domingo, 31 de dezembro de 2023

Hoje na História do Mundo: 31 de Dezembro

COMPANHIA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS

    Em 1600, a Companhia das Índias Orientais recebe uma carta real para explorar o comércio com o Sul, o Sudeste e o Leste da Ásia, tornando-se uma ponta de lança do imperialismo inglês e depois britânico. Talvez seja a empresa transnacional mais poderosa da história. Tem seu próprio exército e governo parte da Índia para o Império Britânico durante um século.

O comércio com a Ásia era monopólio da Espanha e de Portugal. A derrota da Invencível Armada para a Inglaterra em 1588 dá uma chance aos ingleses de romper o monopólio. A Cia. das Índias explora o comércio de especiarias, algodão, seda, salitre, chá e ópio.

Em 1757, a Cia. das Índias assume o controle militar de Bengala, começando a submeter a Índia ao Império Britânico. Na Festa do Chá de Boston, em 16 de dezembro de 1773, um dos acontecimentos que levaram à independência dos Estados Unidos, colonos norte-americanos invadem o porto de Boston. Em protesto contra novos impostos, jogam no mar uma carga de 42 toneladas de chá da Cia das Índias, avaliada em US$ 1,7 milhão pelas cotações de hoje.

Todos os grandes exploradores africanos do Império Britânico, como Richard Burton, Henry Stanley e David Livingstone, foram soldados da Cia das Índias.

Depois da Rebelião Indiana de 1857, o Império Britânico assume a administração direta da Índia, que dura 90 anos, até a independência da Índia e do Paquistão, em agosto de 1947. A Cia. das Índias deixa de existir em 1873.

CAPITAL DO CANADÁ

    Em 1857, a rainha Vitória torna Ottawa, situada na província de Ontário, situada na confluência dos rios Ottawa, Gatineau e Rideau, como capital da província do Canadá, que em 1867 passa a ser um país da Comunidade Britânica.

Os primeiros habitantes eram índios algonquinos. A tribo ottawa se estabelece lá no século 16. O primeiro europeu a descrever a região é Samuel de Champlain, o fundador da Nova França, em 1613. Os rios são os caminhos para os exploradores e comerciantes de peles.

No Tratado de Paris, que pôs fim à Guerra dos Sete Anos (1756-63), a França cede ao Reino Unido os territórios a leste do Rio Mississípi.

Durante as guerras da Revolução Francesa e napoleônicos (1792-1815), com a demanda por madeira para a construção de navios, o Vale do Rio Ottawa se torna uma fonte importante da matéria-prima.

Em 1800, um grupo de fazendeiros de Massachusetts liderado por Philemon Wright funda a primeira povoação permanente, Wrightsville, ao norte do Rio Ottawa. Wright começa a explorar a madeira em 1806. 

Na Guerra de 1812, entre os Estados Unidos e o Império Britânico, o Rio São Lourenço, entre Montreal e Kingston, vira alvo por sua importância estratégica e militar. Os britânicos decidem então construir um canal na Rio Rideau para servir como rota alternativa, desviando o tráfego no Rio Ottawa.

O coronel John By, do destacamento de Engenheiros Reais, encarregado da obra de 201 quilômetros, constrói uma povoação na margem sul do Rio Ottawa para alojar os trabalhadores. A vila, inicialmente chamada de Bytown, se torna a cidade de Ottawa em 1855.

CANAL É DO PANAMÁ

    Em 1999, os Estados Unidos entregam ao Panamá o controle sobre o canal que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, construído a partir de 1903, quando os EUA promoveram a independência do país centro-americano, que era parte da Colômbia.

Depois do fim da Guerra dos Mil Dias (1899-1902), uma das muitas entre liberais e conservadores, a Colômbia está enfraquecida. Os EUA tentam negociar uma concessão para construir um canal no Isto do Panamá, na época parte da Colômbia.

Quando os colombianos rejeitam a proposta, os EUA invadem e seus aliados proclamam a independência do Panamá, em 1903. A obra do canal é complexa. A empresa francesa que construiu o Canal de Suez vai à falência.

Os norte-americanos assumem o controle do projeto em 1904. Em dez anos, abrem o canal, de 77,1 quilômetros de extensão. A inauguração oficial é em 15 de agosto de 1914. Os navios não precisam mais dar a volta pelo Cabo do Chifre, no extremo sul da América do Sul, um dos lugares mais perigosos da navegação mundial.

Como os níveis dos oceanos são diferentes, há um sistema de comportas. A travessia durante entre 20 e 30 horas.

Em 1977, o ditador panamenho Omar Torrijos negocia com o presidente Jimmy Carter a devolução do canal e da Zona do Canal, a área ao redor, ao Panamá, o que dá grande impulso ao desenvolvimento do país centro-americano.

ASCENSÃO DE PUTIN

    Em 1999, com a renúncia de Boris Yeltsin, o primeiro-ministro Vladimir Putin, nomeado quatro meses antes, assume a Presidência da Rússia. Em 26 de março de 2000, ele vence a eleição presidencial com 53%.

Putin nasce em Leningrado, hoje São Petersburgo, em 7 de outubro de 1952, filho de mãe operária e de pai da Marinha. Teve uma infância muito dura nas ruas da cidade. Teve de aprender judô para se defender. Ele estuda direito da Universidade de Leningrado e trabalha 16 anos no Comitê de Defesa do Estado (KGB), a polícia política da União Soviética.

Quando estouram as revoluções democráticas que acabam com o comunismo na Europa Oriental, Putin é subchefe do escritório do KGB em Dresden e oficial de ligação com o Ministério de Segurança do Estado da Alemanha Oriental, a temida polícia política Stasi.

Sob pressão, ameaça atirar em manifestantes que tentam invadir o prédio. Pede ajuda a Berlim Oriental e ouve uma das frases que marcam sua vida: "Só podemos agir com a autorização de Moscou, e Moscou está em silêncio."

Depois da tentativa de golpe contra o presidente soviético, Mikhail Gorbachev, em agosto de 1991, Putin deixa o Partido Comunista. 

De 1990 a 1996, ele trabalha no governo municipal de Leningrado, que volta a se chamar São Pertersburgo depois do fim da URSS, em 1991, sob a liderança de Anatoli Sobchak. Em 1994, se torna vice-prefeito da cidade. Durante uma conferência internacional, descreve o fim da URSS como "a maior catástrofe geopolítica do século 20."

Com a derrota de Sobchak em 1996, Putin comenta que "não se deve realizar eleições sem saber o resultado antes", deixando claro suas tendências autoritárias, e vai trabalhar no Kremlin com Anatoli Chubais, o ministro das privatizações. Em 27 de março de 1997, é nomeado subchefe de pessoal de Yeltsin.

Em 27 de junho de 1997, defende uma tese de doutorado no Instituto de Mineração de São Petersburgo com plágio, com 15 páginas copiadas de um livro-texto norte-americano. Em 25 de julho de 1998, é nomeado diretor-geral do Serviço Federal de Segurança, sucessor do KGB.

Quando vira primeiro-ministro, para consolidar o poder, Putin inicia a Segunda Guerra da Chechênia, depois de ataques de extremistas muçulmanos na república russa do Daguestão e uma série de atentados suspeitos em Moscou, atribuídos a agentes secretos russos.

No poder, Putin se beneficia da alta nos preços do petróleo, que haviam desabado para US$ 11 o barril com a Crise Asiática de 1997 e tem em alta de 500%. Até a crise econômico-financeira internacional agravada pelo colapso do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, a economia da Rússia cresce 7% ao ano, o que lhe dá grande popularidade depois do caos dos anos 1990 com o colapso do comunismo.

Sob Putin, a Rússia tem uma recaída para o autoritarismo. Ele acaba com as eleições para governadores regionais, que poderiam criar novas lideranças capaz de desafiá-lo. Seu governo é marcado pela corrupção generalizada, violações dos direitos humanos, prisão e assassinato de adversários políticos, como a jornalista Anna Politkovskaya e o ex-agente Alexander Litvinenko, inclusive no exterior, censura e intimidação da imprensa e do ativismo político.

Putin vira o homem-forte da Rússia. De 2008 a 2012, como a Constituição só permite uma reeleição, passa o poder para Dimitri Medvedev, mas controla o governo como primeiro-ministro. Ele vê as chamadas revoluções coloridas na Géorgia (2003) e na Ucrânia (2004) como conspirações do Ocidente para enfraquecer a Rússia.

