O senador Edward Kennedy, último irmão da dinastia dos Kennedy, o mais próximo que os Estados Unidos tiveram de uma família real, morreu hoje de um câncer maligno no cérebro. Não resta na família ninguém à altura de seu carisma e de seu talento como orador.
Edward Kennedy, ou Ted, como era mais conhecido o irmão mais moço do presidente John Fitzgerald Kennedy (1061-63), se elegeu como senador por Massachusetts pela primeira vez em 1962, na vaga do irmão que assumira a presidência no ano anterior. Foi apresentado ao mundo nos funerais de JFK, ao liderar o cortejo fúnebre ao lado do irmão e também senador Robert Kennedy e da viúva, Jacqueline Kennedy.
Quando Bob Kennedy foi assassinado, em 5 de junho de 1968, dia em que ganhou a eleição primária da Califórnia, consolidando a vitória na disputa pela candidatura democrata à presidência, parecia que Ted estava predestinado a conquistar a Casa Branca.
Ele teve sua chance de ser presidente dos EUA liquidada por um erro de direção fatal na ilha de Chappaquiddick, perto da ilha de Martha's Vineyard, no estado de Massachusetts, um dos lugares favoritos dos líderes democratas para tirar férias. Barack Obama está lá com a família. John Fitzgerald Kennedy Jr., outro grande presidente que nunca chegou a ser, morreu no acidente com um monomotor que pilotava quando ia para lá.
Em 17 de julho de 1969, Mary Jo Kopechne, ex-assessora de campanhas de seu irmão Bob, morreu afogada num acidente de automóvel provocado por Ted. Ele só se apresentou à polícia oito horas depois, levantando suspeitas de que estaria alcoolizado.
Vencido pelo presidente Jimmy Carter (1977-81) na disputa pela candidatura do Partido Democrata em 1980, Ted Kennedy decidiu continuar sua longa carreira no Senado.
Durante 47 anos, foi um verdadeiro senador, ao contrário do que se vê no Senado brasileiro. Sempre se notabilizou pela defesa das causas liberais e de direitos fundamentais como a cobertura universal de saúde e uma educação de qualidade para todos. Era um liberal e humanista. De origem irlandesa, lutou pela paz na Irlanda do Norte.
Ted convenceu o então presidente Jimmy Carter a dar um visto para Gerry Adams, presidente do Sinn Féin, o partido político do Exército Republicano Irlandês (IRA), entrar nos EUA. Adams foi recebido na Casa Branca e o IRA declarou o cessar-fogo necessário para que o Sinn Féin pudesse participar das negociações de paz promovidas pelo Reino Unido e a Irlanda, a partir da Declaração de Downing Sreet, de dezembro de 1993.
Também lutou contra problemas pessoais e familiares e o alcoolismo.
No ano passado, ao apoiar Barack Obama na disputa com Hillary Clinton pela candidatura do Partido Democrata à Presidência dos EUA, declarou: "O sonho não acabou."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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