quinta-feira, 6 de junho de 2019

Aliados festejam os 75 anos da Invasão da Normandia divididos pelo ultranacionalismo de Trump

Enquanto Estados Unidos, França e Reino Unido celebravam a maior operação de assalto anfíbio da história, que abriu caminho para a libertação da Europa Ocidental, os ditadores da Rússia e da China se encontraram em Moscou para fortalecer a aliança das grandes potências autoritárias. Meu comentário:





Na madrugada de 6 de junho de 1944, 152 mil soldados das forças aliadas formadas pelos Estados Unidos, Reino Unido, do Canadá e da França Livre invadiram cinco praias da região da Normandia, no Norte da França, na maior operação de assalto anfíbio da história.

O objetivo era romper a Muralha do Atlântico, uma série de fortificações construídas por ordem de Adolf Hitler para garantir o controle da Alemanha nazista sobre a Europa Ocidental, e abrir uma outra frente de combate enquanto o Exército Vermelho, da União Soviética, derrotava mais de 80 por cento das tropas alemãs na Frente Oriental.

Foi uma empreitada heroica e trágica. No fim do Dia D, o mar estava vermelho de sangue dos soldados mutilados mortos ou feridos. Pelo menos 4 mil e 400 soldados aliados, milhares de franceses e entre 4 mil e 9 mil alemães morreram em 6 de junho de 1944.

Ao todo, 425 mil soldados foram mortos ou feridos na Batalha da Normandia, que durou até meados de julho. Quase 54 mil soldados aliados morreram e mais de 155 mil saíram feridos.

Em 25 de agosto, Paris foi libertada. O comandante alemão rejeitou a ordem de Hitler para destruir a Cidade Luz, pela qual havia se apaixonado.

A memória desta história heroica foi imortalizada no cinema pelo filme O Mais Longo dos Dias, de 1962, estrelado por superastros de Hollywood como Henry Fonda, John Wayne e Robert Mitchum, uma versão americana muito criticada pelo comandante da França Livre e futuro presidente da França, Charles de Gaulle.

Mas a carnificina do ataque à Muralha do Atlântico só foi encenada no filme Salvando o Soldado Ryan, de Steven Spielberg, que retratou o assalto à Praia de Omaha.

Para o presidente americano Franklyn Roosevelt, o objetivo da Invasão da Normandia não era só derrotar o nazifascismo. Era criar um mundo novo com base na cooperação, na democracia e no livre comércio, sem guerras cambiais.

Isso levou à fundação da Organização das Nações Unidas em junho de 1945, ao estabelecimento de regimes democráticos nos países libertados e à criação da União Europeia para solucionar pacificamente os conflitos políticos entre os países do continente e fortalecer a economia como condição essencial à paz.

Na cerimônia de hoje nas praias da Normandia, o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou o isolacionismo do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que despreza os aliados e ameaça dividir irremediavelmente a aliança transatlântica.

“Os Estados Unidos nunca são tão grandes quanto quando lutam pela liberdade dos outros”, afirmou o presidente francês.

Desde a Segunda Guerra Mundial, por iniciativa de Roosevelt, os Estados Unidos, mesmo sendo a maior potência mundial, agem na esfera internacional junto com aliados dentro de um sistema multilateral.

Trump entende que as alianças e acordos internacionais enfraquecem os Estados Unidos. Isolacionista e ultranacionalista, o presidente americano prefere negociações bilaterais em que acredita ser capaz de impor a vontade dos Estados Unidos.

O senador republicano Mitt Romney, candidato derrotado por Barack Obama na eleição presidencial de 2012, discorda desta política externa e da guerra comercial contra a China. Com o atual grau de desenvolvimento, ficou impossível conter a China, como os Estados Unidos fizeram com a União Soviética.

Com quase 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, em contraste com os 325 milhões nos Estados Unidos, a China deve se tornar a maior economia do mundo. O desenvolvimento científico, tecnológico e militar será uma consequência natural desta riqueza.

Os Estados Unidos precisam então, aconselha Romney, fortalecer a aliança com países liberais e democráticos para enfrentar o desafio chinês a longo prazo.

Ontem, enquanto os líderes dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França se encontravam nas praias da Inglaterra de onde os aliados partiram para invadir a Normandia, os ditadores da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, fortaleciam a aliança das grandes potências autoritárias, antiliberais e antidemocráticas.

O preço da liberdade é a eterna vigilância contra os autoritarismos de direita e de esquerda.

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