sábado, 11 de janeiro de 2020

Reeleição mostra que modelo de Hong Kong não serve para Taiwan

A ampla vitória da presidente Tsai Ing-wen na eleição presidencial de hoje em Taiwan para exercer um segundo mandato de quatro anos aumenta a tensão com a República Popular da China. 

Depois de meses de manifestações de protesto em Hong Kong contra a crescente interferência chinesa no território, o resultado mostra que o mesmo modelo não será usado na reintegração de Taiwan.

Além da reeleição de Tsai com 57,1% dos votos contra 38,6% para Han Kuo-yu, do Kuomintang (KMT), mais próximo da China, seu Partido Democrático Progressista (PPD) conquistou maioria absoluta no Parlamento de 113 deputados. A participação do eleitorado chegou a quase 75%.

O regime comunista chinês considera Taiwan uma província rebelde e ameaça intervir militarmente se declarar independência. Para lá, fugiu o governo nacionalista de Chiang Kai-shek quando a revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung tomou o poder em Beijim, em 1º de outubro de 1949.

Até 15 de novembro de 1971, a China Nacionalista (Taiwan) era a representante da China no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Com base na política de que só existe uma China, o regime comunista chinês exigem o rompimento com Taiwan para estabelecer relações diplomáticas com Beijim, isolando diplomaticamente o país, que não tem representação em organizações internacionais.

Quando o então líder chinês Deng Xiaoping negociou com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em 1984, a devolução de Hong Kong à China, concretizada em 1997, criou a fórmula um país, dois sistemas. Deng prometeu manter o regime capitalista e a autonomia do território durante pelo menos 50 anos.

A mesma solução deveria ser aplicada na reintegração de Taiwan, uma das metas inegociáveis do regime comunista. Mas Hong Kong está em crise, com manifestações de protesto nas ruas desde 9 de junho.

A revolta popular contra o regime chinês começou contra um projeto de lei que autorizaria a extradição de residentes em Hong Kong para responder a processos na China continental e em Taiwan. Foi proposta porque em 2018 um cidadão de Hong Kong matou sua namorada grávida em Taiwan e voltou para Hong Kong. Ele confessou o crime, mas não foi punido.

Com a repressão das autoridades locais, o movimento pela liberdade e a democracia em Hong Kong cresceu. Chegou a levar 1,7 milhão de pessoas às ruas na maior manifestação e passou a exigir eleições diretas para governador e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

Em Beijim, a linha dura cobra uma repressão mais dura da governadora Carrie Lam. O ditador Xi Jinping decidiu não enviar o Exército Popular de Libertação. Seria o fim da autonomia cada vez menor de Hong Kong e o enterro da fórmula um país com dois sistemas.

O resultado das eleições de Taiwan não deixa dúvidas. A população local não quer saber de uma reintegração nos termos de Hong Kong. Taiwan quer mesmo a independência e isso é inaceitável para o regime comunista, além de mostrar desde 1996 que a democracia não é incompatível com a cultura chinesa.

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