Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Japão invade Java, a ilha que é o centro do poder político na Indonésia, e ocupa a então colônia holandesa até o fim da guerra.
O Japão é um país com escassez de recursos energéticos. Ocupa a região da Manchúria, no Norte da China, em 1931, para explorar as reservas de carvão para sua indústria. Em 1937, o Império do Japão invade o resto da China, não todo o país, o que seria impossível por causa do tamanho, mas as principais cidades próximas da costa.
Para cortar o fornecimento dos EUA à China de armamentos, combustível e outros materiais, o Japão invade, em 22 de setembro de 1940, a Indochina Francesa, que inclui o Vietnã, o Laos e o Camboja. Em resposta, os EUA impõe um embargo à venda de petróleo ao Japão.
Em plena guerra, o Japão precisa de petróleo. O ataque de surpresa à Frota do Pacífico dos EUA, baseada em Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, é a reação japonesa ao boicote à venda de petróleo e leva os EUA a entrar na guerra. O Japão precisa de mais petróleo ainda.
A Indonésia, grande produtora de petróleo, passa a ser um objetivo. Em março de 1942, os japoneses assumem o controle do país.
Até o fim da guerra, ocupam todas as colônias europeias no Sudeste Asiático, até a Birmânia, mas não a Tailândia, que não era colônia, com extrema crueldade e ainda tem o desplante de afirmar que estão libertando os países asiáticos do colonialismo europeu.
No fim da guerra, começa a luta desses países pela independência.
ESTRUTURA DO DNA
Em 1953, os cientistas James Watson e Francis Crick, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, anunciam a descoberta da estrutura da molécula do ácido desoxirribonucleico (DNA), que compõe o código genético da humanidade, em forma de uma escada torcida como uma hélice dupla.
O DNA é descoberto em 1869 pelo bioquímico suíço Johann Friedrich Miescher, mas só em 1943 se entende sua importância na transmissão da herança genética. Através da difração, Watson e Crick revelam a estrutura molecular do DNA. Eles dividem o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1962 com Maurice Wilkins.
ASSASSINATO DE OLOF PALME
Em 1986, o primeiro-ministro sueco Olof Palme, um pacifista que se opôs à Guerra do Vietnã, é assassinado em Estocolmo.
Olaf nasce em 30 de janeiro de 1927 numa família rica. Ele estuda nos Estados Unidos e se forma em direito na Universidade de Estocolmo em 1951. Ativista do Partido Social-Democrata, torna-se secretário pessoal do primeiro-ministro Tage Erlander em 1953 e é eleito deputado em 1958.
Palme entra para o governo como ministro sem pasta em 1963 e ministro da Comunicação em 1965. Vira ministro da Educação e de Assuntos Eclesiásticos em 1967. Vira líder do partido e primeiro-ministro em 1969.
Por ser contra a intervenção militar dos EUA no Vietnã, acolhe jovens norte-americanos que se negam a ir para a guerra. Em 1976, cai quando os sociais-democratas perdem as primeiras eleições na Suécia em 44 anos.
Depois do acidente nuclear da usina de Three Mile Island, nos EUA, faz campanha bem-sucedida para fechar as usinas nucleares da Suécia. Volta ao poder em 1982 e governa o país até sua morte.
Christer Pettersson é condenado em julho de 1989 e sentenciado a prisão perpétua. A condenação é anulada em outubro do mesmo sob a alegação de que não é descoberta nenhuma arma nem motivo para o crime, Em 2020, um procurador sueco afirma ter "provas razoáveis" para acusar Stig Engström, que estava presente na cena do crime e tinha acesso ao tipo de arma usada no assassinato, mas Engström estava morto desde 2000, antes de ser denunciado.
RENÚNCIA DO PAPA
Em 2013, Bento XVI se torna o primeiro papa a renunciar desde Gregório XII, em 1415.
O cardeal Joseph Ratzinger representa a ala conservadora da Igreja Católica. Como prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Inquisição, impõe o silêncio ao frei brasileiro Leonardo Boff e a outras vozes do setor mais progressista.
Como papa, é acusado de leniência diante dos escândalo de abusos sexuais cometidos dentro da Igreja. Com a saúde debilitada, Bento XVI decide renunciar e se torna papa emérito quando o Papa Francisco assume o comando do Vaticano. Agora, é Francisco que está doente.
Em 1827, um grupo de estudantes fantasiados e mascarados dança e desfila pelas ruas de Nova Orleans, na Louisiana na primeira celebração da Mardi Gras (Terça-Feira Gorda) nos Estados Unidos.
O Carnaval, a festa da carne que antecede à Quaresma, é uma tradição pagã incorporada pelo cristianismo ocidental que se propagou de Roma para a Europa e o resto do mundo.
INCÊNDIO DO REICHSTAG
Em 1933, os nazistas tocam fogo no Parlamento da Alemanha (Reichstag), acusam os comunistas e o chanceler (primeiro-ministro) Adolf Hitler pede poderes especiais. É o grande golpe da ascensão do nazismo.
O Partido Nacional-Socialista Trabalhista Alemão (Nazista) é o mais votado em duas eleições em 1932, no auge da Grande Depressão, quando o desemprego na Alemanha chega a 30%. Conquista 37% dos votos em 31 de julho e 33% em 6 de novembro.
Hitler é nomeado primeiro-ministro em 30 de janeiro de 1933. Quatro semanas depois, o Reichstag pega fogo. Os nazistas pressionam o presidente Paul Hindenberg, que baixa o Decreto do Incêndio do Reichstag, que suspende o direito de reunião, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e outras proteções constitucionais. Elimina todas as restrições a investigações policiais. Permite ao regime prender e encarcerar oposicionistas sem acusação formal. dissolver partidos políticos e confiscar propriedade privada.
