quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 19 de Setembro

 DUCADO DA PRÚSSIA

    Em 1657, João II Casimiro Vasa, rei da Polônia e Grão-Duque da Lituânia, renuncia no Tratado de Wehlau à suserania sobre o Ducado da Prússia e nomeia Frederico Guilherme, Grande Eleitor de Brandemburgo desde 1640, como governante soberano do ducado, que fica na Prússia Oriental, hoje dividida entre Polônia, Lituânia e Rússia.

As partes no tratado são a Suécia, de um lado, e a Comunidade Polaco-Lituânia, do outro. Em troca da ajuda militar na Segunda Guerra Nórdica (1655-60) e da devolução de Vármia à Polônia, o rei polonês dá à Dinastina Hohenzollern de Brandemburgo a soberania hereditária sobre o Ducado da Prússia.

A dinastia reconstrói Brandemburgo depois da Guerra dos Trinta Anos (1618-48), mas não tem como manter um exército capaz de garantir a independência. Precisa de aliados, no caso, da Polônia. No fim da guerra, a Polônia conserva Elbing, mas Lauemburgo, Bütow e Draheim vão para Brandemburgo-Prússia.

O Tratado de Wehlau fica em vigor até 18 de setembro de 1773, quando é substituído pelo Tratado de Varsóvia, depois da primeira divisão da Polônia. É um dos maiores erros de política externa da história polonesa. 

Em 5 de agosto de 1772, a Áustria, a Prússia e a Rússia tomam um terço do território e a metade da população da Polônia. A segunda divisão da Polônia acontece em 1793. A terceira divisão, em 1795, acaba com a Comunidade Polaco-Lituana, que foi um dos maiores países da Europa em área. 

Com a unificação da Alemanha, sob o primeiro-minnistro Otto von Bismarck, o Marechal de Ferro, em 1871, depois de vitórias militares sobre a Áustria, a Dinamarca e a França, a Prússia é o estado mais poderoso do Império Alemão.

A Polônia só recupera a independência no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), em 1918. A Segunda Guerra Mundial (1939-45) começa com a invasão da Alemanha Nazista na Polônia, em 1º de setembro de 1939. 

A União Soviética mata todo o oficialato polonês no Massacre da Floresta de Katyn, cerca de 22 mil pessoas, em abril de 1940, ocupa a Europa Oriental no fim da guerra e impõe regimes comunistas que duram até 1989, quando abrem-se a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim, marcos da divisão do mundo na Guerra Fria. 

DESPEDIDA DE WASHINGTON

    Em 1796, o jornal American Daily Advertiser, publica na Filadélfia o Discurso de Despedida do primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington (1789-97). Num dos documentos fundadores da política externa do país, Washington recusa uma segunda reeleição e apela a seus compatriotas para manter a neutralidade e evitar o envolvimento em conflitos e alianças com a Europa.

O texto é atribuído a três país da pátria; além de Washington, a James Madison e Alexander Hamilton. Madison prepara a versão inicial em 1792, no fim do primeiro mandato de Washington. Hamilton aproveita os primeiros parágrafos de Madison, reescreve e amplia o discurso. Washington revisa e faz a edição final.

No início, o presidente explica a decisão de não concorrer a um terceiro mandato. Diz que queria ter saído no fim do primeiro mandato, mas a conjuntura internacional era perigosa, com a tensão com o Reino Unido, a Revolução Francesa e as guerras na Europa.

Ao futuro presidente, que ainda não está eleito, e à população em geral, Washington lembra que a liberdade e a prosperidade dos EUA dependem da União. Para manter a república e a federação, o país precisa se manter unido.

Em seguida, Washington chama a atenção para as forças capazes de destruir aos EUA: regionalismo, partidarismo e engajamentos no exterior. Ele teme que partidos regionais fortes destruam o país, que o faccionalismo leve os eleitores a votar com base na lealdade a um partido e não ao bem comum, e que o partidarismo alimente um "espírito de vingança" entre os derrotados. Note-se que estes problemas estão presentes hoje na política dos EUA e de outros países democráticos.

George Washington adverte o povo estar alerta contra déspotas em potencial capazes de usar os partidos como "máquinas poderosas para subverter o poder popular e usurpar para si as rédeas do governo".

A maior ameaça é o faccionalismo, a divisão interna, combinada com uma invasão estrangeira, que o partidarismo "abra a porta para a influência externa e a corrupção". Em vez de escolher o melhor candidato, os eleitores tomam suas decisões com base em "ciúmes infundados e alarmes falsos". A difusão de notícias falsas e mentirosas é antiga.

Para evitar intervenções militares estrangeiras, Washington defende uma política externa baseada na neutralidade e no comércio com todos os países, sem aliados nem inimigos permanentes

Washington também destaca a importância da educação para a democracia ao alertar que são "objeto de uma importância primária instituições para a difusão geral do conhecimento. Na proporção em que a estrutura do governo dá força à opinião pública, é essencial que a opinião pública seja iluminada."

No fim, ao falar de seu legado, menciona "a influência benigna de boas leis sob um governo livre".

