domingo, 17 de novembro de 2019

Partidários de Morales querem cercar La Paz para anular renúncia

O Movimento ao Socialismo, partido do ex-presidente Evo Morales, quer cercar a cidade de La Paz impedindo a chegada de combustíveis e alimentos para forçar a população e as Forças Armadas a pedir a renúncia da presidente interina, Jeanine Áñez, e a volta do seu líder ao poder, noticiou o jornal boliviano Página Siete.

"Queremos que os ricos morram de fome", "que a presidente autoproclamada peça perdão de joelhos" e "queremos a cabeça de Mesa e Camacho" são os gritos de guerra do movimento indígena, principal base eleitoral de Morales. O ex-vice-presidente Carlos Mesa e o presidente do Centro Cívico pró-Santa Cruz, Luis Fernando Macho Camacho, são os principais líderes da oposição.

Esta estratégia estava traçada desde a renúncia coletiva do presidente, do vice-presidente e dos presidentes e primeiros vice-presidentes da Câmara e do Senado. Ao anunciar a renúncia, o vice Álvaro García Linera, citou uma frase do líder indígena Túpac Katari, que chefiou uma revolta contra o Império Espanhol no século 18: "Voltaremos e seremos milhões."

Em 13 de março de 1871, Túpac Katari iniciou um cerco de 11 meses. Agora, os agricultores de Río Abajo, Achocalla, Luribay, Sapahaqui e Patacamaya estão bloqueando estradas para impedir o abastecimento de comida às cidades de La Paz e El Alto.

"A La Paz, não vai chegar um grão de comida. Os produtores estão proibidos de tirar comida de suas granjas. É preferível que a comida apodreça do que ser dada aos brancos", declarou um dos líderes do movimento.

Os rebeldes liderados por Evo Morales, asilo no México, querem deixar a Polícia e as Forças Armadas sem combustível para que não possam reprimir o movimento. O terceiro passo será tomar a Praça Murillo e cercar a "Casa Grande do Povo", o palácio presidencial.

"O povo derrotará este golpe", declarou um dos entrevistados. "Não importa que haja mortes. É preciso recuperar a democracia." Outro dirigente do MaS conclamou os soldados e policiais e se amotinarem e não cumprirem as ordens de seus comandantes.

É uma receita para a guerra civil.

Morales renunciou sob pressão das Forças Armadas, da Polícia e da Central Operária Boliviana (COB) depois de concorrer a um quarto mandato, violando a norma constitucional que só permite uma reeleição, e de fraudar a eleição presidencial de 20 de outubro, como foi constatado pela missão observadora da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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