Este decreto, que fica em vigor até a derrota da Alemanha Nazista, em 8 de maio de 1945, abre o caminho para a ditadura de Adolf Hitler, sacramentada no referendo de 19 de agosto de 1934, depois da morte do presidente Hindenburg, quando ele acumula os títulos e funções de chefe de Estado e chefe de governo e se torna o Führer. Sob intimidação, quase 90% votam para dar poderes absolutos a Hitler.
ATOLEIRO DO VIETNÃ
Em 1968, durante o telejornal em horário nobre, o jornalista Walter Cronkite, considerado "o homem mais confiável dos Estados Unidos", abandona o tom imparcial em que apresenta as notícias para prever que a Guerra do Vietnã deve se prolongar com um impasse no campo de batalha. Seu comentário de que é uma luta invencível é decisivo na virada da opinião pública norte-americana contra a guerra.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), com a descolonização da África e da Ásia por movimentos de libertação nacional, os EUA, superpotência dominante do mundo capitalista, herdam como zonas de influência econômica dos antigos Impérios Britânico e Francês.
O Vietnã, declara independência quando o Império do Japão, que o ocupa durante a guerra, se rende, em 2 de setembro de 1945. A França, potência colonial da Indochina Francesa, resiste. Começa a Guerra da Indochina (1946-54), que termina com a derrota da França para os guerrilheiros comunistas do Viet Minh, sob a liderança de Ho Chi Minh, na Batalha de Dien Bien Phu, em 7 de maio de 1954.
Nas negociações de paz, em Genebra, na Suíça, o país é dividido em Vietnã do Norte, comunista, e Vietnã do Sul, capitalista, apoiado pelo Ocidente na Guerra Fria. Para reunificar o país, são previstas eleições em 1955. Diante da expectativa de vitória de Ho Chi Minh, os EUA suspendem as eleições.
Em 1º de novembro de 1955, começa a Guerra do Vietnã ou Guerra da Resistência Antiamericana, como é chamada lá. Os EUA inicialmente mandam assessores militares. No fim do governo John Kennedy (1961-63), há 2.800 assessores militares norte-americanos no Vietnã e alguns entram em combate.
O governo Lyndon Johnson forja o Incidente do Golfo de Tonkin para pôr os EUA na guerra. Em 2 de agosto de 1964, dois contratorpedeiros norte-americanos que estão no golfo enviam mensagem de rádio dizendo que foram atacados por forças do Vietnã do Norte. Johnson aproveita a história mentirosa para pedir autorização do Congresso para ir à guerra.
Os EUA não perderam a Guerra do Vietnã no campo de batalha. Perderam a batalha política na frente interna. A Ofensiva do Tet, no Ano Novo Lunar, a partir de 30 de janeiro de 1968, é um momento decisivo na guerra. É um ataque em três fases do Exército Popular do Vietnã do Norte e dos guerrilheiros do Vietcong contra as forças dos EUA e do Vietnã do Sul. Vai até 23 de setembro e revela a capacidade dos norte-vietnamitas e vietcongues de fazer ataques profundos no Vietnã do Sul.
Cronkite fala sob o impacto da Ofensiva do Tet.
FIM DA TEMPESTADE DO DESERTO
Em 1991, o presidente George Herbert Walker Bush anuncia vitória na Guerra do Golfo e um cessar-fogo definitivo à meia noite pela hora de Washington, manhã do dia seguinte no Iraque e no Kuwait, onde a guerra é travada.
O ditador Saddam Hussein tem amplo apoio, dos Estados Unidos, da União Soviética e dos países árabes, na Guerra Irã-Iraque (1980-88) contra a Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, mas não consegue vencer e sai da guerra com graves prejuízos econômicos.
Saddam então chantageia a Arábia Saudita e o Kuwait, acusando-os de roubar petróleo de campos de petróleo em comum. Sem sucesso, em 2 de agosto de 1990, o Iraque invade o Kuwait. Saddam declara que o Kuwait é a 19ª província do Iraque.
Por medo de que o ditador iraquiano vá em frente e tome a Arábia Saudita, o que lhe daria 40% das reservas mundiais de petróleo, o presidente Bush manda soldados dos EUA para proteger a Arábia Saudita, na Operação Escudo no Deserto. Ao mesmo tempo, exige a retirada incondicional dos iraquianos e a restauração do governo do Kuwait.
Os EUA formar uma ampla aliança de mais de 30 países e nove resoluções no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A última autoriza o uso da força. É a primeira vez depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) que um país soberano invade outro e declara que o vizinho menor não tem o direito de existir.
Como Saddam não recua, os EUA vão à guerra em 17 de janeiro de 1991, na Operação Tempestade no Deserto. A guerra começa um intenso bombardeio aéreo, inclusive com as chamadas bombas inteligentes. São mais de 100 mil ataques com 88.500 toneladas de bombas.
A invasão terrestre começa em 24 de fevereiro. Em 100 horas, 41 divisões do Exército do Iraque são aniquiladas e o resto se rende ou foge, tocando fogo nos campos de petróleo do kuwaitiano, usando uma arma ambiental na retirada.
O comandante militar norte-americano, general Norman Schwarzkopf, quer marchar até Bagdá e depor Saddam Hussein, mas o presidente da França, François Mitterrand, é contra porque não está no mandato conferido pelo Conselho de Segurança da ONU. A guerra é para expulsar os iraquianos e restaurar o governo do Kuwait. Bush opta por não romper a coalizão e anuncia o fim da guerra.
