Sob intensa pressão para renunciar por causa da crise econômica do país, o primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, declarou ontem que vai dissolver o parlamento (Dáil) e convocar eleições antecipadas assim que o orçamento para 2011 for aprovado e o acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional estiver concluído.
É a segunda crise das dívidas públicas dos países da zona do euro em sete meses. Depois da Grécia em abril, no fim de semana, a Irlanda pediu ajuda aos sócios europeus.
O governo irlandês resistiu para não manchar seu histórico de crédito, mas terminou cedendo, sob grande pressão da UE, que temia o contágio de outras economias endividadas, como Grécia, Espanha e Portugal. Por causa da crise irlandesa, esses países já estão pagando juros mais altos para rolar suas dívidas.
Até quarta-feira, o primeiro-ministro deve anunciar detalhes do plano orçamentário para economizar 15 bilhões de euros, cerca de 35 bilhões de reais, nos próximos quatro anos, sendo 10 bilhões de euros em cortes de gastos do governo e 5 bilhões em aumentos de impostos.
Apesar da pressão da Alemanha e da França, Cowen promete não mexer no imposto sobre empresas, de apenas 12,5%, o menor da Eurozona e a base da política industrial irlandesa.
Mas a queda do governo e a antecipação das eleições aumentam a incerteza do mercado quanto à capacidade da Irlanda de adotar o remédio amargo. A sensação é que o país perdeu conquistas obtidas em décadas de desenvolvimento.
A oposição já vinha pedindo a queda do governo. Hoje o Partido Verde, parte da aliança governista, pediu a realização de eleições na segunda quinzena de janeiro.
No fim da tarde, o primeiro-ministro concordou em convocar eleições depois da aprovação do novo orçamento, que deve ser submetido ao parlamento em 7 de dezembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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