Por 170 a 0, com a abstenção de curdos e sunitas, a Assembleia Nacional do Iraque, de maioria xiita, aprovou hoje uma medida para exigir que o governo peça a saída do país das forças dos Estados Unidos, acusadas de violar a soberania nacional iraquiana ao lançaram o ataque de drones que matou o general Kassem Suleimani, comandante da Força Quods (Jerusalém), tropa de elite da Guarda Revolucionária Iraniana.
Ao reagir à decisão, o presidente Donald Trump declarou que os EUA gastaram bilhões de dólares numa "base aérea extraordinariamente cara" no Iraque. Se não forem indenizados, vão impor sanções "como nunca se viu" à economia iraquiana, muito mais duras que as que impõem ao Irã, cuja economia deve ter recuado 8,7% em 2019, pela estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Sem dúvida, o Iraque deve usar todos os meios legais possíveis para forçar a saída das tropas americanas nos próximos meses. O próprio primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi redigiu o projeto aprovado hoje pelo parlamento.
Como Abdel Mahdi pediu demissão depois de uma onda de manifestações de protestos com mais de 500 mortes, não está certo se tem autoridade para sancionar a lei. Entre os alvos do protesto, estava a influência do Irã. Agora, a maré mudou.
No Líbano, o líder do Hesbolá, xeique Hassan Nasrallah, declarou que a morte de Suleimani marca uma nova etapa porque ele era o coordenador da "resistência", palavra usada para falar contra Israel. Em tom triunfalista, disse que eles ganham mesmo quando são mortos porque viram mártires e "o martírio é a glória".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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