Em 1802, nasce em Besançon, na França, o poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta e ativista pelos direitos humanos Victor Hugo, um dos maiores nomes da literatura francesa.
Victor é o terceiro filho do major Joseph-Léopold-Sigisbert Hugo, que seria general de Napoleão Bonaparte, e de mãe monarquista. A lealdade do pai a sucessivos governos franceses o leva a viajar pela Europa numa vida caótica.
Com a queda de Napoleão, em 1815, Victor Hugo fica alguns anos em Paris, onde se forma em direito. Antes de se formar, em 1816, decide ser escritor. Já tem cadernos com poemas, traduções, especialmente de Virgílio, e uma peça de teatro.
A mãe o aconselha a criar uma revista, Conservateur Littéraire, onde Victor Hugo publica uma aclamada crítica ao poeta francês Alphonse de Lamartine. Em 1822, ele lança seu primeiro livro, Odes e Poesias Diversas.
Suas obras mais conhecidas são Notre-Dame de Paris (1831) e Os Miseráveis (1862).
FUGA DE NAPOLEÃO
Em 1815, o imperador Napoleão Bonaparte foge do exílio na Ilha de Elba, para onde vai em 1814 depois de ser forçado a abdicar, retoma o poder ao voltar para Paris e governa a França pelo período conhecido como os Cem Dias até ser derrotado definitivamente na Batalha de Waterloo, na Bélgica, em 18 de junho de 1815, por uma aliança de Reino Unido, Áustria, Prússia e Rússia sob o comando do Duque de Wellington. Cai em 22 de junho.
Um dos maiores generais de todos os tempos, Napoleão Bonaparte chega ao posto com 24 anos porque a Revolução Francesa de 1789 acaba com a aristocracia e os generais do Exército da França precisavam ter quatro gerações de nobreza.
Em 1798, ele faz a campanha do Egito. Nas palavras do escritor russo Leon Tolstoy, em Guerra e Paz, sobre a fracassada campanha da Rússia, "resolveu matar africanos e matou tantos que quando voltou foi nomeado chefe de governo".
Num golpe em 9 de novembro de 1799, Napoleão torna-se primeiro cônsul da França e acaba na prática com a Revolução Francesa. Começa a era das guerras napoleônicas.
Depois da derrota do Grande Exército, de 600 mil homens, na campanha da Rússia, em 1812, Napoleão perde a Batalha de Leipzig em 19 de outubro 1813 para uma aliança de Áustria, Prússia, Rússia, Reino Unido e Suécia. Em 1814, os aliados invadem Paris. Napoleão é forçado a abdicar em 6 de abril e enviado para o exílio em Elba, onde chega em 4 de maio.
NASCE FATS DOMINO
Em 1928, nasce em Nova Orleans, nos Estados Unidos, o cantor, compositor e pianista Fats Domino, um astro do rhythm and blues e do jazz, e um dos primeiros roqueiros. Vende 65 milhões de discos.
Filho de uma família musical, Antoine Dominique Domino aprende com o cunhado, o guitarrista Harrison Verrett. Ele começa a tocar em clubes na adolescência. Em 1949, é descoberto por Dave Bartholomew, um compositor, produtor musical e líder de banda, destaque da música de Nova Orleans, que se torna o arranjador de Domino.
Sua primeira gravação, Fat Man (1950), é o primeiro de uma série de sucessos que inclui Ain't That a Shame (1955), Blueberry Hill (1956), I'm Walkin' (1957) e Walking to New Orleans (1960). Ele entra para o Rock and Roll Hall of Fame em 1986.
ATENTADO AO WORLD TRADE CENTER
Em 1993, extremistas muçulmanos ligados à rede terrorista Al Caeda explodem um caminhão-bomba no estacionamento da Torre Norte do World Trade Center, em Nova York, matando seis pessoas e ferindo mais de mil.
Os terroristas usam como explosivo 606 quilos de nitrato de ureia. O plano é abalar os alicerces da Torre Norte para fazê-la cair sobre a Torre Sul derrubando as duas.
Quatro extremistas são condenados pelo atentado em março de 1994: Mahmud Abouhalima, Nidal Ayyad, Ahmed Ajaj e Muhammad Salameh. Em novembro de 1997, mais dois são condenados: Ramzi Yousef, considerado o idealizador do ataque, e Eyad Ismoil, o motorista do caminhão.
O dinheiro veio do tio de Yousef, Khaled Cheikh Mohammed, acusado de ser o mentor do ataque de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas do World Trade Center, o maior atentado terrorista da história, em que 2.977 pessoas morreram, 2.606 em Nova York.
VIDAS PRETAS IMPORTAM
Em 2012, o adolescente negro desarmado Trayvon Martin, de 17 anos, é morto num condomínio em Sanford, na Flórida,pelo vigilante voluntário George Zimmerman, que alega legítima defesa e é absolvido.
A expressão "vidas pretas importam", que vira lema universal da luta contra o racismo e a violência policial, é usado pela primeira vez pela ativista Alicia Garza em 13 de julho de 2013 ao comentar a absolvição de Zimmerman.
Em 1570, o Papa Pio V excomunga a rainha Elizabeth I, da Inglaterra, e absolve seus súditos de qualquer juramento de lealdade que tenham feito a ela.
Elizabeth Tudor nasce em 7 de setembro de 1533 em Greenwich, na Inglaterra, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, sua segunda esposa. Para casar pela segunda vez, o rei rompe com a Igreja Católica e faz a Reforma Protestante na Inglaterra, criando a Igreja Anglicana em 1534. Assim, Elizabeth é protestante.
