O presidente Donald Trump suspendeu a guerra comercial contra o México com um tuitaço na sexta-feira à noite. A ameaça era impor tarifas de 5% sobre todos os produtos mexicanos importados pelos Estados Unidos, num total de US$ 350 bilhões no ano passado, se o México não aumentar o combate à imigração ilegal.
Hoje, o presidente americano voltou a ameaçar a China com tarifas de 25% sobre US$ 300 bilhões em produtos importados anualmente pelos EUA. Meu comentário:
As tarifas sobre importações do México seriam aumentadas em cinco pontos percentuais por mês até chegar a 25% em
outubro. Com isso, o produto interno bruto mexicano poderia cair em até 10% nos
próximos anos.
O México
concordou em reforçar o patrulhamento de sua fronteira sul com mais 6 mil
soldados da Guarda Nacional, combater as máfias do tráfico de pessoas e
permitir que candidatos a asilo nos Estados Unidos esperam o julgamento dos
pedidos em território mexicano.
Mas nada
disso pode ser suficiente para o temperamental presidente americano. Num
próximo ataque de fúria para agradar o eleitorado, ele pode reimpor as tarifas.
Mentindo como de costume, Trump afirmou que os dois países assinariam um acordo
por escrito e que o México passará a comprar maior quantidade de produtos
agrícolas dos Estados Unidos.
O México
não confirmou nenhuma das alegações, revelando mais uma vez a total falta de
compromisso do presidente americano com a verdade.
Trump mostrou
estar disposto a usar uma arma econômica poderosa como sobretaxar importações
para atingir objetivos de política externa que nada tem a ver com comércio. O
alerta é claro para aliados como a Europa e o Japão, com que os Estados Unidos
discutem o comércio de veículos.
Nada
acertado com Trump está garantido. De uma hora para outra, o presidente pode
achar que baixar tarifas não basta e, por exemplo, exigir dos europeus o
aumento das contribuições à Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN,
a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
O presidente
sem limites já alegou ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos para impor
tarifas sobre as importações de aço e de alumínio a aliados há muitas décadas
como o Canadá e os países da União Europeia.
A ameaça de
um tarifaço contra o México foi lançada num momento em que o presidente
americano pede ao Congresso que aprove o novo acordo de livre comércio da
América do Norte, que também precisa ser ratificado pelo México. As tarifas são
um ataque à natureza do acordo.
Confiante
nos tarifaços como arma nas guerras comerciais, o presidente voltou a ameaçar a
China hoje com tarifas de 25% sobre mais 300 bilhões em produtos importados
anualmente pelos Estados Unidos, se o ditador Xi Jinping não se encontrar com
ele durante a reunião de cúpula do Grupo dos 20 em Osaka, no Japão, em 28 e 29
de junho. A sobretaxa já atinge 250 bilhões em produtos importados anualmente da
China.
Em
entrevista ao canal de televisão CNBC, Trump aproveitou a oportunidade para atacar
opositores das tarifas, como a Câmara Americana de Comércio, e a Reserva
Federal, o banco central dos Estados Unidos.
Ele admitiu fazer um acordo sobre a Huawei,
a companhia chinesa fabricante de equipamentos de telecomunicações, que acusa
de se aliar ao regime comunista chinês para espionar. Ou é uma questão
comercial ou de segurança nacional. Não se faz acordo com espiões.
A maioria
dos analistas entende que Trump decidiu aprofundar as guerras comerciais diante
do resultado positivo do primeiro trimestre de 2019, quando a taxa de
crescimento ficou em 3,1% ao ano. A conclusão do presidente foi que as guerras
comerciais não prejudicaram a economia dos Estados Unidos.
Só que a situação
econômica mudou. A delegacia regional da Reserva Federal, o banco central
americano, em Atlanta, previu crescimento num ritmo de apenas 1,4% ao ano no
segundo trimestre. Os economistas temem uma recessão no fim deste ano ou no próximo.
Uma recessão
reduziria as chances de reeleição de Trump no próximo ano. Esta seria a melhor
notícia para todo o mundo.
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