Diante das revoltas da Primavera Árabe, em 2011, e de protestos durante as campanhas para as eleições parlamentares de 2011 e a eleição presidencial de 2012, vê mais conspirações do Ocidente e endurece o regime.

Depois da Revolução da Praça Maidan, na Ucrânia, contra o presidente Viktor Yanukovich, que suspendera negociações de associação com a União Europeia em novembro de 2013, a Rússia anexa a Península de Crimeia, em março de 2014, e fomenta uma rebelião de russos étnicos no Leste da Ucrânia, a partir de 6 de abril de 2014, num prelúdio da invasão da Ucrânia de fevereiro de 2022, uma guerra imperial, de conquista, proibida pela Carta das Nações Unidas.

A partir de 30 de setembro de 2015, a Rússia intervém na guerra civil da Síria. É decisiva para sustentar a ditadura de Bachar Assad. Volta a se tornar uma potência no Oriente Médio, o que não era desde 1977, quando o então ditador do Egito, Anuar Sadat, abandonou a aliança com a URSS e se aproximou dos EUA para fazer a paz com Israel e recuperar a Península do Sinai.

Em setembro de 2022, depois de plebiscitos realizados sob a mira das armas, a Rússia anuncia a anexação de quatro províncias da Ucrânia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia). Por causa do sequestro e deportação de crianças ucranianas, o Tribunal Penal Internacional (TPI) decreta a prisão de Putin por crime de genocídio em março de 2023..

O Brasil, signatário do Estatuto de Roma, que criou o TPI, tem a obrigação de prendê-lo se Putin vier à reunião de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20), a ser realizada no Rio de Janeiro em 18 e 19 de dezembro de 2024. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, declaram que o ditador russo será bem-vindo.

PANDEMIA DA COVID-19

    Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fica sabendo de uma pneumonia viral diagnosticada na cidade de Wuhan, na China, resiste a todos os tratamentos. O regime comunista chinês só confirma a informação em 3 de janeiro de 2020. É o começo da pandemia da doença do coronavírus de 2019 (covid-19).

O primeiro caso é rastreado em 17 de novembro, de acordo com o jornal South China Morning Post, de Hong Kong. Ignorando o protocolo estabelecido depois da epidemia da síndrome respitatória aguda grave (SARS-CoV-1), que infectou mais 8 mil pessoas a partir de 2002 e matou cerca de 800 até ser controlada em 2003.

A China deveria comunicar o surto da SARS-CoV-2 em 24 horas, mas só admite em 3 de janeiro e só revela que a covid-19 é transmitida de ser humano para ser humano em 20 de janeiro. Três dias depois fechou a cidade de Wuhan, impondo um confinamento rigoroso por 76 dias, depois de 5 milhões de pessoas saírem da cidade, inclusive muitos estrangeiros porque milhões de empresas do mundo inteiro tinham alguma relação econômica com a cidade.

A covid-19 é diagnostica pela primeira vez no Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Na Europa, a Itália é o país mais atingido inicialmente. Em 9 de março, torna-se o primeiro país a entrar em quarentena coletiva. A OMS declara que a covid-19 virou uma pandemia em 11 de março.

Ao todo, a OMS registra 773 milhões de casos confirmados, sendo 103,4 milhões nos EUA, 99,3 milhões na China, 45 milhões na Índia, 39 milhões na França, 38,4 milhões na Alemanha e 37,5 milhões no Brasil.

Mais de 6,99 milhões morrem na pandemia, das quais 1,1 milhão nos EUA, 702,1 mil no Brasil, 533,3 mil na Índia, 400,9 mil na Rússia e 334,9 mil no México. Por causa da subnotificação, as estimavas vão até 20 milhões de mortes.

Cemitério improvisado em Manaus
Com 2,5% da população mundial, o Brasil teve 10% das mortes. O presidente Jair Bolsonaro foi considerado por Ian Bremmer, do Eurasia Group, a maior empresa de consultoria política do mundo, o pior governante do mundo na pandemia. (FOTO: cemitério improvisado em Manaus)

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