PIONEIRISMO DO VOTO FEMININO

    Em 1893, com a assinatura da Lei Eleitoral pelo governador-geral, Lorde Glasgow, representante da rainha Vitória, a Nova Zelândia se torna o primeiro país do mundo a dar o direito de voto para as mulheres, depois de anos de movimento sufragista.

As neozelandesas votam e podem ser candidatas pela primeira vez nas eleições de 28 de novembro de 1893. Elizabeth Yates é eleita prefeita de Onehunga. É a primeira mulher a ocupar este cargo no Império Britânico, cuja rainha era mulher, Vitória, e começa no reinado de Elizabeth I (1558-1603).

Nos Estados Unidos, as mulheres conquistam o direito de voto em 1920, no Reino Unido em 1928 e no Brasil em 1934.

NAZISTAS BOMBARDEIAM LENINGRADO

    Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Alemanha Nazista rompe o Pacto Germano-Soviético, assinado em 23 de agosto de 1939, nove dias antes do início da guerra, e invade a União Soviética em 22 de junho, cerca Leningrado a partir de 8 de setembro e bombardeia a cidade no dia 19, matando mais de mil russos.

Ao entrar na URSS, o Exército nazista avança em três direções: no Sul, rumo à Ucrânia e ao Vale do Rio Volga; no Centro, em direção a Moscou: e no Norte, rumo a Leningrado (hoje São Petersburgo). O ditador Adolf Hitler pretende arrasar a cidade e entregá-la à Finlândia, que era aliada e atacava a URSS pelo norte.

"O Führer decidiu varrer São Petersburgo da face da Terra", declarou Hitler a seus generais.

Uma tentativa de tomar a cidade com divisões de tanques fracassa em agosto. O Cerco de Leningrado é um dos episódios mais brutais da Segunda Guerra Mundial. Dura 872 dias, até 27 de janeiro de 1944, mata cerca de 800 mil e tenta submeter a cidade pela fome. Os pais proíbem os filhos jovens de sair de casa porque há um mercado negro de carne humana.

TERREMOTO ABALA MÉXICO

    Em 1985, um terremoto de 8,1 graus na escala aberta de Richter atinge a Cidade do México às 7h18min, mata 10 mil pessoas, fere outras 30 mil e deixa dezenas de milhares sem casa.

A capital do México fica num planalto cercado de montanhas e vulcões que antigamente era coberto de lagos. Fica em cima de um aquífero e de areia muito menos estável do que uma rocha que pode se mover rapidamente durante um tremor de terra.

Três mil prédios têm de ser demolidos e 100 mil sofrem danos graves.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 18 de Setembro

CAPITÓLIO EM OBRAS

    Em 1793, o presidente George Washington lança a pedra fundamental do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos.

A construção levou quase um século. Os britânicos tocam fogo na obra quando incendeiam a cidade durante a Guerra de 1812, quando o Império Britânico tenta acabar com a independência dos EUA.

Hoje o Capitólio tem mais seis prédios de escritórios e três da Biblioteca do Congresso, construídos nos século 19 e 20. Foi alvo de um ataque de extremistas de direita insuflados pelo presidente Donald Trump em 6 de janeiro de 2021.

IMPERIALISMO JAPONÊS

    Em 1931, o Exército Imperial do Japão provoca o Incidente de Mukden, uma explosão numa ferrovia japonesa, acusa dissidentes chineses e usa como pretexto para ocupar Mukden e aumentar seu controle sobre a região da Manchúria, que domina totalmente dentro de três meses.

É o início da Segunda Guerra Sino-Japonesa. Uma das razões é a escassez de energia no Japão, que logo começa a explorar carvão da Manchúria.

Seis meses depois, o Japão domina a província e cria o Estado-fantoche de Manchukuo. Em 1937, depois do Incidente na Ponte Marco Polo, o Japão invade as principais cidades da China e a guerra se torna aberta. É o início da Guerra do Pacífico e da Segunda Guerra Mundial na Ásia.

MORRE SECRETÁRIO-GERAL DA ONU

    Em 1961, em uma queda de avião durante a Primeira Guerra Civil do Congo, o sueco Dag Hammarksjöld se torna o único secretário-geral da Organização das Nações Unidas a morrer no exercício do cargo, em Ndola, na Rodésia do Norte, hoje Zâmbia.


Filho do primeiro-ministro Hjalmar Hammarksjöld (1914-17), que preside a Fundação do Prêmio Nobel (1929-47), Dag estuda direito e economia nas universidades de Estocolmo e Uppsala, e dá aula de economia política antes de ser nomeado subsecretário do Ministério das Finanças e presidente do Banco da Suécia.

Desde 1947, Dag Hammarksjöeld passa a trabalhar para o Ministério do Exterior da Suécia. Em 1951, ele é subchefe de uma delegação sueca à ONU. No ano seguinte, é eleito presidente da Assembleia Geral da ONU. Em 1953, torna-se o segundo secretário-geral da ONU.

Suas preocupações iniciais era com conflitos no Oriente Médio, como a Guerra de Suez, quando Reino Unido e França rejeitaram a nacionalização do Canal de Suez e tiveram o apoio de Israel, em 1956.

Quando o antigo Congo Belga se torna independente da Bélgica, em 30 de junho de 1960, começa uma guerra civil. Duas semanas depois, a ONU aprova o envio de uma missão de paz que depois a União Soviética denuncia, pedindo a saída de Hammarksjöld, porque é a primeira vez que uma força de paz entra em conflito, no caso, contra os secessionistas da rica província mineral da Katanga.

Em plena Guerra Fria, a guerra civil congolesa entra na disputa Leste-Oeste. O herói da independência do Congo, Patrice Lumumba, aliado da URSS, é executado em 17 de janeiro de 1961 em Katanga. 

Hammarksjöld, que defende o princípio de que o secretário-geral deve ter o poder de tomar iniciativas pela paz antes da autorização do Conselho de Segurança, decide negociar com o líder do movimento pela independência de Katanga, Moïse Tchombe. Morre no caminho.

Uma investigação concluída em 2017 concluiu que "parece plausível que uma ameaça ou ataque externo possa ter sido a causa do acidente."

MORTE DE JIMI HENDRIX

    Em 1970, o cantor, compositor e maior guitarrista de todos os tempos, Jimi Hendrix, morre aos 27 anos engasgado no próprio vômito depois de tomar uma overdose de 16 Mandrax, um sonífero. Sua música mistura influências do blues, do jazz e do rock numa fusão de ritmos e explora os limites da guitarra elétrica de uma forma sem precedentes.

James Marshall Hendrix nasce em Seattle em 27 de novembro de 1942. Os pais se separam em 1951. Quando a mãe morre em 1958, Jimi se aproxima da avô materna, que tem origem cherokee e lhe transmite o orgulho de sua ancestralidade.

Ele se alista no Exército e serve como paraquedista na 101ª Divisão Aerotransportada, com base em Forte Campbell, no Kentucky. Dá baixa depois de fraturar o tornozelo num salto. O som do ar assobiando no paraquedas é uma inspiração de sua música. É influenciado por Bone Walker, B. B. King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Robert Johnson, Albert King, Elmore Jones, Curtis Mayfield e Little Richard.

Tem sua própria banda, Jimmy James and The Flames e toca no Café Wha?, em Nova York, em 1966, quando Chas Chandler o leva para Londres, a meca dos guitarristas. Eric Clapton, Jeff Back e Pete Townshend eram rivais porque disputavam a honra de ser melhor guitarrista da Inglaterra. Ficaram amigos vendo Hendrix tocar no Marquee Club com sua nova banda, The Jimi Hendrix Experience, com que grava seu primeiro disco solo.

Com o sucesso em Londres, Jimi volta aos EUA e estoura no Festival de Monterrey, em 1967, indicado por Paul McCartney. Em 18 de agosto de 1969, fecha o Festival de Woodstock. Em 1970, é uma das principais atrações do Festival da Ilha de Wight, na Inglaterra.


MILIONÁRIA GUERRILHEIRA

    Em 1975, a polícia prende por assalto à mão armada num apartamento em São Francisco a milionária Patricia Hearst, herdeira de um império jornalístico que adere a um grupo guerrilheiro de ultraesquerda, o Exército Simbionês de Libertação (ESL), depois de ser sequestrada.


Patty Hearst, filha do magnata Randolph Hearst, é sequestrada em 4 de fevereiro de 1974 em seu apartamento em Berkeley, na Califórnia. Os sequestradores, dois homens negros e uma mulher branca, a vendam e a colocam à força na mala de um carro, dando tiros para afugentar vizinhos que veem a cena.

Quatro dias depois, o ESL exige que seu pai doe US$ 7 milhões em alimentos para todas as pessoas de Santa Rosa a Los Angeles. Rudolph Hearst hesita, mas dá US$ 2 milhões. Os terroristas consideram pouco. Exigem US$ 4 milhões. A família responde que dará o dinheiro se ela for libertada ilesa.

Tudo muda em abril de 1974, quando ela envia uma gravação às autoridades anunciando que está aderindo ao ESL. No mesmo mês, câmeras de segurança flagram Patty Hearst participando de um assalto a banco em São Francisco e do roubo de uma loja em Los Angeles.

Em maio de 1974, a polícia ataca uma célula clandestina e mata seis dos nove militantes conhecidos do grupo, inclusive o líder, o ex-condenado Donald DeFreeze.

Presa, Patty Hearst alega ter sido vítima de uma lavagem cerebral, mas é condenada a 7 anos de cadeia em 20 de março de 1976. O presidente Jimmy Carter (1977-81) comuta a pena. Ela é solta em fevereiro de 1979. Em 2001, no fim de seu governo, o presidente Bill Clinton lhe concede o indulto presidencial.

FUNERAL DO GRANDE TIMONEIRO

    Em 1976, mais de 1 milhão de pessoas participam do enterro de Mao Tsé-tung, líder do Partido Comunista da China, da Revolução Chinesa e presidente da República Popular da China desde sua fundação, que morre anos 82 anos.

