sábado, 4 de abril de 2009

Sarkozy queima o filme com Obama

Ao ameaçar abandonar a conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20) em Londres se não fosse criado um órgão regulador universal do mercado financeiro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, perdeu definitivamente a chance de se tornar o interlocutor privilegiado de Obama na Europa.

O hiperativo presidente francês começou a ter problemas com os Estados Unidos ainda no governo George W. Bush, quando mentiu ao dizer que Bush o aconselhara a não ir à Geórgia, em agosto, quando a ex-república soviética travou uma rápida guerra com a Rússia e perdeu.

Para fazer pose de grande estadista e acalmar a opinião pública francesa, que vê o presidente ajudando bancos mas não fazendo um plano de estímulo para aumentar a produção e o consumo, Sarkozy blefou na cúpula do G-20. E perdeu a aposta.

Na noite de quinta-feira, perguntaram ao secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, se ele estava preocupado, antes da divulgação do documento final, com a possibilidade de um órgão regulador internacional auditar e fiscalizar o sistema financeiro americano: "Isto não vai acontecer", disparou Geithner, sem vacilar.

Sarkozy reintegrou a França à estrutura militar da OTAN, anulando uma decisão do presidente Charles de Gaulle nos anos 60, mas não quer mandar mais tropas de combate para o Afeganistão e se ofereceu para receber apenas um dos suspeitos de terrorismo presos pelo governo Bush no centro de detenção da base naval de Guantânamo, em Cuba, que Obama quer fechar em um ano.

Na sua primeira visita oficial à Europa, com sua enorme popularidade e talento político, dizendo que está disposto a ouvir e não a impor, Obama faz sucesso, atrai multidões e ganha beijos na rua. Mas a recepção dos líderes europeus é fria.

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