O historiador Douglas Brinkley, especializado em presidentes dos Estados Unidos, previu ontem o colapso do apoio ao presidente Donald Trump à medida que foram surgindo novas revelações nas comissões de inquérito da Câmara dos Representantes para a abertura de um processo de impeachment.
Na sua opinião, o inquérito "mostra a vocês como é grave o problema em que Trump se meteu. Quero dizer, que 50% do país quer não apenas um processo de impeachment, mas o afastamento do presidente, e o jogo ainda não se acelerou muito ainda", declarou Brinkley à rede de televisão americana CNN, onde participa regularmente dos debates.
Talvez o precedente histórico não se aplique. A grande maioria dos eleitores do Partido Republicano apoia Trump e se informa através de meios de comunicação como a Fox News, que o apoia incondicionalmente.
Quando Richard Nixon renunciou, em 1974, para escapar do impeachment no Escândalo de Watergate, os americanos liam e viam quase todos os mesmas notícias. Hoje, estamos na era da desinformação, da pós-verdade e das notícias falsas que infestam as redes sociais. Trump tem à disposição na Fox News uma fábrica de mentiras.
Se o eleitorado republicano não mudar de posição, os senadores do partido não vão abandonar o presidente. O impeachment exige os votos mais de dois terços ou 67 senadores. Para afastar Trump, serão necessários os votos de pelo menos 20 senadores republicanos.
Trump segurou uma ajuda militar de US$ 391 milhões à Ucrânia para pressionar o presidente Volodymyr Zelensky a investigar os negócios do filho do ex-vice-presidente Joe Biden, favorito no momento para ser o candidato do Partido Democrata na eleição presidencial de 2020. Abusou do poder ao usar a política externa dos EUA para benefício próprio e perseguir um adversário político, colocando em risco a segurança nacional.
Durante este fim de semana o presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, está "preparando um relatório com um sumário das provas descobertas até agora que será enviado para a Comissão de Justiça logo que o Congresso voltar do recesso do feriado do Dia Nacional de Ação de Graças", o dia em que os peregrinos do navio May Flower por terem sobrevivido no primeiro ano da colonização.
O relatório descreve, entre outros detalhes "um esforço de meses em que o presidente Donald Trump quis de novo a interferência estrangeira em nossas eleições para seu benefício político e pessoal às custas do interesse nacional" e "uma campanha sem precedentes de obstrução num esforço para impedir os comitês de obter testemunhos e provas documentais."
A Comissão de Justiça também investiga dez casos apontados como possível obstrução de justiça no relatório do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência indevida da Rússia na eleição presidencial de 2016 nos EUA para ajudar Trump a derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 30 de novembro de 2019
Historiador de presidentes prevê colapso do apoio a Trump
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