Até as sete horas da noite de ontem pelo horário de Washington (20h em Brasília), estava em andamento uma operação militar dos Estados Unidos para bombardear alvos dentro do Irã - instalações nucleares, radares e baterias de defesa antiaérea -, em retaliação ao abate de um drone espião americano no Estreito de Ormuz.
Os aviões bombardeiros estavam no ar e os navios próximos prontos para atacar, mas nenhum míssil havia sido disparado quando o presidente Donald Trump deu a contraordem, noticiou o jornal The New York Times.
Ainda não está claro se o presidente cancelou a operação ou apenas adiou o ataque para um momento mais favorável por uma questão de logística ou estratégia. Mas o simples anúncio é uma ameaça e uma demonstração de força.
Os EUA alegam que o drone foi abatido em águas internacionais no Estreito de Ormuz. A República Islâmica do Irã afirma que o drone invadiu o espaço aéreo iraniano.
Apesar das vulnerabilidades, o Irã tem uma longa experiência em guerras indiretas através de milícias que financia e sustenta como o grupo fundamentalista xiita iraniano Hesbolá (Partido de Deus), a mais notória e supostamente mais poderosa.
Trump aplica uma estratégia de "pressão máxima" contra o Irã na expectativa de forçar o regime teocrático iraniano a voltar à mesa de negociações e abrir mão não só do programa nuclear militar, mas também da tecnologia de mísseis de médio e longo alcances e de interferir politicamente em outros países do Oriente Médio.
Em 8 de maio do ano passado, o presidente americano rompeu o acordo nuclear de 2015, negociado pelo governo Barack Obama para congelar o programa militar nuclear iraniano. Um ano depois, o Irã anunciou que vai acumular urânio enriquecido além do limite estabelecido no acordo.
O governo americano parece totalmente incapaz de entrar num diálogo construtivo com o Irã, demonizado no discurso oficial da Casa Branca e do Departamento de Estado. A República Islâmica, do outro, não acredita que que os EUA negociem de boa fé.
No mês passado, quatro navios petroleiros foram alvo de bombas num porto dos Emirados Árabes Unidos. Na semana passada, outros dois foram atacados quando passavam pelo Golfo de Omã. EUA responsabilizou o Irã.
Com o aumento da tensão, os EUA enviaram mais mil soldados para o Oriente Médio um grupo naval liderado por um porta-aviões rumo ao Golfo Pérsico. Trump afirma não querer a guerra, apenas renegociar o acordo, mas chegou perto.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, e a diretora-geral da Agência Central de Inteligência (CIA), Gina Haspel, eram a favor do ataque abortado ontem à noite.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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