Depois de um breve mas emocionado discurso de um Ted Kennedy alquebrado pelo câncer de cérebro, a grande estrela da primeira noite da Convenção Nacional do Partido Democrata foi Michelle Obama, que deu ênfase aos valores da família, numa tentativa de aproximar o senador Barack Obama do cidadão comum americano.
Michelle Obama foi apresentada pelo irmão Craig e se descreveu como "irmã e mulher, como uma mãe cujas filhas são a primeira coisa em que penso ao acordar e a última ao dormir. O futuro das minhas filhas e de todas as crianças dos Estados Unidos é meu sonho", afirmou, para o delírio do Centro de Convenções da Pepsi em Denver, no Colorado, onde se realiza o encontro dos democratas
"Meu pai era um operário e minha mãe ficava em casa conosco. Com integridade e compaixão, lutavam para que os filhos tivesse uma vida melhor do que a deles", prosseguiu Michelle. "Tivemos amor, carinho, proteção, a sensação de que tínhamos um lugar neste mundo".
A vida do marido é a prova, para Michelle, de que "o sonho americano resiste. Ele nasceu no Havai, mas ambos fomos criados sob os mesmos valores: trabalhe muito, estude muito e respeite as outras pessoas mesmo quando você não sabe quem são ou discorda de suas idéias".
Obama é um visionário mas é realista, garante a esposa: "Ele sempre fala no mundo como é no mundo como a gente gostaria que fosse, mais justo. Não é este exatamente o grande sonho americano? Moldar o futuro de acordo com suas idéias".
Ela homenageou Hillary Clinton, que fala amanhã para festejar os 88 anos da introdução do voto feminino nos EUA, e também o senador Joseph Biden jr., escolhido por Obama para candidato a vice-presidente, posição que Hillary almejava.
"É por isso que eu amo este país", jactou-se Michelle, que foi criticada pelos comentaristas conservadores quando disse que só quando Barack Obama lançou sua candidatura à Casa Branca ela passou a se orgulhar dos EUA.
Isso foi interpretado, na época, como a visão ressentida de parte da comunidade negra, exatamente a imagem que Obama tenta superar, apresentando-se como filho de pai negro africano e mãe branca americana, sendo portanto a síntese perfeita da superação dos problemas étnicos do país.
"É por isso que larguei meu emprego num escritório de advocacia e comecei a trabalhar no serviço público, recebendo jovens para tentar lhes dar alguma segurança na vida", declarou Michelle.
Em defesa do marido, ela afirmou que Barack Obama conhece os problemas de emprego, saúde pública e previdência social que atormentam os americanos mais pobres, "vai acabar com a guerra no Iraque responsavelmente" e "ter a certeza de que toda criança deste país tenha uma educação de classe internacional".
"Ele conhece o fio que nos une, apesar da nossa diversidade. Esse fio é suficientemente forte para nos unir e trazer esperança", proclamou Michelle. "Vamos ouvir nossa esperança, em vez do medo. Vamos parar de duvidar e voltar a sonhar. Vamos eleger Barack Obama o próximo presidente dos EUA!"
Foi um ótimo discurso, da infância pobre e com dificuldades ao serviço público e ao sonho para o futuro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário