ASSASSINATO DE KIROV
Em 1934, Serguei Kirov, um líder da Revolução Bolchevique e membro do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, é baleado e morto em seu escritório em Leningrado, hoje São Petersburgo, por Leonid Nikolayev, insuflado pelo ditador Josef Stalin.
É o início do Grande Expurgo e dos Processos de Moscou em que o ditador se livra dos inimigos reais ou imaginários, inclusive a maioria dos bolcheviques remanescentes no governo soviético.
Qualquer que seja a participação de Stalin no assassinato de um possível sucessor, o certo é que ele usa a morte como pretexto para deflagrar uma onda de terror e uma devassa no partido, no governo, nas Forças Armadas e nos serviços de inteligência, todas as bases do poder soviético.
Há sete processos diferentes sobre a morte de Kirov. Centenas de notáveis da política, da cultura e dos militares são presos e executados.
O Grande Expurgo dura quatro anos. Milhões de pessoas são presas, exiladas ou mortas. Durante 1937 e 1938, a polícia secreta stalinista NKVD prende 1.548.366 pessoas; destas, 681 692 são executadas, numa média de mil execuções por dia.
Em comparação, a Rússia czarista executa 3.932 pessoas por crimes políticos de 1825 a 1910, numa média de menos de 1 execução por semana.
MÃE DO MOVIMENTO ANTIRRACISTA
Em 1955, Rosa Parks, a mãe do movimento dos direitos civis, é presa por se negar a ceder o assento num ônibus para um homem branco, violando as leis de segregação racial da cidade de Montgomery, no Alabama, e deflagra um boicote ao sistema de transporte organizado pelo jovem pastor batista Martin Luther King Jr.
Rosa nasce em Tuskgee, no Alabama, em 4 de fevereiro de 1913. Trabalha como costureira. Em 1943, entra para a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP), uma organização não governamental de defesa da minoria negra.
Por força de um decreto municipal de Montgomery de 1955, os negros são obrigados a sentar no fundo dos ônibus. Se os assentos destinados aos brancos na frente do ônibus estiverem ocupados, os negros são obrigados a ceder seus lugares. Se o ônibus estiver lotado, os negros devem descer para que brancos subam.
Há meses o movimento negro pensa em desafiar a norma racista. Parks ouve falar nesse debate. Ela está na primeira fila do setor para negros. Quando o motorista branco a manda ceder o lugar, Rosa Parks se nega e é presa.
Ao saber da prisão, o movimento por direitos civis convoca o boicote ao sistema de ônibus de Montgomery para 5 de dezembro. Um dos líderes do movimento é o jovem pastor Luther King Jr., de 26 anos, que discursa numa igreja: "A grande glória da democracia americana é o direito de protestar por direitos."
O boicote dura mais de um ano. Os ativistas se dão carona ou caminham quilômetros até a escola ou o trabalho. Como os afroamericanos são 70% dos passageiros de ônibus de Montgomery, as empresas sentem o choque.
Em 13 de novembro de 1956, a Suprema Corte considera inconstitucional a lei de segregação racial nos ônibus do Alabama com base na 14ª Emenda à Constituição dos EUA, de 1868, adotada depois da Guerra da Secessão (1861-65) e da Abolição da Escravutura, por violar o princípio da proteção igual perante a lei.
Quando os ônibus são dessegregados, Rosa Parks é uma das primeiras a viajar. Ela vira um símbolo do movimento. Luther King se torna o maior líder da luta pelos direitos civis. Sofre ameaças de morte e é assassinado em 4 de abril de 1968 em Memphis, no Tennessee, aos 39 anos.
ANTÁRTIDA SEM ARMAS
Em 1959, 12 países, inclusive os Estados Unidos, a União Soviética e o Brasil, assinam em Washington o Tratado da Antártida, abrindo mão de reivindicações territoriais e tornando o continente gelado uma zona livre de armas e atividades militares, aberta à pesquisa científica e à cooperação internacional na proteção à natureza.
É o primeiro acordo de controle de armas da Guerra Fria, a confrontação política, militar, econômica, científica e tecnológica das duas superpotências que dominou a segunda metade do século 20.
No início do século 19, o Império Britânico, a Argentina, o Chile e a Noruega reivindicam partes da Antártida. Em 1948, há uma troca de tiros entre argentinos e britânicos.
Nos anos 1950, os EUA resolvem ter uma participação maior e o presidente Dwight Eisenhower negocia com os soviéticos a desmilitarização e o adiamento, que hoje vai até 2040, de reivindicações territoriais sobre o continente gelado, que corre risco de degelo.
Mais de 50 países aderiem ao Tratado da Antártida.
Com o aquecimento global, a temperatura máxima registrada na Antártida foi de 18,3ºC numa base argentina, em 6 de fevereiro de 2020.
TÚNEL DA MANCHA
Em 1990, os trabalhadores que escavam o Túnel da Mancha se encontram a 40 metros abaixo do fundo do Canal da Mancha unindo as equipes vindas da França e da Inglaterra. Está aberto o caminho para o fim do isolamento da Grã-Bretanha, cercada pelo mar há pelo menos 6 mil anos.
Napoleão Bonaparte defende a construção de um túnel em 1802, o que certamente serviria a seus planos para invadir a Inglaterra. Só em 1986, 82 anos depois de se aliarem, a França e o Reino Unido fazem um acordo para abrir um túnel entre Folkestone, na Inglaterra, e Calais, na França.
Nos próximos quatro anos, 13 mil trabalhadores abrem 150 quilômetros de túneis a uma profundidade média de 45 metros abaixo do fundo do canal, a um custo de US$ 15 bilhões. Eles removem 8 milhões de metros cúbicos de rocha, num ritmo de 2,4 mil toneladas por hora.
Na verdade, são três túneis interconectados, um em cada sentido e um túnel de serviços.
Três anos e meio depois que trabalhadores dos dois lados se encontram, o túnel é inaugurado, em 6 de maio de 1994, pela rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e o presidente da França, François Mitterrand.
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