O Exército da França matou na última quarta-feira no Mali o comandante da rede terrorista Al Caeda no Magreb Islâmico, Abdelmalek Droukbel, anunciou ontem à noite no Twitter a ministra dos Exércitos, Florence Party.
Desde o início do século, ele estava escondido nas florestas impenetráveis de Akfadu, na Cabília, uma região montanhosa do Norte da Argélia, e nos montes de Tebassa, na fronteira com a Tunísia.
A partir de 2013, o Norte do Mali passou a ser o principal teatro de operações das forças militares francesas no combate ao terrorismo na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara. Droukbel foi localizado depois de uma troca de informações entre os serviços secretos da França e dos Estados Unidos.
Com satélites e aviões-espiões, os EUA fazem uma vigilância aérea na região, que virou o principal foco do terrorismo no mundo depois da derrota do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Abdelmalek Droukbar estava com um pequeno grupo quando foi atacado por um comando de operações especiais da França. O corpo foi "identificado formalmente", declarou o porta-voz do Estado-Maior francês, Frédéric Barbry.
A ação foi realizada ao norte do Adrar de Ifogahs, um maciço montanhoso da região de Kidal, no Norte do Mali, a 80 quilômetros a leste da vila de Tessalit, com helicópteros e forças terrestres.
Droukbel nasceu em 20 de abril de 1970 na vila de Zayane, situada a cerca de 50 km de Argel, a capital da Argélia. Estudava engenharia quando começou a guerra civil argelina, em 26 de dezembro de 1991, depois que o governo cancelou o segundo turno das eleições parlamentares diante da iminente vitória da Frente Islâmica de Salvação), um grupo fundamentalismo muçulmano.
Como era simpatizante da FIS, Droukbel foi para a clandestinidade, aderiu ao Grupo Islâmico Armado (GIA) e subiu dentro do movimento islamista até se tornar membro do Conselho de Comando do Grupo Salafista pela Pregação e o Combate (GSPC), que nasceu em 1998 das cinzas do GIA. Por esta posição, foi condenado à morte cinco vezes.
No verão de 2004, Droubkar se tornou comandante. Sem condições de se estabelecer no Norte da Argélia, a região mais povoada do país, perto do Mar Mediterrâneo, a GPSC passou a atuar mais no Sul. Durante a verão de 2015, atacou quartéis do Exército da Mauritânia.
Seis meses depois, Droukbar aderiu à rede Al Caeda e adotou o nome de guerra de Abu Mussab al-Wadud, em homenagem ao então líder da Caeda no Iraque, Abu Mussab al-Zarkawi, morto em 7 de junho de 2006 por forças americanas. Sua missão era aglutinar grupos terroristas do Sahel a Al Caeda.
"Não fazia muito tempo que Droukbar estava no Mali", contou uma fonte oficial da França ao jornal Le Monde. "Sem saber que se tratava de um movimento sob pressão dos acontecimentos na Argélia o se deliberadamente dentro da sua lógica de desenvolvimento, tínhamos informações há um mês que o estado-maior da Caeda havia descido para o Norte do Mali. Isto expôs Drokbel."
Com as eleições legislativas de abril, a crise política e a pandemia da covid-19, a emergência de saúde pública tirou o foco do governo malinês do controle de segurança no Norte do país, facilitando as ações de grupos terroristas.
Há dez anos, o governo central de Bamako perdeu o controle sobre o Norte, o que levou à intervenção militar da França com o apoio das Nações Unidas a partir do início de 2013.
O conflito pela supremacia no movimento jihadista se repete no Sahel, com a aparição do Estado Islâmico do Grande Saara. Nas últimas semanas, os grupos ligados a Al Caeda estariam levando vantagem.
O principal foco do terrorismo no Sahel é a tríplice fronteira entre o Mali, Burkina Fasso e o Níger, três dos países mais pobres do mundo, sem recursos para enfrentar os jihadistas sem a ajuda das grandes potências.
A violência dos extremistas muçulmanos se propagou para outros países da região, Costa do Marfim, Gana, Togo e Benin. Na Nigéria, o grupo terrorista Boko Haram trava uma guerra civil desde 2009, com ramificações por Camarões, Chade e Níger.
