A República Islâmica do Irã anunciou hoje que não vai mais cumprir o acordo nuclear firmado em 2015 com as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha para congelar o programa de armas atômicas do país, a não ser que os Estados Unidos suspendam as sanções econômicas. Mas vai continuar aceitando inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Teerã deve acelerar o enriquecimento de urânio. Através da televisão estatal, o regime dos aiatolás deixou claro que não vai mais respeitar os limites do número de centrífugas, do volume de estoques de urânio enriquecido, da pesquisa e do desenvolvimento previstos pelo Acordo de Viena, negociado pelo governo Barack Obama e abandonado pelo presidente Donald Trump em 8 de maio de 2018.
Desde então, o governo Trump reimpôs sanções econômicas duras para sufocar a ditadura teocrática iraniana. As exportações de petróleo do Irã caíram de 3 milhões para 600 mil barris diários e a Guarda Revolucionária Iraniana iniciou, em maio de 2019, uma série de provocações.
Nos últimos meses, houve uma escalada perigosa no Oriente Médio. Em maio, houve ataques a navios petroleiros no Golfo Pérsico e, em setembro a instalações de petróleo da Arábia Saudita.
Em novembro e dezembro, ataques a quartéis iraquianos onda havia soldados dos EUA levaram ao bombardeio a bases de milícias xiitas iraquianas, ao cerco da embaixada americana em Bagdá e à morte do general Kassem Suleimani, comandante da Força Quods (Jerusalém, em árabe), a tropa de elite da Guarda Revolucionária Iraniana para ações no exterior.
O presidente Trump advertiu ontem que, se cidadãos e interesses dos EUA forem atacados, está preparando uma retaliação que incluiria 52 alvos de importância estratégica, econômica e cultural. Diante da ameaça, o ministro do Exterior, Mohamed Javad Zarif, respondeu que qualquer ataque a prédios históricos será um crime contra a humanidade.
Se não derrubar o regime fundamentalista iraniano, o que não está nos seus planos porque causaria uma guerra arrasadora, uma herança maldita de Trump pode ser um Irã com armas nucleares, tudo o que os EUA e Israel gostariam de evitar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 5 de janeiro de 2020
Irã abandona o acordo nuclear de 2015
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