Sob o impacto da pandemia do novo coronavírus, a economia do Reino Unido, a sexta maior do mundo e a segunda da Europa, sofreu uma queda recorde de 20,4% em abril em relação a março, anunciou hoje o Escritório Nacional de Estatísticas.
Foi uma queda 10 vezes maior do que as registradas antes da doença do coronavírus de 2019. A contração de março, de 5,8%, era a maior desde o início da pesquisa, em 1997. Isto significa uma queda acumulada de 25% desde fevereiro, o que caracteriza uma depressão.
Os economistas ouvidos pela agência de notícias Reuters esperavam um recuo de 18,4%. Durante a Grande Recessão de 2008-9, a maior queda da economia britânica foi de 1% em março de 2009. Ao todo, em um ano e meio de crise, a baixa foi de 6%.
A queda recorde reflete a paralisação da maioria das empresas e a decisão dos consumidores de ficar em casa para evitar a contaminação. No primeiro trimestre, a contração fora de 10,4%, a maior baixa trimestral desde o início desta pesquisa, em 1955.
Agora, o produto interno bruto do Reino Unido recuou ao nível de 2002. Diante dos números, o ministro das Finanças, Rishi Sunak, declarou que "a ajuda direita, os cortes de impostos e os empréstimos protegeram milhares de empresa e milhões de empregos, dando-nos a melhor chance de recuperação quando a economia reabrir."
O setor de serviços, responsável por 80% da economia britânica, caiu 19% e a produção industrial 20,3%, recorde desde o início da pesquisa, em 1968. A produção da automóveis foi 28,3% menor. A construção civil desabou em 40,1%, recorde desde o início da pesquisa, em 2010. Só o setor farmacêutico cresceu, 15,4%.
Na Alemanha, a produção industrial caiu 17,9% em abril e, na França, 20%.
Ontem, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) tinha previsto que o Reino Unido sofreria a maior contração entre os países ricos.
O primeiro-ministro Boris Johnson está sob pressão do empresariado e do Partido Conservador para acabar com a exigência de um distanciamento social de pelo menos dois metros para acelerar a recuperação da economia, mas os dados sobre aumento da contaminação nos Estados Unidos sugeram que a medida pode agravar a crise de saúde pública.
Com 41.278 mortes, o Reino Unido é o segundo país em número de mortes pela covid-19, atrás apenas dos EUA, mas deve ser ultrapassado hoje pelo Brasil.
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