sábado, 8 de fevereiro de 2020

Morte de médico que deu alerta abala regime comunista da China

Em 30 de dezembro, o médico Li Wenliang deu o alerta sobre o risco de uma epidemia do novo coronavírus. Em 3 de janeiro, foi preso, interrogado e acusado de "propagar rumores falsos". Só em 20 de janeiro, o regime comunista da China admitiu que a doença se transmite de pessoa para pessoa. Sua morte ontem aos 34 anos provocou uma revolta nas redes sociais.

Agora, o ditador Xi Jinping fala numa "guerra popular", uma "guerra contra o demônio", e mobiliza todos os quadros do partido para combater o vírus. Mas, como é comum em ditaduras, no primeiro momento o governo tentou conter a má notícia. Até 24 de janeiro, a mídia oficial do Partido Comunista minimiza a gravidade do problema.

Quando o prefeito de Wuhan foi cobrado em entrevista de rádio por não avisar a população imediatamente, ele alegou que é contra a lei. Num regime em que tudo funciona de cima para baixo, a partir das ordens da cúpula, o tempo perdido significou que cerca de 5 milhões de pessoas saíram da província de Hubei, onde o surto começou, no mercado da capital, que vende carnes de 114 espécies animais, inclusive ratos, morcegos, iguanas e coalas.

Hoje, os cientistas acreditam que o novo coronavírus saiu de um morcego. Depois de infectar seres humanos, sofreu uma mutação que permite a transmissão de pessoa para pessoa.

A propagação está sendo muito mais rápida do que da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), também conhecida como gripe asiática, que matou quase 10% dos doentes em 2002 e 2003. Mas a letalidade do novo coronavírus é bem menor, 2,2% dos pacientes morreram até agora.

A morte do Dr. Li adquiriu uma dimensão política. Em 10 de janeiro, ele sentiu os primeiros sintomas. No dia 28, as autoridades reconheceram o erro o reabilitaram. Ao dar o alerta, ser punido e morrer da doença, Li virou um herói popular, causando embaraço ao regime que o perseguiu.

Centenas de milhões de chineses criticaram o regime e manifestaram sua frustração nas redes sociais. Muitos pediram o fim da censura, a liberdade de expressão.

Na manhã de domingo pelo horário chinês, as autoridades do país deram um novo balanço. Ontem, morreram 89 pessoas na China, mais do que as 86 da sexta-feira. O total de casos no mundo subiu para 37.047, com 813 mortes no mundo inteiro, sendo uma en Hong Kong e outra nas Filipinas. Já superou o número de mortes da SARS.

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