de anarquia, o islamismo é uma religião com um projeto político, principalmente de propagar a fé. Um século depois da morte de Maomé, o islamismo dominava a Península Arábica, o Norte da África e a Península Ibérica.

CRIADA SUPREMA CORTE

    Em 1789, o presidente George Washington sanciona a Lei Judiciária aprovada pelo Congresso, criando a Suprema Corte dos Estados Unidos, inicialmente com seis juízes que serviriam até a morte ou aposentadoria, não podendo ser afastados, a não ser em processo de impeachment.

Dois dias depois, o Senado aprova as nomeações. A primeira sessão da Corte é realizada em 1º de fevereiro de 1790, em Nova York.

O Art. 3 da Constituição dos EUA dá à Suprema Corte o papel de guardiã das leis, especialmente quando há questões constitucionais. Em 1805, fica estabelecido que cabe à Corte interpretar a Constituição. Desde 1869, tem nove ministros.

BULGÁRIA PEDE TRÉGUA AOS ALIADOS

    Em 1918, a Bulgária propõe um cessar-fogo aos aliados (Estados Unidos, França, Reino Unido e Sérvia) para encerrar sua participação na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

No início da guerra, os dois lados cortejam a Bulgária, que adere às Potências Centrais da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e entra no conflito em outubro de 1915.

As negociações de paz começam em 28 de setembro de 1918. No dia seguinte, a Bulgária sai da guerra, depois de perder 80 mil homens.

MAPEANDO PEARL HARBOR

    Em 1941, o Japão instrui seu cônsul no Havaí a dividir o porto de Pearl Harbor em cinco zonas e calcular o número de navios de guerra presentes em cada uma para preparar o bombardeio aéreo realizado em 7 de dezembro, que levou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Depois que o Japão invade a Indochina, os EUA congelam todos os bens japoneses em território americano e fecham o Canal do Panamá a navios japoneses. Os americanos interceptam a mensagem do cônsul, mas ela é enviada de navio a Washington. Quando é recebida capital, é considerada irrelevante.

BEN JOHNSON CONQUISTA OURO

    Em 1988, na Olimpíada de Seul, o velocista jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson ganha a prova de 100 metros rasos com tempo recorde de 9,79 segundos, mas perde a medalha de ouro três dias depois ao ser flagrado por doping.

Terceiro colocado na Olimpíada de Los Angeles, em 1984 com 10,22 seg, Johnson ganha o Campeonato Mundial de Atletismo em 1987 com o tempo de 9,83 seg, um décimo à frente do americano Carl Lewis, vencedor em LA.

Na seletiva para formar a equipe dos EUA, Lewis bate o recorde mundial, com 9,78seg, mas a marca não é homologada por causa do vento forte. Com a desclassificação de Johnson, Lewis fica com mais uma medalha de ouro.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 23 de Setembro

 BILLY THE KID PRESO

    Em 1875, Billy the Kid, um dos mais famosos pistoleiros do Faroeste dos Estados Unidos, é preso pela primeira vez por furtar roupas de uma lavanderia.

Ele foge da cadeia e vira uma lenda no Velho Oeste, onde ganha a reputação de marginal e assassinado, acusado por 21 homicídios.

William Henry McCarty nasce por volta de 1860 em Indiana ou Nova York. Não se sabe ao certo nem quando nem onde. Ele não se relacionava com o pai. Morou com a mãe em Indiana, no Kansas, no Colorado e no Novo México.

Depois de morte da mãe, em 1864, começa uma vida de crimes que termina em 14 de julho de 1881, quando o xerife Pat Garrett o mata em Forte Summer, no Novo México.

TERCEIRA ELEIÇÃO DE PERÓN

    Em 1973, 18 anos depois de ser deposto por um golpe militar e fugido da Argentina e três meses depois de voltar ao país, com 62% dos votos, aos 67 anos, o general e líder populista Juan Domingo Perón é eleito presidente pela terceira vez, com sua terceira mulher, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita, como vice-presidente.

O caos que tomava conta da Argentina ficou evidente Batalha de Ezeiza, quando grupos armados da direita e da esquerda peronistas se enfrentaram no aeroporto internacional de Buenos Aires, com 13 mortes, no dia da chegada do caudilho, 20 de junho de 1973.

No peronismo, cabiam correntes ideológicas da Aliança Anticomunista Argentina (AAA), a temida Triple A, de extrema direita, aos Montoneros, um grupo guerrilheiro de extrema esquerda.

Perón morre em 1º de julho de 1974 e Isabelita o sucede. Mas ela não era nem de longe a carismática María Eva Duarte de Perón, a Evita, segunda mulher do caudilho, que não foi candidata a vice na primeira reeleição, em 1951, por pressão dos militares e conservadores.

Outro golpe militar depõe Isabelita em 24 de março de 1976, início da ditadura mais sangrenta da história recente argentina, com total de mortes na guerra suja estimado em 30 mil, que só acaba 1983, depois da humilhante derrota para o Reino Unido na Guerra das Malvinas (1982).