Desde 2015, uma dissidência do Boko Haram aderiu ao Estado Islâmico e se apresenta como o Estado Islâmico da África Ocidental, mas Al Caeda está mais enraizada nas miseráveis populações locais.
No Mali, os dois jihadistas mais procurados são Iyad Ag Ghali, um ex-líder do povo tuaregue, hoje comandante do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, do francês), e seu aliado Amadou Koufa.
Mesmo sem reivindicar, eles são os principais suspeitos do sequestro do líder da oposição no Mali, Soumaila Cissé, ex-ministro das Finanças, três vezes candidato à Presidência, quando fazia campanha para as eleições parlamentares de abril.
Apesar de ter sido um dos chefes da Caeda de maior longevidade, o impacto da morte de Drokbar é mais simbólico. A história das organizações jihadistas indica que elas sobrevivem à morte de seus líderes. Como acontece com os cartéis do tráfico de drogas na América Latina, o corte de cabeças não muda a realidade que os gerou.
Ele foi o último argelino a comandar Al Caeda no Magreb Islâmico, o que implica uma reorganização do grupo. Para o coronel Barbry, "este tipo de operação é apenas uma etapa da solução do problema, que passa pelo desenvolvimento da região e da diplomacia. Temos de festejar este sucesso, mas continuar a pressionar o Estado Islâmico no Grande Saara."
"Não fazia muito tempo que Droukbar estava no Mali", contou uma fonte oficial da França ao jornal Le Monde. "Sem saber que se tratava de um movimento sob pressão dos acontecimentos na Argélia o se deliberadamente dentro da sua lógica de desenvolvimento, tínhamos informações há um mês que o estado-maior da Caeda havia descido para o Norte do Mali. Isto expôs Drokbel."
Com as eleições legislativas de abril, a crise política e a pandemia da covid-19, a emergência de saúde pública tirou o foco do governo malinês do controle de segurança no Norte do país, facilitando as ações de grupos terroristas.
Há dez anos, o governo central de Bamako perdeu o controle sobre o Norte, o que levou à intervenção militar da França com o apoio das Nações Unidas a partir do início de 2013.
O conflito pela supremacia no movimento jihadista se repete no Sahel, com a aparição do Estado Islâmico do Grande Saara. Nas últimas semanas, os grupos ligados a Al Caeda estariam levando vantagem.
O principal foco do terrorismo no Sahel é a tríplice fronteira entre o Mali, Burkina Fasso e o Níger, três dos países mais pobres do mundo, sem recursos para enfrentar os jihadistas sem a ajuda das grandes potências.
A violência dos extremistas muçulmanos se propagou para outros países da região, Costa do Marfim, Gana, Togo e Benin. Na Nigéria, o grupo terrorista Boko Haram trava uma guerra civil desde 2009, com ramificações por Camarões, Chade e Níger.
Desde 2015, uma dissidência do Boko Haram aderiu ao Estado Islâmico e se apresenta como o Estado Islâmico da África Ocidental, mas Al Caeda está mais enraizada nas miseráveis populações locais.
No Mali, os dois jihadistas mais procurados são Iyad Ag Ghali, um ex-líder do povo tuaregue, hoje comandante do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, do francês), e seu aliado Amadou Koufa.
Mesmo sem reivindicar, eles são os principais suspeitos do sequestro do líder da oposição no Mali, Soumaila Cissé, ex-ministro das Finanças, três vezes candidato à Presidência, quando fazia campanha para as eleições parlamentares de abril.
Apesar de ter sido um dos chefes da Caeda de maior longevidade, o impacto da morte de Drokbar é mais simbólico. A história das organizações jihadistas indica que elas sobrevivem à morte de seus líderes. Como acontece com os cartéis do tráfico de drogas na América Latina, o corte de cabeças não muda a realidade que os gerou.
Ele foi o último argelino a comandar Al Caeda no Magreb Islâmico, o que implica uma reorganização do grupo. Para o coronel Barbry, "este tipo de operação é apenas uma etapa da solução do problema, que passa pelo desenvolvimento da região e da diplomacia. Temos de festejar este sucesso, mas continuar a pressionar o Estado Islâmico no Grande Saara."
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