A morte de Mao marca o fim da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), dez anos de luta interna dentro do regime comunista, sectarismo político e convulsão social, um fantasma que até hoje a assombra os chineses. A possível volta da Revolução Cultural é um fantasma usado para enquadrar a população.

Mao nasce em 26 de dezembro de 1893. Estuda para ser professor. Em 1921, é um dos fundadores do PC chinês. Depois de uma fracassada aliança com o partido nacionalista Kuomintang (KMT) numa política de frente popular imposta ao PC pelo ditador soviético Josef Stalin que resulta num massacre de comunistas, Mao participa a Grande Marcha (1934-35), uma fuga de 9 mil quilômetros que dura um ano.

Com a invasão japonesa de 1937 e a Segunda Guerra Mundial (1939-45), há uma trégua para a luta contra o invasor. A guerra civil contra o KMT recomeça no pós-guerra e os comunistas tomam o poder em 1º de outubro de 1949.

Sob Mao, o regime comunista lança a campanha das Cem Flores (1956-57), um breve período de liberalização em que os intelectuais foram incentivados a criticar, seguida de uma campanha "antidireitista" em que os dissidentes foram perseguidos.

Para consolidar a aliança operário-camponesa, o grande delírio ideológico do maoísmo, o partido lança o Grande Salto para a Frente (1958-62), uma tentativa de criar usinas siderúrgicas nas zonas rurais. O resultado foi um aço de péssima qualidade e o colapso da produção agrícola, o que causa a maior fome da história da humanidade, com total de mortes estimado em 15 a 55 milhões.

Depois da ruptura com a União Soviética e do início da intervenção militar dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, em 1964, com a China isolada internacionalmente e sua liderança contestada, Mao lança a Revolução Cultural para reafirmar seu poder, deflagrando uma grande onda de expurgos e perseguições políticas.

O conflito com a URSS leva a vários choques na fronteira entre as duas potências comunistas em 1969. Disso se aproveitam os EUA. Em 1971, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Henry Kissinger, vai a Beijim e prepara a visita do presidente Richard Nixon, em fevereiro de 1972, que abre o caminho para o reconhecimento pelos EUA de que a República Popular da China é a representante do povo chinês. O regime de Mao ocupa a cadeira da China no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Mao morre em 9 de setembro de 1976.

ESCÓCIA REJEITA INDEPENDÊNCIA

    Em 2014, por 55,3% a 44,7%, os eleitores da Escócia rejeitam em plebiscito a independência do Reino Unido, de que o país faz parte desde o Ato de União de 1707 com a Inglaterra, que cria a Grã-Bretanha.


O movimento nacionalista escocês cresce com a descentralização de poderes e a autonomia regional concedida pelo governo Tony Blair (1997-2007), com a recriação do Parlamento da Escócia, em 12 de maio de 1999.

O Partido Nacional Escocês (SNP), a favor da independência, passa a dominar a política do país. Mas não vence o plebiscito por causa da importância das relações econômicas dentro do Reino Unido e na União Europeia (UE).

Quando dois anos depois, em 23 de junho de 2016, por 52% a 48%, os eleitores britânicos decidem sair da União Europeia, 62% dos escoceses votam para ficar. O SNP aproveita o resultado para reivindicar a realização de novo plebiscito. A Escócia independente poderia voltar à UE. Mas uma série de escândalos desmoralizou o SNP nos últimos anos. O Partido Trabalhista voltou a ser o maior da Escócia.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 17 de Setembro

 FRANÇA EXPULSA JUDEUS

    Em 1394, o rei Carlos VI ordena a expulsão de todos os judeus da França. 

Com o antissemitismo crescente, os franceses queimam os livros sagrados do judaísmo e cobram impostos discriminatórios dos judeus. Eles são acusados pela pandemia da Peste Negra (1346-53).

Os judeus são expulsos e têm as propriedades confiscadas em 1306. Para voltar, em 1315, precisam pagar. Por uma lei de 1315, os judeus não podem falar de sua religião publicamente, são obrigados a usar um distintivo de identificação como fariam sob o Nazismo e são advertidos contra a usura, uma acusação frequente.

Depois da expulsão de 1394, os judeus só voltam à França no século 18, fugindo da discriminação e perseguição na Europa Oriental. Na época da Revolução Francesa de 1789, há 40 mil judeus na França. A revolução lhes dá os direitos, mas o antissemitismo continua e os judeus franceses são parcialmente exterminados durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), de 1940 a 1944.

Hoje os judeus são 1% da população francesa.

GUERRA DOS TRINTA ANOS

    Em 1631, um exército sueco-saxão sob o comando do rei Gustavo II Adolfo, da Suécia, destrói o exército do imperador Fernando II de Habsburgo, do Sacro Império Romano-Germânico e da Liga Católica na Batalha de Breitenfeld, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), uma guerra mundial com 8 milhões de mortes que chegou ao Brasil.

