Depois de uma semana de "redução da violência", os Estados Unidos e a milícia fundamentalista sunita dos Talebã (Estudantes) assinaram hoje um acordo para a retirada das forças internacionais do Afeganistão em um ano e dois meses. É o primeiro de muitos passos para acabar com a Guerra do Afeganistão, a mais longa da história americana.
As questões centrais são a retirada dos EUA e aliados e o compromisso dos Talebã de não deixar o território afegão ser usado por grupos extremistas muçulmanos como Al Caeda e o Estado Islâmico para fazer ataques terroristas.
Um ponto crucial será o tamanho do contingente americano que vai ficar no Afeganistão para combater o terrorismo. Os Talebã exigem uma retirada total das forças estrangeiras. É provável que as alas mais radicais rejeitem o acordo e continuem a luta armada.
Se a retirada for total, é provável que se repita o que aconteceu no Vietnã, onde o governo-fantoche instalado por Washington não resistiu à ofensiva do Vietnã do Norte, que tomou o Sul e reunificou, em 1975, o país, dividido em 1954, quando terminou a dominação colonial francesa.
Neste caso, as potências vizinhas, a China, a Rússia e o Paquistão devem entrar no vácuo deixado pelos EUA.
Não há garantia alguma de que os Talebã pretendam ou possam cortar os laços com Al Caeda e o Estado Islâmico. Todos seguem a mesma ideologia, o jihadismo salafista, chamado de deobandismo no Afeganistão. O grupo Khorasan, a versão afegã do Estado Islâmico, foi criada por dissidentes dos Talebã, mas os EUA e o Ocidente são inimigos comuns.
Por outro lado, o atual regime afegão não conseguem nem fazer eleições. Seis meses depois da votação, realizada em setembro, as autoridades eleitorais anunciaram a vitória do presidente Achraf Ghani Ahmadzai. Seu principal adversário, o primeiro-ministro Abdullah Abdullah, rejeitou a derrota e anunciou a criação de um governo paralelo.
Ghani é do povo pachtun, o mesmo dos talebã, o maior do Afeganistão, 42% da população, estimada em 38 milhões de pessoas. Abdullah é um tajique, segundo maior grupo étnico, com 27% da população.
A falta de um governo central que controle todo o território, a disseminação de armas e explosivos e o estado de guerra, que vem desde a queda do rei Mohamed Zahir Shah, em julho de 1973, contribuem para a continuação da insurgência e da guerra civil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário