Enquanto Estados Unidos, França e Reino Unido celebravam a maior operação de assalto anfíbio da história, que abriu caminho para a libertação da Europa Ocidental, os ditadores da Rússia e da China se encontraram em Moscou para fortalecer a aliança das grandes potências autoritárias. Meu comentário:
Na
madrugada de 6 de junho de 1944, 152 mil soldados das forças aliadas formadas
pelos Estados Unidos, Reino Unido, do Canadá e da França Livre invadiram cinco
praias da região da Normandia, no Norte da França, na maior operação de assalto
anfíbio da história.
O objetivo
era romper a Muralha do Atlântico, uma série de fortificações construídas por
ordem de Adolf Hitler para garantir o controle da Alemanha nazista sobre a
Europa Ocidental, e abrir uma outra frente de combate enquanto o Exército
Vermelho, da União Soviética, derrotava mais de 80 por cento das tropas alemãs
na Frente Oriental.
Foi uma
empreitada heroica e trágica. No fim do Dia D, o mar estava vermelho de sangue
dos soldados mutilados mortos ou feridos. Pelo menos 4 mil e 400 soldados
aliados, milhares de franceses e entre 4 mil e 9 mil alemães morreram em 6 de
junho de 1944.
Ao todo,
425 mil soldados foram mortos ou feridos na Batalha da Normandia, que durou até
meados de julho. Quase 54 mil soldados aliados morreram e mais de 155 mil
saíram feridos.
Em 25 de
agosto, Paris foi libertada. O comandante alemão rejeitou a ordem de Hitler
para destruir a Cidade Luz, pela qual havia se apaixonado.
A memória
desta história heroica foi imortalizada no cinema pelo filme O Mais Longo dos
Dias, de 1962, estrelado por superastros de Hollywood como Henry Fonda, John
Wayne e Robert Mitchum, uma versão americana muito criticada pelo comandante da
França Livre e futuro presidente da França, Charles de Gaulle.
Mas a
carnificina do ataque à Muralha do Atlântico só foi encenada no filme Salvando
o Soldado Ryan, de Steven Spielberg, que retratou o assalto à Praia de Omaha.
Para o
presidente americano Franklyn Roosevelt, o objetivo da Invasão da Normandia não
era só derrotar o nazifascismo. Era criar um mundo novo com base na cooperação,
na democracia e no livre comércio, sem guerras cambiais.
Isso levou
à fundação da Organização das Nações Unidas em junho de 1945, ao
estabelecimento de regimes democráticos nos países libertados e à criação da
União Europeia para solucionar pacificamente os conflitos políticos entre os
países do continente e fortalecer a economia como condição essencial à paz.
Na
cerimônia de hoje nas praias da Normandia, o presidente da França, Emmanuel
Macron, criticou o isolacionismo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, que despreza os aliados e ameaça dividir irremediavelmente a aliança transatlântica.
“Os Estados
Unidos nunca são tão grandes quanto quando lutam pela liberdade dos outros”,
afirmou o presidente francês.
Desde a
Segunda Guerra Mundial, por iniciativa de Roosevelt, os Estados Unidos, mesmo
sendo a maior potência mundial, agem na esfera internacional junto com aliados
dentro de um sistema multilateral.
Trump
entende que as alianças e acordos internacionais enfraquecem os Estados Unidos.
Isolacionista e ultranacionalista, o presidente americano prefere negociações
bilaterais em que acredita ser capaz de impor a vontade dos Estados Unidos.
O senador
republicano Mitt Romney, candidato derrotado por Barack Obama na eleição
presidencial de 2012, discorda desta política externa e da guerra comercial
contra a China. Com o atual grau de desenvolvimento, ficou impossível conter a
China, como os Estados Unidos fizeram com a União Soviética.
Com quase 1
bilhão e 400 milhões de habitantes, em contraste com os 325 milhões nos Estados
Unidos, a China deve se tornar a maior economia do mundo. O desenvolvimento
científico, tecnológico e militar será uma consequência natural desta riqueza.
Os Estados
Unidos precisam então, aconselha Romney, fortalecer a aliança com países
liberais e democráticos para enfrentar o desafio chinês a longo prazo.
Ontem,
enquanto os líderes dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França se
encontravam nas praias da Inglaterra de onde os aliados partiram para invadir a
Normandia, os ditadores da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping,
fortaleciam a aliança das grandes potências autoritárias, antiliberais e
antidemocráticas.
O preço da
liberdade é a eterna vigilância contra os autoritarismos de direita e de
esquerda.
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