Quando Ana Bolena é acusada de adultério e executada na Torre de Londres, o casamento é anulado e Elizabeth vira filha bastarda do rei, mas a sexta e última esposa de Henrique VIII, Catherine Parr, a acolhe de volta na corte.
Depois da morte de Henrique VIII, seu filho homem, Eduardo VI, reina por seis anos, e Maria I, que é católica, por cinco anos. Logo depois de ascender ao trono, Elizabeth I reinstaura o protestantismo na Inglaterra e reverte as medidas da meia-irmã para reimpor o catolicismo.
Em 1559, Elizabeth I baixa o Ato de Supremacia, que declara que a rainha é a chefe da Igreja da Inglaterra, e o Ato de Uniformidade, que estabelece as regras de liturgia da Igreja. Pastores e funcionários públicos são obrigados a jurar lealdade à rainha como chefe da Igreja.
Muitos nobres e aristocratas, e a maioria dos cidadãos comuns, mantêm lealdade à antiga fé, mas todos os cargos importantes no governo e na Igreja são ocupados por protestantes.
Como a Igreja Anglicana mantém os rituais da Igreja Católica, muitos protestantes, como por exemplo os calvinistas, consideram a Reforma na Inglaterra aquém do necessário e pressionam por mudanças mais profundas na hierarquia e nos tribunais religiosos.
Em 1569, o Exército de Elizabeth I esmaga uma revolta de nobres católicos no Norte da Inglaterra. Maria Stuart, rainha da Escócia, que desde 1568 está exilada na Inglaterra, mais presa do que convidada, é acusada de ligação com a revolta e executada.
A prisão e morte da rainha que católicos ingleses consideram a legítima herdeira do trono da Inglaterra aumenta a tensão religiosa e leva o papa a excomungar Elizabeth I.
É uma era de conflitos religiosos na Europa pós-Reforma Protestante. Na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, os católicos franceses massacram os protestantes huguenotes. Só em Paris, são 3 mil mortos. Muitos protestantes franceses se refugiam na Inglaterra.
Os conflitos religiosos só terminam no continente em 1648, com o fim da Guerra dos Trinta Anos, e na Inglaterra em 1689, com a vitória da Revolução Gloriosa.
NASCIMENTO DE GEORGE HARRISON
Em 1943, nasce em Liverpool, na Inglaterra, o guitarrista, cantor, compositor e produtor musical George Harrison, o solista de guitarra dos Beatles, a mais importante banda de rock and roll de todos os tempos.
O beatle quieto e discreto, como era conhecido, adere ao hinduísmo e amplia os horizontes musicais dos outros membros da banda ao introduzir instrumentos musicais indianos. A maioria das canções dos Beatles são composições de John Lennon e Paul McCartney, mas George é autor de grandes sucessos como Taxman, While My Guitar Gently Weeps, Here Comes the Sun e Something, a segunda música mais regravada dos Beatles depois de Yesterday.
Depois da dissolução da banda, George lança um aclamado álbum triplo, All Things Must Pass, e organiza com o citarista indiano Ravi Shankar o Concerto para Bangladesh para arrecadar dinheiro para o povo miserável do novo país, o antigo Paquistão Oriental, no fim de uma guerra entre Índia e Paquistão.
Em 1988, ele funda o supergrupo Traveling Wilburys com Bob Dylan, Jeff Lynne, Roy Orbison e Tom Petty. Fumante, George morre aos 58 anos de câncer de pulmão em Los Angeles em 29 de novembro de 2001.
DENUNCIA DO STALINISMO
Em 1956, no encerramento do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, o líder do partido, Nikita Kruschev, denuncia os crimes de Josef Stalin.
Numa sessão fechada do primeiro congresso do PC desde a morte do grande ditador soviético em 5 de março de 1953, cerca de 1.500 delegados ouvem o discurso O Culto da Personalidade e Suas Consequências.
Durante quatro horas, Kruschev acusa Stalin de "graves abusos de poder", de "prisões em massa e deportações de milhares e milhares de pessoas, de execuções sumárias sem investigação nem julgamento", o que gerou "insegurança, medo e desespero".
"Em toda uma série de casos", afirma Kruschev, Stalin "mostrou sua intolerância, sua brutalidade, seu abuso de poder. (...) Com frequência, escolheu o caminho da repressão e da aniquilação física não apenas contra verdadeiros inimigos, mas também contra pessoas que não haviam cometido nenhum crime contra o partido ou contra o governo soviético."
Pessoas inocentes foram forçadas a confessar crimes "por causa de métodos físicos de pressão, tortura, reduzindo-os à inconsciência, privando-os de julgamentos, tirando-lhes a dignidade humana".
Stalin "chamou pessoalmente o interrogador, deu-lhe instruções e disse-lhe quais métodos usar, métodos que eram simples – bater, bater e, mais uma vez, bater".
Kruschev também ataca o desempenho "incompetente" de Stalin na guerra e a deportação "monstruosa" dos povos caucasianos. Stalin foi responsável pela ruína da agricultura e por promover seu próprio culto "nauseantemente falso" da personalidade.
Stalin traiu as ideias e o legado de Lenin, proclama Kruschev. Sua condenação foi limitada. Enquanto 'trotskistas' e 'bukharinistas' oposicionistas a Stalin não mereciam "aniquilação física", eles eram "inimigos ideológicos e políticos".
Em sua defesa, Kruschev alega que ele e outros colaboradores do Politburo de Stalin só estavam agindo agora porque "viam essas questões de forma diferente em momentos diferentes". Ele alega que eles não sabiam o que Stalin fez em seu nome e, quando descobriram, era tarde demais.
