sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Carniceiro da Bósnia enfrenta Justiça

O Carniceiro da Bósnia-Herzegovina, Radovan Karadzic, foi extraditado na madrugada da quinta-feira, 30 de julho, para Haia, na Holanda, onde será processado pelo Tribunal Especial das Nações Unidas para Crimes de Guerra na Antiga Iugoslávia por genocídio e crimes contra a humanidade.

Karadzic era o líder sérvio na Bósnia quando esta república iugoslava declarou independência, em março de 1992, seguindo o exemplo da Croácia e da Eslovênia. Com o apoio do Exército Federal da Iugoslávia, dominado pelos sérvios, comandou a resistência sérvia contra a independência da Bósnia.

A capital da república, Sarajevo, foi cercada e bombardeada durante três anos e quatro meses. Foram os piores ataques contra uma capital européia desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Franco-atiradores instalados em posições sérvias alvejavam tudo o que se mexia.

O poeta e médico psiquiatra Radovan Karazic, que um dia rejeitou o comunismo e o nacionalismo, se converteu em símbolo do ultranacionalismo sérvio. Esse nacionalismo extremado deflagrou a Primeira Guerra Mundial, quando o estudante radical Gavrilo Princip matou o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, arquiduque Francisco Ferdinando, na mesma Sarajevo, em 28 de junho de 1914, e destruiu a antiga Iugoslávia numa série de guerras, a partir de 1991.

No segundo turno da última eleição presidencial, o Partido Radical Sérvio teve 48%. Mas a vitória foi do europeísta Boris Tadic, que quer associar a Sérvia à União Européia.

Antes do segundo turno, a Europa ofereceu um acordo prévio para dar apoio ao projeto europeu de Tadic. Ele estava condicionado a maior cooperação do governo democrático da Sérvia com o tribunal especial da ONU para a antiga Iugoslávia.

Assim que assumiu o controle dos serviços secretos, Tadic localizou Karadzic. De barba e cabelos compridos brancos, o Carrasco da Bósnia levou durante 12 anos uma vida paralela.

Depois de se fantasiar de sacerdote da Igreja Ortodoxa, voltou a ser médico. Trabalhava numa clínica de terapias naturais em Belgrado com a identidade de Dragan Dabic. Chegou a assinar artigos acadêmicos com esse nome.

No dia 21 de julho, teria sido identificado e preso dentro de um ônibus. O processo de extradição na Sérvia foi rápido, apesar dos violentos protestos da terça-feira, 29 de julho, quando radicais sérvios enfrentaram a polícia nas ruas de Belgrado.

Em Haia, o tribunal especial da ONU não quer repetir o erro cometido no julgamento do ex-líder comunista, ex-presidente da Iugoslávia e da Sérvia Slobodan Milosevic, o Carniceiro dos Bálcãs, maior responsável pelas guerras que destruíram a Iugoslávia, que morreu do coração antes de ser condenado.

O procurador do tribunal declarou que a prisão da Karadzic significa que “não há refúgio seguro para criminosos de guerra”. Ele agora espera a prisão em breve do general Ratko Mladic, o comandante militar sérvio na Bósnia, que comandou pessoalmente o massacre de Srebrenica.

A denúncia contra Karadzic vai se concentrar no cerco de Sarajevo, que durou 40 meses e causou 11 mil mortes, e no massacre de Srebrenica, uma cidade sob a proteção da ONU onde 8 mil homens adultos e jovens foram mortos depois que os sérvios conquistaram a cidade, em 11 de julho de 1995. Foram o pior massacre na Europa depois da Segunda Guerra Mundial e a capital européia mais atacada desde 1945.

Um comentário:

Hélen Ariane disse...

Pois é, Karadzic foi ao tribunal, e respondia as perguntas com 'ironia' e ainda diz ter medo da morte.
É engraçado,
como pode temer pela sua vida sendo que causou mortes milhões de pessoas?
Esperamos que seja feita a justiça de Deus e não dos homens.


PS: achei seu blog por um acaso e falamos sobre o mesmo assunto
hauhauhauhau

abraço.