terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Israel mata 43 árabes refugiados em escola

Tanques de Israel que participam de uma ofensiva militar contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) bombardearam hoje, 6 de janeiro de 2009, uma escola administrada pelas Nações Unidas no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, matando pelo menos 43 pessoas e ferindo outras cem.

Diante de mais essa tragédia, o atual governo dos Estados Unidos passou a defender um cessar-fogo imediato e o presidente eleito, Barack Obama, rompeu o silêncio. Lamentou as mortes de civis e prometeu trabalhar intensamente pela paz no Oriente Médio desde o primeiro dia de seu governo. Ele toma posse em 20 de janeiro.

Na frente diplomática, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, rejeitou o apelo do presidente da França, Nicolas Sarkozy, por uma trégua imediata: "Não podemos aceitar um acordo que permita ao Hamas continuar disparando foguetes contra Israel. O Hamas deve parar só parar de jogar foguetes. Não deve ter capacidade de lançar foguetes.", seis

Durante a noite, o Exército de Israel aproveitou a escuridão para avançar por dentro do território palestino rumo ao Sul. Três soldados israelense foram mortos por fogo amigo, disparado por um tanque de seu Exército.

De madrugada, Israel atacou Khan Younis, a segunda maior cidade da Faixa de Gaza.

O território palestino tem hoje a maior densidade populacional do mundo. Cerca de 1,5 milhão de palestinos vivem em 360 quilômetros quadrados. Isso multiplica os riscos para a população civil.

Ao amanhecer, a Marinha de Israel matou 10 palestinos ao bombardear a praia em Deir al-Balah, na região central da Faixa de Gaza.

Enquanto o presidente francês chegava a Damasco para se encontrar com o ditador da Síria, Bachar Assad, cinco palestinos foram mortos pelo bombardeio israelense em duas escolas administradas pelo ONU usadas como abrigo para refugiados, uma na Cidade de Gaza e outra no sul do território. Havia 450 pessoas refugiadas na primeira, a Escola Asma, no campo de refugiados de Chati, fugindo do bombardeio a outras áreas da cidade, na expectativa da proteção da ONU.

O Exército de Israel anuncia a morte de um oficial. Já são 10 israelenses mortos, seis militares e quatro civis, em contraste com pelo menos 635 palestinos, além dos 2,7 mil feridos. Israel afirma que 130 mortos eram guerrilheiros do Hamas.

Pouco depois, um foguete palestino atinge Gedera, 45km ao norte da Faixa de Gaza. Ao longo do dia, mais de 30 foguetes palestinos cairiam em território israelense. São armas rudimentares, mas matam.

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, agora enviado especial do Quarteto (EUA, ONU, UE e Rússia) para a paz no Oriente Médio, declara que o cessar-fogo imediato depende de uma ação que impeça o contrabando de armas para o Hamas na Faixa de Gaza através de túneis clandestinos.

Em Damasco, Sarkozy pede a Assad que pressione o Hamas a aceitar um cessar-fogo. Mas o líder sírio aproveita a oportunidade para denunciar "um Holocausto" supostamente cometido por Israel em Gaza no que chamou de "agressão criminosa" e defendeu a legitimidade do Hamas, que venceu as eleições legislativas palestinas de 25 de janeiro de 2005.

Assad estava inflexível, desafiando a pretensão francesa de atrair a Síria de volta às negociações de paz no Oriente Médio para isolar o Irã em sua rejeição total a Israel.

Na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Bento XVI reza pelos "esforços dos que buscam ajudar israelenses e palestinos a se sentar ao redor de uma mesa e conversar".

O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos, John ging protesta: "É uma tragédia horrível que piora a cada instante. Chegamos a um estágio de uma desumanidade visível e chocante pela natureza dos ferimentos, a brutalidade e amplitude" da ofensiva israelense.

A Cruz Vermelha fala em uma "crise humanitária total".

Sarkozy chega a Beirute, na sua luta diplomática por um cessar-fogo que seja aceitável para Israel. Também vai voltar ao Cairo para rever o ditador do Egito, Hosni Mubarak.

No início da tarde, 12 membros de uma mesma família, sendo sete crianças, morrem no bombardeio a uma casa.

Ao receber uma delegação da União Européia, o presidente de Israel, Shimon Peres, declara não estar preocupado com a imagem internacional do país: "A Europa deve abrir os olhos. Nós não fazemos relações públicas. Nós combatemos o terrorismo e temos todo o direito de defender nossos cidadãos."

Os serviços médicos palestinos afirmam que 35 foram mortos na manhã desta terça-feira, 6 de janeiro de 2009, na Faixa de Gaza.

A França anuncia uma ajuda de emergência aos palestinos de 3 milhões de euros: um milhão para a agência da ONU para os refugiados palestinos, um milhão para o Programa Mundial de Alimentos da ONU e um milhão para organizações não-governamentais locais. Ou seja: nada para o governo do Hamas em Gaza.

Um tanque israelense dispara dois morteiros contra outra escola da ONU usada como abrigo, desta vez no campo de refugiados de Jabaliya, no Norte da Faixa de Gaza. É uma tragédia. Pelo menos 43 pessoas morrem e outras cem saem feridas.

O total de palestinos mortos chega a 635, com 2,9 mil feridos, pelos números das autoridades médicas palestinas.

A Liga Árabe acusa os EUA de vetar projetos de resolução exigindo um cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU para "permitir a agressão de Israel".

Em comunicado, o Exército do Líbano informa que seis aviões de guerra israelenses violaram o espaço aéreo libanês na manhã desta terça-feira.

Diante da tragédia na escola, os EUA exigem "um cessar-fogo imediato em Gaza que seja durável, viável e sem limite de tempo". A secretária de Estado, Condoleezza Rice, vai ao Conselho de Segurança da ONU defender esta posição em uma reunião de emergência.

O Exército de Israel afirma fazer tudo para proteger os civis e acusa o Hamas de usar a população civil como escudo humano. Mas ONGs israelenses e a própria Cruz Vermelha dizem que é impossível passar com uma ambulância sem ser atacado por helicópteros Apache israelenses. Três clínicas ambulantes de uma instituição beneficente dinamarquesa (DanChurchAid) foram bombardeadas e destruídas pelos soldados israelenses.

Quebrando o silêncio, o presidente eleito Barack Obama disse estar preocupado com a situação dos civis e prometeu trabalhar desde a posse, em 20 de janeiro de 2009, pela paz no Oriente Médio.

No início da noite, quando o Conselho de Segurança se reuniu, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, anuncia a abertura de um corredor de ajuda humanitária.

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