Kruschev também diz que Stalin tinha planos de acabar com seus camaradas do Politburo, para "destruí-los de modo a esconder os atos vergonhosos sobre os quais agora estamos relatando". Supostamente, os líderes e antigos aliados de Stalin, Viacheslav Molotov, Georgy Malenkov, Lazar Kaganovich e Kliment Voroshilov, ficam extasiados.
O conteúdo do "discurso secreto" logo se espalha. Os delegados da Europa Oriental são autorizados a ouvi-lo na noite seguinte. Até 5 de março, cópias são enviadas a toda a União Soviética. Uma tradução oficial aparece dentro de um mês na Polônia, onde 12 mil cópias são impressas, uma das quais chega ao Ocidente.
Ao denunciar Stalin, Kruschev não procura mudar a sociedade soviética fundamentalmente. Quer mais consolidar o poder, mas seu discurso tem efeitos amplos e de longo prazo. É um golpe arrasador para os regimes stalinistas em todos os lugares e um fator para desencadear uma revolta na Polônia e a Revolução Húngara de 1956.
Décadas depois, Mikhail Gorbachev, o último líder da URSS, elogia Kruschev como "um homem moral, apesar de tudo".
CASSIUS CLAY CAMPEÃO MUNDIAL
Em 1964,aos 22 anos, com excelentes esquivas e jogo de pernas, saltitante, Cassius Marcellus Clay vence o campeão Sonny Liston, muito mais forte fisicamente, por nocaute técnico no sétimo assalto e toma o título mundial de boxe da categoria peso-pesado, no início de uma carreira brilhante em que se torna campeão mundial três vezes.
Liston ganha o título ao nocautear duas vezes o campeão mundial anterior, Floyd Patterson, no primeiro assalto. É o favorito nas casas de apostas a 8 por 1.
Falastrão, Clay promete ganhar a luta por nocaute no oitavo assalto "flutuando como uma borboleta e ferrando como uma abelha". No fim do sétimo assalto, Liston se queixa de uma dor no ombro. Com uma luxação na clavícula, Liston não volta mais e Clay é proclamado campeão.
Meses depois, ele abandona o nome de batismo porque os negros norte-americanos tinham o sobrenome das famílias que escravizavam seus avós. Muçulmano, passa a se chamar Muhammad Ali.
Ele nasce em Louisville, no estado do Kentucky, em 1942. Começa no boxe aos 12 anos. Ao 18 anos, completa 100 vitórias no boxe amador. Em 1960, ganha uma medalha de ouro na Olimpíada de Roma. Quando tenta festejar o título tomando café no centro de sua cidade natal, não é atendido por ser negro.
Por rejeitar a convocação para a Guerra do Vietnã, Ali perde o título em 1967. Ele alega objeção de consciência: "Por que me pedem para botar um uniforme e ir a 10 mil milhas de casa jogar bombas em pessoas morenas no Vietnã quando as pessoas chamadas de negros no Kentucky são tratados como cães e não têm os mínimos direitos humanos? Nenhum vietnamita me chamou de crioulo."
Ali volta ao boxe em 1970. No ano seguinte, a Suprema Corte anula a condenação por se negar a servir o Exército em plena guerra. Em 8 de março de 1971, no Madison Square Garden, em Nova York, ele perde por pontos a Luta do Século em 15 assaltos contra Joe Frazier, nocauteado por George Foreman em dois assaltos em 22 de janeiro de 1973, em Kingston, na Jamaica.
Isto abre caminho para outra luta do século, Ali x Foreman, em Kinshasa, no Zaire (hoje República Democrática do Congo), em 30 de outubro de 1974. Depois de resistir à saraivada de golpes do adversário, Ali conquista o título mundial de boxe peso-pesado pela segunda vez.
Em 1978, Leon Spinks o vence e conquista o título, mas Ali ganha a revanche e se torna o único peso-pesado a ganhar o título três vezes. Em 1984, é diagnosticado com mal de Parkinson por causa dos golpes recebidos na cabeça quando era boxeador. Ele acende a pira na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Vive até 3 de junho de 2016.
QUEDA DE FERDINAND MARCOS
Em 1986, sob pressão dos Estados Unidos, que durante décadas apoiou sua ditadura, o ditador Ferdinand Marcos foge das Filipinas para o Havaí e a oposicionista Corazón Aquino, derrotada em eleição fraudulenta, assume a Presidência.
Ferdinand Emmanuel Edralin Marcos nasce em Sarrat, nas Filipinas, em 11 de setembro de 1917, filho de Mariano Marcos, um advogado e congressista de Ilocos Norte executado por guerrilheiros em 1945 por ter colaborado com o Japão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Depois da guerra, as Filipinas se tornam independentes dos EUA.
Ferdinand estuda direito na Universidade das Filipinas. Em 1933, é acusado de matar um adversário político do pai. Condenado em novembro de 1939, é absolvido no ano seguinte pela Suprema Corte. É eleito deputado em 1949, para o Senado em 1959 e para a Presidência em 1965.
Em 1969, Marcos torna-se o primeiro presidente reeleito da história das Filipinas. Três anos depois, em 21 de setembro de 1972, invocando a ameaça comunista, decreta lei marcial e vira um ditador. Seu governo é marcado pela brutalidade, a corrupção e a extravagância.
Marcos vai de advogado e político a ditador e cleptocrata. Quando cai, descobre-se a coleção de 1.200 pares de sapato da primeira-dama, Imelda Marcos, que vira um símbolo da corrupção.
