A floresta tropical da República Democrática do Congo (RDC), país com a maior biodiversidade da África, está ameaçada. Todo ano, perde 1,5 milhão de hectares.
Com 200 milhões de hectares, a floresta tropical úmida da Bacia do Rio Congo é a segunda maior do mundo atrás apenas da amazônica. Estende-se por seis países: a RDC (ex-Zaire), o Congo, o Gabão, a Guiné Equatorial, Camarões e a República Centro-Africana.
Os agricultores e os pescadores são parcialmente responsáveis. A maior vilã é a extração de madeiras. Pelo menos 15 espécies de árvores nobres cuja madeira tem alta valor de mercado na Ásia e na Europa são rotineiramente derrubadas na RDC, um país arrasado por uma década de guerra civil em que cerca de 4 milhões de pessoas morreram.
Estima-se que nos últimos dois anos 60 mil metros cúbidos de madeira tenham sido retirados legal ou ilegalmente da floresta. Uma árvore grande dá 15 metros cúbicos de tábuas de 13 por 33 centímetros com 2,95 metros de comprimento.
O sistema é tão primitivo que as tábuas são levadas até a estrada mais próxima de bicicleta. De lá, seguem para o mercado internacional, em Nairóbi, no Quênia.
Muitos madeireiros são registrados, num processo burocrático que leva de dois meses a um ano. Mas a maioria tem uma relação informal com os proprietários da terra e os chefes tribais locais.
Agora, pelo menos o governo está tentando regulamentar a atividade.
A maior madeireira da região de Ituri, na RDC, pagou US$ 25 mil para explorar durante 25 anos uma área de 52 mil hectares. Além disso, deve pagar 60 impostos. Não é de admirar que a maioria seja informal.
Assim, embora a lei exija o reflorestamento de cada árvore cortada, esta norma não é respeitado, sobretudo pelos ilegais.
Com a pressão da Europa para que as importações sejam de madeira certificada, os governos da África começaram a prestar atenção. Para os ecologistas, a floresta tropical do Congo sempre foi considerada a maior reserva da diversidade biológica africana.
Por força de sua exploração caótica pela Bélgica, a RDC, o antigo Congo Belga, depois chamado de Zaire, não possui uma infra-estrutura com estradas ligando suas diferentes regiões. Isso ajudou a prolongar a guerra civil, também chamada de Primeira Guerra Mundial Africana devido à intervenção de seis países vizinhos.
A abertura de estradas, agora que o governo aposta na estabilidade política para promover o desenvolvimento da RDC, vai colocar uma nova pressão sobre numerosas espécie da fauna e da flora africanas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
O ser humano esta destruindo toda a natureza do mundo.No lugar do coracao, o homem tem um cifrao!!!!
Vamos proteger toda a linda natureza do mundo. Vamos nos unir e lutar.......
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