A tensão criada pela Reforma da Igreja aumenta no início do século 17 com a fundação da União Protestante e da Liga Católica. A guerra começa na Boêmia, hoje República Tcheca, com a Segunda Defenestração de Praga. 

Em 23 de maio de 1618, protestantes revoltados com a destruição de um dos seus templos, invadem o Castelo de Praga e jogam pela janela dois ministros e um secretário do rei Fernando II, da Boêmia, futuro imperador do Sacro Império, que só permite uma religião, o catolicismo, na Boêmia e na Morávia.

A grande disputa é entre pequenos Estados e principados alemães católicos e protestantes. A Espanha entra na guerra ao lado do Sacro Império. A Holanda, a Suécia e a Dinamarca apoiam os protestantes. Os católicos levam vantagem na primeira fase, que inclui a Primera Invasão Holandesa no Nordeste (1624-25).

Os protestantes holandeses declaram independência da Espanha em 1581, um ano depois de Portugal e Espanha formarem a União Ibérica, quando a morte do rei Dom Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, deixa o trono português sem herdeiro. Começa o período conhecido na História do Brasil como Domínio Holandês (1580-1640).

A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fundada em 1621, ataca Salvador em 9 de maio de 1624 com uma esquadra de 26 navios e 3.400 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens. Bombardeia a capital colonial do Brasil e a conquista em 24 horas. O governador-geral se refugia no palácio, mas é preso, assina a rendição e é enviado para a Holanda, onde é libertado em 1626. 

Em 30 de março de 1625, uma armada luso-espanhola de 52 navios, 14 mii homens e 1.185 armas de fogo chega à Bahia. É a maior enviada ao Hemisfério Sul até então. Sob o comando do almirante espanhol Dom Fradique de Toledo y Osorio, inicia a batalha para libertar Salvador do domínio holandês, o que acontece em 1º de maio daquele ano.

Na segunda fase da Guerra dos Trinta Anos, o Período Sueco, o poderoso primeiro-ministro da francês, o Cardeal de Richelieu, se alia a Gustavo II da Suécia. A França, um país católico, sente-se cercada pelos Habsburgo da Espanha e do Sacro Império, e se alia aos protestantes.

Gustavo Adolfo desembarca no Norte da Alemanha em 1630 e logo conquista a Pomerânia, mas não consegue impedir a destruição de Madgeburgo em 1631 pelas forças imperiais sob o comando do Conde de Tilly.

Em setembro de 1631, o Sacro Império invade a Saxônia e ocupa Leipzig. O exército protestante tem 26 mil suecos e 16 mil saxões. Às duas da tarde, o temerário general católico Gottfried zu Pappenheim lança um ataque contra as forças de Johan Baner, seis regimentos de cavalaria com destacamentos de infantaria. É repelido sete vezes.

A cavalaria de Fürstenberg ataca os saxões, que estão no lado esquerdo da formação dos protestantes. Despreparados, seus soldados debandam logo. Com a saída dos saxões, o Conde de Tilly desvia suas forças para a direita para atacar os protestantes pelo flanco. Mas as brigadas suecas são mais ágeis e bloqueiam a manobra.

Gustavo II vê uma oportunidade e ataca o novo flanco esquerdo de Tilly, onde se concentra a artilharia imperial. Toma parte dessas armas e bombardeia os católicos com seus próprios canhões. O rei da Suécia morre na Batalha de Lützen, em 16 de novembro de 1632.

O Período Sueco vai até 1635, quando começa a terceira e última fase da guerra, o Período Francês. Inicialmente Richelieu não queria entrar em guerra contra a Espanha e a Áustria. Em 19 de maio de 1635, a França declara guerra à Espanha, o outro grande domínio da Dinastia Habsburgo na Europa, ao lado da Áustria e regiões dependentes da Europa Central.

Em 1º de maio de 1640, Richelieu apoia a Revolta de Lisboa, que pede o fim da União Ibérica, do domínio espanhol sobre o Império Português.

No fim da Guerra dos Trinta Anos, a França tem um exército de 100 mil homens aliado das Províncias Unidas dos Países Baixos (Holanda e Bélgica), da Suécia, da Confederação Helvética (Suíça), de principados alemães e de alguns Estados italianos.

A Paz da Vestfália é firmada em 24 de outubro de 1648, consagrando o princípio de soberania nacional, com liberdade de culto para católicos e protestantes. A Espanha perde seu império europeu. Deixa de ser a maior potência do continente, lugar ocupado pela França.

ASSINADA CONSTITUIÇÃO DOS EUA

    Em 1787, 38 dos 41 delegados da Convenção Constitucional da Filadélfia assinam a Constituição dos Estados Unidos da América. 


A Convenção Constitucional se reúne de 25 de maio a 17 de setembro de 1787 no Salão da Independência, na Filadélfia, no estado da Pensilvânia, com delegados de 12 dos 13 estados. Rhode Island se nega a enviar representantes. Seu mandato inicial é emendar os Artigos da Confederação, mas isso é insuficiente para o novo país.