A lei marcial é ratificada num plebiscito fraudulento em 1973. Sob a censura, a violência e a repressão, dois grupos guerrilheiros lutam contra a ditadura de Ferdinand Marcos, um maoísta e outro muçulmano.
Depois de uma terceira reeleição em 1981, as Filipinas enfrentam uma crise econômica que atinge mercados emergentes depois da Crise da Dívida da América Latina, em 1982. Com a economia em colapso, Marcos comete um erro fatal.
Ao voltar ao país, o líder da oposição, Benigno Aquino, é assassinado no aeroporto de Manila em 23 de agosto de 1983. A oposição ressurge com força nas eleições parlamentares de 1984 e a viúva de Benigno Aquino se apresenta como candidata para desafiar o ditador.
Diante da fraude, uma onda de protestos populares toma conta das ruas e derruba Marcos. Durante sua cleptocracia, a família rouba entre 5 a 10 bilhões de dólares do Banco Central das Filipinas. Seu filho, Ferdinand Marcos Jr., preside as Filipinas desde 30 de junho de 2022.
VITÓRIA DE VIOLETA CHAMORRO
Em 1990, num resultado surpreendente, com 54% dos votos, a candidata da oposição, Violeta Chamorro, vence a eleição presidencial na Nicarágua, derrotando o presidente Daniel Ortega, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que derrubara a ditadura de Anastasio Somoza em 19 de julho de 1979.
Violeta Barrios de Chamorro é outra viúva que entra na política como herdeira do marido assassinado. Pedro Joaquín Chamorro era um jornalista de oposição, diretor do jornal La Prensa, visto como a melhor alternativa à dinastia de ditadores da família Somoza, que mandava na Nicarágua desde 1933. Seu assassinato, em 10 de janeiro de 1978, mata a última chance de uma transição negociada com a ditadura de Tachito Somoza.
Com o assassinato de Pedro Joaquín Chamorro, a luta armada ganha mais força e os EUA abandonam o ditador, que cai em julho de 1979. A FSLN se instala no poder com uma junta de nove comandantes, chamados de nueve fidelitos, entre eles dois Ortegas, que tinham perdido um irmão considerado herói da revolução. Daniel Ortega se torna presidente e Humberto Ortega, ministro da Defesa.
Daniel Ortega vence a eleição de 1984, que a oposição boicota sob pressão do governo Ronald Reagan nos Estados Unidos, que financiam os rebeldes contrarrevolucionários e a campanha de Violeta Chamorro. Ela chega a fazer parte do governo revolucionário em 1979-80, mas se desilude com o esquerdismo da FSLN, assume a direção do jornal La Prensa e se torna a principal voz da oposição.
Sua vitória leva ao fim da guerra civil e ao desarmamento dos contras, como eram conhecidos os rebeldes. No poder, Violeta Chamorro adota uma política econômica neoliberal, desvaloriza a córdoba em 400%, privatiza empresas, fecha a companhia estatal de trens e corta benefícios sociais. O desemprego chega a 24%. Também abre mão de uma multa de US$ 17 bilhões que a Corte Internacional de Justiça impõe aos EUA por apoiar os contras e minar portos nicaraguenses.
Ortega volta ao poder em 2007, com o apoio do somozismo, do ex-presidente Arnoldo Alemán, preso por corrupção, para nunca mais sair. Nomeia juízes amigos para a Corte Suprema ignora as restrições à reeleição e impõe uma ditadura, ao lado da mulher e vice-presidente Rosario Murillo, que prende todos os candidatos da oposição na eleição de 2021, expulsa mais de 200 oposicionistas e persegue até a Igreja Católica, hoje a principal voz dissidente na Nicarágua.
Três anos depois da invasão da Ucrânia, a Rússia não consegue vencer a guerra que esperava ganhar em dias, semanas ou alguns meses e uma reviravolta na política dos Estados Unidos sob Donald Trump joga uma boia da salvação para o ditador Vladimir Putin. Em duas votações nas Nações Unidas, os EUA votaram com a Rússia para negar que este país seja o agressor.
A Rússia ocupa pouco menos de um quinto do território ucraniano e nenhum dos dois lados consegue avançar. A economia russa mostra sinais de desgaste, mas a expectativa de que Trump levante as sanções dão novo ânimo ao país abalado pela guerra de conquista iniciada por seu ditador, que tem prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por sequestro e deportação de crianças ucranianas.
O presidente Volodymyr Zelensky resiste à chantagem de Trump para ceder a metade das riquezas minerais da Ucrânia, mas sabe que o país depende dos EUA, então pede garantias de segurança. De um lado, sofre pressão para ceder a soberania nacional a Putin; do outro, para ceder a soberania econômica a Trump.
Em 1525, as forças do imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, impõe uma derrota decisiva ao exército do rei Francisco I da França.
No fim de 1524, a França invade a Lombardia, toma Milão e cerca Pávia, 25 quilômetros ao sul, controlada pelo Sacro Império. Carlos V manda então um exército sob o comando do Marquês de Pescara, que aniquila o exército francês.
Francisco I é capturado em Mirabello e levado para Madri, onde um ano depois assina um tratado de paz renunciando as reivindicações da França sobre a Itália, que fica sob o domínio da Dinastia dos Habsburgo.
Arqui-inimigos, Carlos I da Espanha e Francisco I da França disputaram a eleição para imperador do Sacro Império. Carlos I compra votos e vira o imperador Carlos V do império fundado por Carlos Magno em 800.
A vitória consolida o poder dos Habsburgo na Europa e do Império Espanhol na América.
