O partido Europa Ecologia-Os Verdes (EELV), fundado em 2010 por Daniel Cohn-Bendit, Dani le Rouge, líder da Revolução dos Estudantes de Maio de 1968, sem deputados na Assembleia Nacional, foi o grande vitorioso das eleições municipais francesas, cujo segundo turno foi disputado ontem. Em Paris, apoiou a reeleição da prefeita socialista Anne Hidalgo, com 49% dos votos.
Foi uma derrota para A República em Marcha (LREM), o partido do presidente Macron. Uma aliança de esquerda se reconstitui, pressionando o presidente, que foi ministro das Finanças do presidente socialista François Hollande (2012-17), a se alinhar à centro-direita.
O primeiro-ministro Edouard Philippe, que veio do partido gaullista Os Republicanos (LR), salvou a honra do governo ganhando em Le Havre. Com vitórias em Nice e Toulouse, LR se firma como o partido dominante nas cidades de médio porte, com mais de 9 mil habitantes.
A Reunião Nacional, de extrema direita, conquistou em Perpignan, na fronteira com a Espanha, sua segunda vitória numa grande cidade, de mais de 100 mil habitantes, depois de vencer em Toulon em 1995. No primeiro turno, havia confirmado o controle sobre 7 das 11 cidades onde venceu em 2014. Ganhou mais duas e perdeu duas no domingo.
Havia rumores de que Macron poderia demiti-lo em caso de derrota do governo, mas Philippe se tornou mais popular do que o presidente, considerado arrogante e elitista, durante a quarentena. Se for afastado, pode desafiar Macron na eleição presidencial de 2022. Em pesquisa do jornal direitista Le Figaro, 75% apoiam a manutenção de Philippe na chefia do governo.
"Isto lembra as eleições municipais de 1977", quando a esquerda ganhou, antecipando a vitória do socialista François Mitterrand na eleição presidencial de 1981, festejou o secretário-geral do partido, Julian Bayou.
"Apesar das coalizões anticlima, apesar dos insultos na campanha, os prefeitos ecologistas foram reeleitos e novas vitórias permitem à ecologia se ancorar duradouramente em numerosas cidades e grandes metrópoles - e também em numerosas vilas e bairros populares", acrescentou.
Para o eurodeputado verde Yannick Jadot, uma das estrelas do partido, "é uma virada política em nosso país. A paisagem se recompõe ao redor da ecologia, de um projeto rico. É uma reação à impotência e à falta de escolhas do governo nas questões ecológicas e sociais, à verticalidade de seu poder."
Mesmo com uma abstenção recorde (60%) e um grande intervalo desde o primeiro turno, em 15 de março, o adiamento por causa do confinamento imposto pela pandemia do novo coronavírus não tirou o ímpeto do movimento verde.
Ao contrário. "A leitura da pandemia se fez ao redor da ecologia, com o questionamento dos estilos de vida e de consumo que metem à prova nossos ecossistemas", analisou o diretor do Departamento de Opnião do Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP), Jérôme Fourquet, coautor do livro Em Imersão: uma pesquisa sobre uma sociedade confinada.
Na sua opinião, "o confinamento foi um acelerador. As pessoas querem mais localismo e uma baixa do consumo frenético. Esse período reforçou os temas do EELV."
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