A Constituição dos EUA tem sete artigos divide o governo em três poderes, legislativo, executivo e judiciário, tema dos três primeiros artigos. O artigo 4 dispõe sobre o federalismo e a divisão das competências entre o governo federal e os governos estaduais. O artigo 5 apresenta as regras para emendar a Constituição. O artigo 6 estabelece que a Constituição e as leis federais que dela emanam estão acima das leis estaduais e municipais. O artigo 7 fala sobre a ratificação e as emendas da carta.

Depois da aprovação na Convenção Constitucional por pelo menos três quintos dos votos, a Constituição dos EUA precisa ser ratificada por pelo menos três quartos dos estados, o que acontece em 1788. A Constituição entre em vigor em 1789.

Logo, começa um debate sobre os direitos e garantias individuais que não estariam na Constituição. São apresentadas 12 emendas. 

Dez são aprovadas e consideradas uma declaração de direitos, entre eles a liberdade de expressão, de religião e de associação para fins pacíficos, o direito de processar o Estado, os direitos de portar armas, de ficar em silêncio em interrogatórios para não se incriminar, de ter um julgamento justo e imparcial, de não perder bens e direitos sem sentença judicial e de não ser submetido a tratamento ou punição cruel ou desumana.

Desde 1787, são aprovadas 27 emendas à Constituição.

GUERRA CIVIL ARGENTINA

    Em 1861, as forças da Província de Buenos Aires, sob o comando do governador Bartolomeu Mitre, vencem o exército da Confederação Argentina, sob a chefia do general Justo José de Urquiza na Batalha de Pavón, na Província de Santa Fé.

É uma batalha decisiva da Guerra Civil Argentina. Mitre é líder dos unitários, que defendem um governo central forte, e se instalam no poder em Buenos Aires depois da derrota do ditador Juan Manuel de Rosas, governador da Província de Buenos Aires (1829-52), talvez o caudilho mais importante da história da América Latina, na Batalha de Monte Caseros, em 1852, na última vez em que o Brasil está em guerra contra a Argentina.

Como o Brasil apoia o general Urquiza contra Rosas, Urquiza espera a mesma ajuda durante o conflito com Mitre, quando lidera os federalistas a favor de autonomia regional. Sua derrota marca o fim da Confederação Argentina e a reincorporação de Buenos Aires como a capital do país.

Sem reconhecer o governo Mitre, Urquiza fica no Paraguai, onde se alia ao ditador Francisco Solano López, que deflagra a Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), em que Mitre é o comandante militar da Argentina.

URSS INVADE A POLÔNIA

    Em 1939, a União Soviética invade o Leste da Polônia depois que o ministro do Exterior soviético, Viacheslav Molotov, declara que o governo polonês não existe mais, 17 dias depois da invasão do país pela Alemanha Nazista, no início da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

As duas invasões são resultado do Pacto Germano-Soviético, um pacto de não agressão firmado entre Adolf Hitler e Josef Stalin em 23 de agosto de 1939.

Com a invasão nazista, o Exército da Polônia recua e vai para o lado ocupado pela URSS, que prende todos os militares e policiais, e parte dos funcionários públicos civis e intelectuais, num total de quase 22 mil homens. Todos são executados pela polícia política stalinista, a NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), no Massacre da Floresta de Katyn, em abril e maio de 1940.

Quando Hitler rompe o pacto de não agressão e invade a URSS, em 22 de junho de 1941, e a URSS entra na guerra ao lado dos aliados, o governo polonês no exílio pede a libertação dos 22 mil compatriotas. Em 1943, a Alemanha descobre os cemitérios clandestinos. A URSS culpa os nazistas. 

Só em 1990, com a abertura democrática promovida pelo líder Mikhail Gorbachev (1985-91), a URSS admite a responsabilidade pelo Massacre de Katyn.

THE WHO DETONA

    Em 1967, no fim de uma apresentação da explosiva banda de rock britânica The Who com a música My Generation na televisão norte-americana, o baterista Keith Moon detona uma bomba que deixa o cabelo do guitarrista Pete Townshend chamuscado, estilhaços no braço do próprio Moon e tira do ar o show The Smothers Brothers Comedy Hour.

Ao apresentar The Who no Festival de Monterrey três meses antes, Eric Burdon, da banda The Animals, avisa: "É um grupo que vai destruir você de várias maneiras." O som baixo do festival não permitiu a The Who mostrar a força de sua explosão musical, mas a destruição da guitarra por Townshend estimulou Jimi Hendrix a queimar a sua.

O programa era cultural e politicamente subversivo. Durante três anos, is irmãos Tommy e Dick travaram um duelo com a direção da rede de TV CBS para apresentar candidatos antiestablishment. 

The Who não era politizado, mas com My Generation e o verso "espero morrer antes de envelhecer" se tornou porta-voz da juventude no conflito de gerações dos anos 1960. Gostava de tocar com som no volume máximo e de destruir os instrumentos e o palco, deixando o local arrasado como se tivesse explodido uma bomba.

Keith Moon tinha o hábito de colocar explosivos nos dois bumbos de sua bateria. Naquele dia, bota o dobro da carga.

ACORDOS DE CAMP DAVID

    Em 1978, o presidente do Egito, Anuar Sadat, e o primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, assinam acordos de paz intermediados pelos Estados Unidos no governo Jimmy Carter (1977-81).



A Assembleia Geral das Nações Unidas aprova em outubro de 1947, a divisão do território histórico da Palestina, que está sob administração do Império Britânico, com mandato da Liga das Nações, entre um país árabe e outro judeu. 

Como os árabes não aceitam a criação de Israel, quando o país é fundado, em 14 de maio de 1948, os vizinhos árabes invadem no dia seguinte. A Guerra de Independência de Israel vai até 10 de março de 1949.

Quando o ditador Gamal Abdel Nasser nacionaliza o Canal de Suez, em 1956, a França e o Reino Unido declaram guerra ao Egito com o apoio de Israel. Os EUA ameaçam retirar o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) à libra esterlina e ao franco francês, ainda abalados pela Segunda Guerra Mundial (1939-45). A guerra acaba e o Egito fica com o canal.

Em 5 de junho de 1967, depois de Nasser ameaçar fechar o canal, Israel bombardeia as forças aéreas do Egito, da Síria e da Jordânia no solo, domina o espaço aérea e obtém uma vitória rápida na Guerra dos Seis Dias. Ocupa a Península do Sinai e a Faixa de Gaza, do Egito; as Colinas do Golã, da Síria; e a Cisjordânia, inclusive o setor oriental (árabe) de Jerusalém, que era da Jordânia.

Desde então, a questão dos territórios árabes ocupados e de um Estado palestino são obstáculos à paz no Oriente Médio. A Guerra do Yom Kippur (1973) é a maior empreitada militar árabe da era moderna. Começa com a invasão do Sinai, o maior objetivo do Egito. Mas os EUA dão apoio decisivo a Israel com a maior ponte aérea militar da história.

Em 32 dias, os EUA entregaram 22.325 toneladas de equipamentos militares, tanques, artilharia, munição e suprimentos diretamente no campo de batalha, duas vezes mais do que a União Soviética consegue fazer com seus aliados árabes.

O ditador egípcio, Anuar Sadat, chega a dizer: "Posso lutar uma guerra contra Israel, mas não contra os EUA."

Com superioridade aérea, Israel cerca o 3º Exército do Egito no Sinai. Está prestes a destruí-lo quando a URSS ameaça intervir e entra em alerta nuclear para o caso de guerra contra os EUA. É o único alerta nuclear sovíético conhecido durante a Guerra Fria.

Em retaliação contra os países que apoiam Israel, os países árabes exportadores de petróleo, sob a liderança da Arábia Saudita, aprovam um embargo à venda de petróleo ao Ocidente. É o início da Primeira Crise do Petróleo (1973), que quadruplica os preços em curto prazo e acaba com o modelo econômico da ditadura militar brasileira, baseado em energia e mão de obra baratas.

Sem conseguir recuperar o Sinai militarmente, Sadat abandona a aliança do Egito com a URSS, se aproxima dos EUA e visita Israel de 19 a 21 de novembro de 1977. O Egito tem a maior população e o maior Exército do mundo árabe. Há um provérbio no Oriente Médio que diz: "Não há guerra sem o Egito nem paz sem a Síria."

Nos Acordos de Camp David, os dois países se reconhecem mutuamente, acaba o estado de guerra permanente que vem desde 1948, Israel se retira da Península do Sinai, mas ganha direito de passagem pelo Canal de Suez, enquanto o Golfo de Ácaba e o Estreito de Tiran são declarados águas internacionais.

Israel negocia os Acordos de Oslo com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que leva à criação da Autoridade Nacional Palestina, e faz a paz com a Jordânia em 1994. 

Mais recentemente, em 2020, nos Acordos Abraão, Israel estabelece relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, e depois com o Marrocos e o Sudão. Está em negociações com a Arábia Saudita mediadas pelos EUA. Mas o processo de paz com os palestinos foi abandonado pela direita de Israel. Com ministros de extrema direita que falam em anexar a Cisjordânia, a situação se agrava. 

Desde o ataque terrorista de 7 de outubro do ano passado, Israel está em guerra contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e aliados na Faixa de Gaza. É um conflito que desestabiliza todo o Oriente Médio e ameaça até mesmo a histórica paz com o Egito.

OCUPE WALL STREET

    Em 2011, centenas de ativistas se reúnem na área do Parque Zucotti, na Baixa Manhatan, para lançar o movimento Ocupe Wall Street em protesto contra a corrupção empresarial e a desigualdade social nos Estados Unidos e no mundo. 

O movimento é resultado da crise econômico-financeira global chamada de Grande Recessão (2007-9), que na Zona do Euro se prolonga até 2014. Os editores da revista anticonsumismo Adbusters se inspiraram nas multidões que saem as ruas naquele ano na Primavera Árabe e decidem convocar o protesto em 13 de julho.