REVOLUÇÃO ANTIMONÁRQUICA NA FRANÇA
Em 1848, uma onda de revoluções contra a monarquia que varre a Europa chega à França, único país onde a revolta é bem-sucedida, criando a Segunda República, que vai até 1852, quando Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho do imperador Napoleão I, se proclama imperador Napoleão III, dando início ao Segundo Império.
A primeira revolução começa em janeiro na Sicília. Depois da França, chega à Itália, à Prússia, ao Império Austríaco e ao resto do continente. Só a Espanha, a Rússia e os países da Escandinávia ficam fora.
No Reino Unido, é uma pequena manifestação do cartismo, um movimento de 1838 liderado pelo radical William Lovett, que defende uma Carta do Povo com sufrágio universal para os homens, distritos eleitorais iguais, voto secreto, eleição anual do Parlamento, pagamento aos parlamentares e fim da exigência de ser proprietário para ser deputado. Na Irlanda, há uma agitação republicana.
Na Bélgica, na Holanda e na Dinamarca, há manifestações pacíficas por reformas das instituições. As grandes insurreições pela democracia acontecem em Paris, Viena e Berlim, mas só tem sucesso na França, onde a Segunda República introduz o sufrágio universal para os homens.
O príncipe Luís Napoleão é o primeiro presidente da França eleito pelo voto popular. Dá um golpe contra a Assembleia Nacional em 2 de dezembro de 1851 e funda no ano seguinte o Segundo Império, que acaba com a derrota para na Guerra Franco-Prussiana (1870-71), que leva à unificação da Alemanha.
CÂMARA DENUNCIA PRESIDENTE
Em 1868, por 126-47, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos decide abrir um processo de impeachment do presidente Andrew Johnson (1865-69), cuja leniência em relação ao Sul no período da Reconstrução irrita a ala radical do Partido Republicano.
Johnson é vice-presidente de Abraham Lincoln (1861-65), o presidente durante a Guerra da Secessão (1861-65), que vai à guerra contra os estados do Sul para manter a União e abolir a escravidão.
Depois da guerra civil, Johnson autoriza a rápida reintegração dos estados do Sul à União sem garantias de proteção aos escravos libertos. Durante seu governo, os EUA compram o Alasca da Rússia.
Com conflito entre o Legislativo e o Executivo, o Congresso aprova a Lei de Posse do Cargo (1867), que limita a capacidade do presidente de nomear e demitir assessores. Quando Johnson demite o secretário da Guerra, Edwin Stanton, a Câmara vota o impeachment. Ele é salvo no Senado. Falta um voto para a maioria de dois terços necessária para afastar o presidente dos EUA.
PRIMEIRA ELEIÇÃO DE PERÓN
Em 1946, o vice-presidente e ministro da Guerra Juan Domingo Perón é eleito presidente da Argentina pela primeira vez, funda o peronismo e se torna o político dominante do país até os dias de hoje, muito além de sua morte.
O coronel Perón é nomeado secretário do Trabalho e da Seguridade Social de um governo militar em dezembro de 1943. Com o apoio do movimento sindical, cria a Justiça do Trabalho, escolas técnicas e um hospital e policlínica para ferroviários. Vira o herói dos descamisados.
Destituído e preso num golpe em 9 de outubro de 1945, sob pressão dos sindicatos e de sua segunda mulher, Maria Eva Duarte de Perón, a Evita, volta nos braços do povo. Em 17 de outubro daquele ano, o Dia da Lealdade para os peronistas, faz seu primeiro discurso triunfal na sacada da Casa Rosada.
Eleito com 52,4% dos votos, Perón nacionaliza os bancos e ferrovias, o Banco Central e algumas companhias de eletricidade. Dá vários benefícios aos trabalhadores: aumento do salário mínimo, 13º salário, folgas semanais, redução da jornada de trabalho, aposentadoria, férias remuneradas, seguro-saúde e cobertura para acidentes de trabalho. Entre 1945 e 1948, a economia argentina cresce a um ritmo recorde de 8,5% ao ano, enquanto os salários reais aumentam 46%.
Reeleito em 11 de novembro de 1951 com 63,5%, depois de uma campanha pelo voto feminino liderada por Evita, Perón governa até 16 de setembro de 1955, quando é deposto por um golpe militar e foge para o exílio.
Perón volta à Argentina em 1973, é reeleito para um terceiro mandato e governa o país até morrer, em 1º de julho de 1974, deixando no poder sua terceira mulher, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita, que não tem o carisma de Evita e é deposta num golpe militar em 24 de março de 1976, início de uma ditadura cruel acusada de matar 30 mil argentinos.
INVASÃO DA UCRÂNIA
Em 2022, oito anos depois de anexar ilegalmente a Crimeia, a Rússia do ditador Vladimir Putin invade a ex-república soviética da Ucrânia a pretexto de "desmilitarizar" e "desnazificar" o país como se representasse ameaça à Rússia.
Os EUA se oferecem para retirar do país o presidente Volodymyr Zelensky, acusado de ser nazista, apesar de ser judeu, mas ele pede dinheiro e armas para resistir. Um mês depois, a Rússia abandona a região de Kiev e concentra a ofensiva no Leste e no Sul da Ucrânia.
Contra todas as previsões, a Ucrânia resiste há três anos, com o apoio dos EUA e da Europa. Não se sabe o número de mortos nesta guerra, mas seriam pelo menos mais de 100 mil de cada lado. Com a fadiga deste apoio e a maior capacidade russa de repor homens, armas e munições no campo de batalho, no momento, a Rússia está mais perto da vitória.
