O Brasil coopera discretamente com os Estados Unidos na luta contra o terrorismo, mas camufla a prisão dos suspeitos sob outras acusações, revela uma mensagem do então embaixador em Brasília Clifford Sobel ao Departamento de Estado, divulgada hoje pela organização não governamental WikiLeaks.
Mais de 250 mil mensagens de embaixadas e diretrizes da diplomacia americana foram publicadas, desnudando a diplomacia imperial da superpotência. A secretária de Estado, Hillary Clinton, declarou que é um "ataque à sociedade internacional". Não compromete a segurança dos EUA, mas é embaraçoso.
Para o embaixador Sobel, o Brasil não queria ser associado à guerra do governo George W. Bush contra o terrorismo para não criar problemas em sua própria comunidade muçulmana e também para não prejudicar a imagem de Foz do Iguaçu como destino turístico. O Brasil teria preso suspeitos de financiar o terrorismo na região da tríplice fronteira com Paraguai e Argentina sem estardalhaço.
Outra mensagem diz que e então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pressionou o Congresso a não aprovar uma lei de combate ao terrorismo apoiada pelos EUA.
Não há rigorosamente nada que comprometa a segurança nacional dos EUA. Mas se desvenda toda a futrica do jogo diplomático.
Em busca de uma audiência com o presidente Barack Obama, a presidente Cristina Kirchner argumentou que a Argentina é contra o programa nuclear do Irã e a favor do combate ao terrorismo, mas o presidente Lula e o Brasil mereciam melhor tratamento. Não conseguiu a audiência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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