sábado, 18 de janeiro de 2020

Talebã admitem reduzir ataques para retomar negociações com os EUA

A milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã (Estudantes) está pronto para "reduzir" as ações militares para retomar as negociações de paz e assinar um acordo para retirada das forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos, anunciou o principal porta-voz do grupo, Suhail Shashin, em entrevista ao jornal paquistanês Dawn.

"É uma questão de dias", afirmou o porta-voz, revelando uma autoconfiança talvez injustificada. As negociações com Washington começaram em julho de 2018 e foram interrompidas pelo governo Donald Trump em setembro de 2019 por causa das ações dos Talebã, retomadas e suspensas de novo em dezembro, depois de um ataque ao Aeródromo de Bagram, a maior base militar dos EUA no país.

Os Talebã surgiram em 1994 para combater a anarquia que tomou conta ao Afeganistão depois da retirada da União Soviética e tomaram o poder em 1996, com o apoio do Paquistão, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e dos EUA.

Quando extremistas muçulmanos realizaram atentados contra as embaixadas americanas em Nairóbi, no Quênia, e Dar-es-Salam, na Tanzânia, em agosto de 1998, o então presidente Bill Clinton ordenou bombardeios às bases da rede terrorista Al Caeda, acolhida pelos Talebã no Afeganistão.

Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 foram a vingança de Ossama ben Laden e sua gangue de fanáticos. Mataram 2.996 pessoas.

Menos de um mês depois, os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) invadiram o Afeganistão. Antes do fim do mês, o regime dos Talebã caiu, mas a maior parte da cúpula d'al Caeda, inclusive Ben Laden, escapou na Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001.

No ano seguinte, o presidente George W. Bush desviou atenção e recursos para invadir o Iraque e depor Saddam Hussein. Os Talebã se rearticularam e o frágil governo instalado pelos EUA nunca foi capaz de controlar nem metade do território do Afeganistão.

Cerca de 65 mil rebeldes, 63 mil soldados afegãos, 3.562 militares das forças internacionais, sendo 2.420 americanos, 3.937 funcionários civis contratados pelos militares e 38.480 civis foram mortos no Afeganistão.

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