Com a reeleição de Donald Trump, que promete na campanha acabar com a guerra em 24 horas, há uma ameaça de que os EUA abandonem a Ucrânia. Antes da abertura de negociações, Trump cede a várias exigências de Putin e exige um acordo para explorar a metade dos recursos naturais ucranianos, no valor de US$ 500 bilhões, que Zelensky rejeita
Com 28,5% dos votos, a aliança da União Democrata-Cristã com a União Social-Cristã (CDU-CSU) venceu as eleições parlamentares deste domingo na Alemanha, mas seu líder, Friedrich Merz (foto), terá de formar uma coalizão para governar, provavelmente com o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), que ficou em terceiro lugar com 16,4%, e talvez também com Os Verdes, que tiveram 11,6%.
A neonazista Alternativa para a Alemanha (AfD) dobrou seu percentual de votação para 20,8% e será o maior partido da oposição, com 151 deputados. Foi o melhor resultado da extrema direita depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Na faixa etária de 35 a 44 anos, foi o partido mais votado, com 26% contra 24% da direita republicana (CDU-CSU). Sua líder, Alice Weidel, declarou que será um governo frágil que não vai até o fim do mandato de quatro anos.
Três ataques terroristas recentes cometidos por imigrantes fortaleceram a extrema direita. Em dezembro, um médico saudita atropelou e matou seis pessoas e feriu 229 numa feira de Natal em Magdeburgo. Em 13 de fevereiro, um afegão que teve o pedido de asilo negado matou uma mulher e sua filha, e feriu outras 30 pessoas num atropelamento em Munique. No sábado, um refugiado sírio esfaqueou uma pessoa perto do Memorial do Holocausto em Berlim aos gritos de "morte aos judeus".
As eleições previstas para setembro foram antecipadas pelo colapso da coligação sinal de trânsito, vermelho do SPD, amarelo do Partido Democrático Livre (FDP) e os Verdes, em 6 de novembro do ano passado, depois que o FDP rejeitou a proposta orçamentária do chanceler (primeiro-ministro) Olaf Scholz cobrando austeridade fiscal para combater a crise econômica. Com apenas 4,4% dos votos, o FDP não superou a cláusula de barreira de 5%. Fica fora do Parlamento. Seu líder, Christian Linder, renunciou.
A participação de 83% do eleitorado foi a maior desde a reunificação do país, em 3 de outubro de 1990, mas a Alemanha ainda está dividida. Com 29,7% da votação, a extrema direita ganhou em toda a antiga Alemanha Oriental, a não ser em Berlim. Ficou em quarto lugar na antiga Alemanha Ocidental, com 13%.
No fim, a União (CDU-CSU) elegeu 208 dos 630 deputados da Câmara Federal, dos quais 299 são eleitos pelo voto distrital e os outros 331 pelo voto proporcional em listas partidárias. A AfD terá 151 cadeiras.
Os sociais-democratas tiveram o pior resultado desde 1949, quando foi fundada a Alemanha Ocidental, depois da divisão do país no fim da Segunda Guerra Mundial. Ficaram com 121 deputados. Junto com a União, somam 329 cadeiras, suficientes para a maioria.
Os Verdes elegeram 85 deputados. Se entrarem no governo, a coalizão terá uma maioria folgada de 414 cadeiras, mas é improvável por causa da linha dura adotada por Merz contra a imigração. O futuro chanceler quer suspender o Acordo de Schengen, que aboliu as fronteiras internas da União Europeia, e voltar a fazer controle de fronteiras para impedir a entrada de imigrantes ilegais.
A Aliança Sarah Wagenknecht (BSW), de esquerda radical, chegou a 4,9% e também ficou fora. Se superasse a cláusula de barreira, como a televisão ZDF chegou a anunciar, Os Verdes teriam de entrar para o governo.
Nacionalista de esquerda, conservadora em questões sociais, a BSW é antieuropeia e contra a participação da Alemanha na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos. É uma dissidência do partido A Esquerda, que conquistou 8,8% dos votos e terá 64 parlamentares.
Uma cadeira foi conquistada pelo voto distrital pela Associação dos Eleitores de Schleswig do Sul.
Maior economia da Europa e terceira do mundo, com produto interno bruto de US$ 4,9 trilhões, a Alemanha está em recessão há dois anos por causa do aumento da concorrência da indústria da China e do fim da energia barata da Rússia por causa das sanções à ditadura de Vladimir Putin em razão da invasão da Ucrânia. O modelo econômico alemão está em crise e não há solução fácil.
O maior desafio é a mudança de posição dos EUA no governo Donald Trump em relação à OTAN e à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Isto obriga a Europa a aumentar os gastos militares tratar de garantir a segurança do continente sem depender de Washington. No momento, a Alemanha gasta 1,7% do PIB em defesa. A meta da OTAN era 2%. Trump quer um aumento para 5% para manter a aliança atlântica.
Diante dos problemas do país e da Europa, Merz pediu pressa nas negociações: "O mundo lá fora não está esperando por nós." Ele defende uma política mais dura com a Rússia. Quer dar mais armas à Ucrânia, enquanto o presidente dos EUA se aproxima de Putin e "fortalecer a Europa tão rapidamente quanto possível para que seja independente dos EUA."
Trump está chantageando a Ucrânia. Se o presidente Volodymyr Zelensky não concordar em ceder 50% das riquezas minerais da Ucrânia, no valor de US$ 500 bilhões, Trump ameaça suspender a ajuda ao país.
Nesta caso, a Europa terá de aumentar a ajuda militar à Ucrânia para evitar a vitória de Putin, que seria extremamente negativa para a segurança do continente.