A Uber perdeu ontem o direito de operar em Londres, seu maior mercado na Europa. As autoridades reguladoras da capital do Reino Unido veem problemas de segurança porque motoristas não autorizados estavam usando o aplicativo para pegar passageiros. Ainda cabe recurso e a empresa pode continuar operando enquanto aguarda uma decisão final.
Transporte para Londres (TfL), o órgão regulador, descobriu 14 mil casos entre o fim de 2018 e o início de 2019 de motoristas não autorizados que colocaram suas fotos nas plataformas on-line da Uber e pegaram passageiros na rua ilegalmente usando este artifício.
Outro problema identificado foi de motoristas que deixaram parentes e amigos pegar passageiros em seu nome. A possibilidade de manipulação do aplicativo atinge em cheio o modelo de negócios da Uber. A empresa prometeu a TfL acabar com as contas não autorizadas no último verão, mas as autoridades não ficaram satisfeitas.
Em todas as 14 mil corridas irregulares, motoristas e passageiros não estavam cobertos por seguro. Dois dos 43 motoristas envolvidos não tinham carteira de habilitação nem tiveram os antecedentes criminais examinados. Pelo menos um motorista estava com a carteia cassada.
O modelo de negócios da Uber foi abalado pela decisão da Justiça da Califórnia de considerar os motoristas empregados, com todos os direitos trabalhistas. Agora, mais importante é ver se estes problemas se repetem em todos os mercados onde a empresa opera. Isto exigiria uma reformulação geral da empresa.
Na Bolsa de Nova York, as ações da Uber caíram 1,5% na segunda-feira. Desde a oferta inicial, em maio, o valor de mercado da empresa caiu mais de 25%. Em agosto, a Uber acusou um prejuízo trimestral de US$ 5,2 bilhões, seu maior até hoje, atribuído aos custos da oferta inicial de ações e ao aumento da competição.
Em 2018, 24% dos US$ 9,96 bilhões faturados pela Uber vieram de cinco grandes metrópoles: Nova York, Los Angeles, São Francisco, Londres e São Paulo. Ao todo, a empresa tem 3,5 milhões de motoristas, sendo 45 mil em Londres.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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