O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, venceu as eleições deste domingo na Espanha com 28% dos votos, mas perdeu três cadeiras. Terá 120 deputados no Congresso dos Deputados, de 350 cadeiras, muito abaixo da maioria absoluta. Isto mantém a dificuldade de formar um novo governo.
O Partido Popular, conservador, conquistou 20,8% cresceu de 66 para 88 cadeiras. A grande novidade foi o avanço do partido Vox, de extrema direita. Com 15%, sua bancada passou de 24 para 52 deputados. É o terceiro maior da Espanha. Sua ascensão é atribuída à crise econômica e ao movimento pela independência da Catalunha.
Dois partidos nascidos durante a Grande Recessão, que na Espanha foi de 2008 a 2014 e deixou mais de 25% dos trabalhadores sem emprego, tiveram mau desempenho desta vez.
O Podemos agora faz parte da coalizão Unidas Podemos com o Partido Comunista e outros grupos de esquerda tradicional, da antiga Esquerda Unida. A aliança teve 12,8% dos votos e elegeu 35 deputados. Perdeu sete cadeiras.
A maior queda foi dos Cidadãos, de centro-direita. Com apenas 6,8% dos votos, perdeu 47 cadeiras, elegendo apenas 10 deputados.
Foram as quartas eleições em quatro anos, todas inconclusivas, incapazes de levar à formação de um governo estável na Espanha. Desta vez, houve um colapso do centro e uma ascensão da direita, insuficiente para formar uma coalizão direitista como as que governam a Andaluzia e Madri.
Um bloco de centro-esquerda teria 160 deputados contra 150 para um bloco de direita. O líder do PP, Pablo Casado, pediu a renúncia do primeiro-ministro Sánchez, alegando que "perdeu seu referendo e foi o grande derrotado de hoje".
Depois das eleições de abril, Sánchez negociou longamente com Pablo Iglesias, da coalizão Unidas Podemos, sem chegar a um acordo. As conversas acabaram em 24 de julho, quando Iglesias rejeitou a oferta de um cargo de vice-primeiro-ministro e três ministérios. Nunca foram retomadas.
Assim, não existe a menor garantia de que a Espanha tenha um governo de coalizão de esquerda, o que não acontece desde a Guerra Civil (1936-39), mesmo que seja minoritário.
Na Catalunha, os grupos nacionalistas mais radicais avançaram, mas os partidos secessionistas estão longe dos 50% dos votos de que precisam para vencer um possível plebiscito sobre a independência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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