terça-feira, 18 de agosto de 2009

FMI confirma que recuperação começou

A recuperação da economia mundial está em marcha, afirmou hoje o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, mas a sustentabilidade vai depender de um delicado reequilíbrio dentro de países e entre eles.

Em artigo publicado hoje, Blanchard declarou que os americanos precisam poupar mais e os asiáticos consumir mais para que a economia internacional atinja um equilíbrio. Ele observou que "a crise deixou cicatrizes profundas que vão afetar a oferta e a procura durante muitos anos".

Assim, o consumo dos americanos, que foi de US$ 9,7 trilhões em 2007 e representa 70% do produto interno bruto da maior economia do mundo, não deve voltar aos níveis anteriores à crise.

Além de terem perdido cerca de US$ 18 trilhões com a desvalorização de ações e imóveis causada pela crise, as famílias americanas estão endividadas e também o governo dos Estados Unidos, por causa dos programas de estímulo.

"Do ponto de vista dos EUA, uma queda no saldo em conta corrente da China ajudaria a aumentar o consumo interno chinês e a sustentar a recuperação americana", analisou o economista-chefe do Fundo. "Tanto um aumento das importações chinesas quanto a valorização do iuã aumentariam as exportações americanas."

Para estimular o consumo doméstico, a China precisaria fortalecer a previdência social, incentivando o cidadão comum a poupar menos.

Blanchard espera que a maioria dos países cresça nos próximos trimestres, mas considera inevitável o aumento de impostos: "Em quase todos os países, os custos da crise aumentaram a carga fiscal. Uma taxação maior é inevitável."

"Tudo isso significa que não devemos voltar ao ritmo de crescimento anterior, que a produção global será menor do que antes da crise", concluiu.

Se a retomada asiática não estimular as exportações americanas, os EUA podem ser forçados a manter os programas de incentivo ao crescimento até o consumo privado se recuperar. Isso aumentaria o déficit orçamentário dos EUA, pressionando o dólar.

Uma desvalorização descontrolada do dólar causaria mais instabilidade e incerteza, ameaçando a recuperação mundial.

Nenhum comentário: