É mais um capítulo da Guerra do Gás entre a Rússia e a ex-república soviética Ucrânia. No meio de um inverno rigoroso no Hemisfério Norte, com temperaturas negativas, a companhia estatal russa Gazprom cortou completamente hoje, 7 de janeiro de 2009, o fornecimento de gás natural a países da União Européia através de um gasoduto que passa pela Ucrânia.
A suspensão afetou 17 países do continente. Na Áustria, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, Grécia, Hungria, Macedônia, Romênia, República Tcheca, Romênia e Sérvia, os estoques de gás natural russo acabaram. Na Alemanha, na França e na Itália, estão chegando ao fim.
O presidente da União Européia, José Manuel Durão Barroso, fez um apelo aos primeiros-ministros da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Yulia Timochenko, para que cheguem a um acordo e resolvam o problema.
A UE se ofereceu para fazer um monitoramento da passagem do gás pela Ucrânia, já que a Rússia acusa o governo ucraniano de desviar e roubar o gás destinado à UE.
Duramente afetada pela crise econômica global, a Rússia pressiona a Ucrânia para aumentar o preço do gás para US$ 450 por mil metros cúbicos, duas vezes mais do que o governo de Kiev está disposto a pagar.
A Guerra do Gás é também um instrumento da política externa de Putin para restaurar o poder imperial perdido com o fim da União Soviética. A URSS tinha um império interior, as repúblicas que a formavam, como a Ucrânia, e um império exterior, os países-satélites do bloco soviético, como a Polônia e a Tcheco-Eslováquia.
O antigo império interior, hoje chamado de exterior próximo, é o alvo prioritário das políticas imperalistas de Putin. Mas geralmente elas atingem também os antigos satélites. Eles se lembram assim da amarga dependência que ainda tem em relação a Moscou.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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