À espera da cerimônia de posse amanhã a partir das 14h (horário de Brasília) como o 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama festejou o feriado em homenagem a Martin Luther King jr., o maior líder do movimento pelos direitos civis dos negros americanos, fazendo trabalho comunitário num abrigo para sem-teto em Washington.
Visitar um abrigo no meio do rigoroso inverno no Hemisfério Norte, com temperatura de dois graus negativos prevista para a hora da posse, foi mais um gesto midiático do presidente eleito e quase empossado. Obama fez pose e disse brincando ter desenvolvido uma técnica especial para pintar paredes, mas antes mandou o recado: "Quando a gente trabalha junto, consegue realizar mais."
Em 1963, aos pés da estátua de Lincoln, o presidente que abolira a escravidão em 1862, Luther King jr. fez seu mais famoso discurso, Eu Tenho um Sonho. Entre outras coisas, disse que sonhava com o dia em que seus filhos seriam julgados não pela cor da pele mas pelo caráter.
Para 69% dos negros americanos, o sonho do Dr. King está realizado. Mas não é tanto assim. Obama joga fora o peso do passado escravagista prometendo criar uma União "mais perfeita" onde todos sejam realmente iguais. Esse é o sonho de Obama, de seu já famoso discurso sobre racismo, considerado pelo cientista político mexicano Jorge Castañeda como a segunda maior peça de oratória da história polícia dos EUA.
O primeiro é o discurso de Abraham Lincoln em Gettysburg, em 1863, em plena Guerra da Secessão (1861-65), a guerra civil americana, diante de um campo depois da batalha. Como Lincoln também saiu de Chicago para a Casa Branca, o Discurso de Gettysburg (traduzido logo acima) será uma das inspirações de Obama nesta terça-feira, 20 de janeiro de 2009.
As outras inspirações de Obama são Franklin Delano Roosevelt, o presidente que enfrentou a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial e entrou para a História como vencedor nos dois casos, e John Fitzgerald Kennedy (1961-63), o jovem presidente que enfrentou a Crise dos Mísseis em Cuba (1962) e o Bloqueio de Berlim (1963), durante a Guerra Fria, e decidiu mandar o homem à Lua.
Roosevelt lançou um Plano de 100 Dias e disse no discurso de posse do primeiro de seus quatro governos, em 20 de janeiro de 1933: "A única coisa que temos a temer é o medo em si".
Em uma era de grande prosperidade, em 1961, Kennedy disse: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte-se o que você pode fazer pelo seu país".
Diante da crise atual, Obama não pode repetir o discurso de Kennedy, mas deve captar seu princípio: o dever do cidadão de fazer algum trabalho comunitário, de contribuir diretamente para o bem-estar social. É o que Obama fez hoje ao pintar a parede num abrigo em Washington.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário