Dois navios-tanque foram alvo de bombas hoje no Golfo de Omã perto do Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, forçando suas tripulações a abandoná-los, um mês depois de ataques a quatro petroleiros num porto dos Emirados Árabes Unidos.
Aumenta a tensão entre Estados Unidos e Arábia Saudita, de um lado, e do Irã, do outro, que já estava em alta com um ataque de míssil de rebeldes apoiados pelo Irã contra um aeroporto saudita, e o risco de guerra no Oriente Médio, adverte o jornal The New York Times.
Ainda não se sabe quem foram os responsáveis pelos ataques de hoje e do mês passado. Há duas semanas, em visita aos Emirados Árabes Unidos, aliados da Arábia Saudita, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, afirmou estar "quase certo" de que foi o Irã ou aliados.
Um dos navios atacados pertence à empresa norueguesa Frontline e estava fretado pela companhia estatal de petróleo de Taiwan para transportar nafta. Todos os 23 tripulantes foram resgatados.
O outro navio era do Panamá e transportava metanol do porto de Jubail, na Arábia Saudita, para Cingapura. Os 21 tripulantes eram filipinos. Eles deixaram o navio e foram resgatados por um barco que passava.
Ontem, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, foi a Teerã, onde se reuniu com o presidente Hassan Rouhani. Hoje, encontra-se com o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, para tentar intermediar um alívio de tensão entre EUA e Irã - e reduzir o risco de guerra.
Khamenei, o homem-forte da ditadura teocrática iraniana, rejeitou qualquer possibilidade de diálogo com o governo Donald Trump. O ministro do Exterior do Irã, Mohamed Javad Zarif, declarou que os ataques são uma jogada para impedir o diálogo e provocar uma agressão.
No mês passado, o ministro da Defesa do Reino Unido, Jeremy Hunt, candidato a líder do Partido Conservador e próximo primeiro-ministro britânico, declarou estar "preocupado com o risco de um conflito deflagrado por acidente".
Os rebeldes hutis, xiitas zaiditas apoiados pelo Irã na guerra civil do Iêmen fizeram ataques recentes a alvos sauditas, inclusive oleodutos. Ontem, bombardearam o aeroporto de Abba, no Sudoeste da Arábia Saudita, com um míssil de cruzeiro, ferindo 26 pessoas.
Em 8 de maio de 2018, o presidente Trump retirou os EUA de um acordo negociado pelas cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Alemanha e o Irã para congelar por dez anos o programa nuclear militar iraniano.
Meses depois, o governo Trump reimpôs duras sanções econômicas para tentar impedir o Irã de exportar petróleo. No mês passado, os EUA enviaram um grupo naval liderado por um porta-aviões e mais 1,5 mil soldados para a região do Golfo Pérsico.
Trump alega não querer guerra com o Irã, mas sua estratégia de "pressão máxima" cria uma situação de altíssimo risco.
Um terço do petróleo exportado no mundo passa pelo Estreito de Ormuz. Os preços do petróleo subiram hoje mais de 3%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Ataque a dois navios petroleiros aumenta tensão no Oriente Médio
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