Como a polícia fica sabendo e bloqueia Wall Street, os manifestantes mudam o local da concentração para o Parque Zucotti. Durante 58 dias, manifestantes mantiveram a vigília. E o slogan "somos 99%" numa crítica ao 1% mais rico e à desigualdade social ficou marcada como ideia central, legado do movimento contra a ganância e a concentração da riqueza.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 16 de Setembro

 GRANDE INQUISIDOR

    Em 1498, morre em Ávila, na Espanha, aos 78 anos o Grande Inquisidor espanhol Tomás de Torquemada, o maior símbolo do fanatismo religioso e do terror do Santo Ofício.

Torquemada nasce em Valladolid, no reino de Castela, em 14 de outubro de 1420. Sobrinho de Juan de Torquemada, um cardeal e teólogo dominicano, Tomás entra para a ordem dominicana. Em 1452, ele se torna prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia.

Na época, a Península Ibérica tem mais cristãos novos, judeus convertidos, do que qualquer outra região, fruto da relativa tolerância do Império Andaluz, que durou mais de 700 anos.

Aliado da polícia religiosa dos reis católicos, Fernando II, de Aragão, e Isabel I, de Castela, de quem é confessor, e convencido de que judeus e muçulmanos, mesmo convertidos, são uma ameaça à fé cristã, Torquemada os persegue e influencia política públicas discriminatórias.

É "o martelo dos hereges, a luz da Espanha, o salvador do seu país, a honra de sua ordem", nas palavras do cronista espanhol da época Sebastián de Olmedo.

Em agosto de 1483, Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela e Leão e, a partir de 17 de outubro, também em Aragão, na Catalunha, em Valência e em Mayorca. Nesta função, ele reorganiza a Inquisição na Espanha, instalada em 1478 em Castela, e cria tribunais em Sevilha, Cidade Real, Córdoba, Jaén e Saragoça.

O Grande Inquisidor promulga, em 1484, 28 artigos de orientação aos inquisidores, que deveriam investigar não apenas crimes de heresia e apostasia, mas também bruxaria, sodomia, poligamia, blasfêmia, usura e outras ofensas. Outros artigos são acrescentados até 1498. A tortura é usada para obter confissões. Tudo em nome de Deus.

Cerca de 2 mil pessoas são queimadas na fogueira durante o reino do terror de Torquemada. Sua hostilidade aos judeus certamente influencia na decisão dos reis católicos de expulsar os judeus da Espanha, em 31 de março de 1492. Em junho de 1494, o papa Alexandre VI nomeia quatro inquisidores assistentes para controlar o Grande Inquisidor.

PEREGRINOS DO MAYFLOWER

    Em 1620, o navio Mayflower sai de Plymouth, na Inglaterra, rumo à colônia da Virgínia, fundada em 1607, com 102 pessoas a bordo, mas tempestades e erros de navegação desviam a embarcação para a costa de Massachusetts, onde chegam no Cabo Cod, em 21 de novembro.

Os peregrinos do Mayflower, puritanos que fogem das guerras religiosas na Europa, estão entre os fundadores dos Estados Unidos. Na véspera do Natal, desembarcam na baía que batizam de Plymouth, mesmo nome da cidade inglesa de onde zaparam.

Antes de descer em terra firme para se estabelecer na América, os colonos assinam um documento de 200 palavras, o Compacto Mayflower, um dos primeiros instrumentos de governança do que seriam os EUA.

O Mayflower fica na América até abril de 1621, quando volta para a Inglaterra. Depois de outras viagens, é desmantelado. Em 1957, uma réplica do Mayflower fabricada na Inglaterra refaz a viagem em 53 dias.

Depois de resistir durante um ao inverno rigoroso e aos índios, com quem a início têm boa relação, os colonos festejam e agradecem a Deus no que é hoje o Dia Nacional de Ação de Graças, uma das datas mais importantes do país.

GRITO DE DOLORES

    Em 1810, o padre católico Miguel Higaldo y Costilla dá o Grito de Dolores, uma declaração lida na cidade de Dolores, hoje parte do estado de Guanajuato, pedindo o fim de 300 anos de dominação espanhola, marco do início da Guerra da Independência do México.

Miguel Hidaldo participa de uma conspiração contra a coroa espanhola durante a ocupação da Espanha por Napoleão Bonaparte na Guerra Peninsular (1807-14). Com o colapso da administração central do Império Espanhol, as colônias latino-americanas proclamam a independência.

Quando a conspiração é traída, ele decide agir imediatamente. Depois de armar populares, ao lado de Ignacio Allende e Juan Aldama, o padre Miguel Hidalgo convoca à rebelião armada contra o Vice-Reino da Nova Espanha, que era o nome da administração colonial do México. 

O texto exato do Grito de Hidalgo não é preservado para a história. Há várias reconstruções. Com certeza, diz: "Longa vida a Nossa Senhora de Guadalupe!", a padroeira do México. "Morte ao mau governo! Morte aos gapuchines!" (espanhóis).

HIdalgo consegue formar um exército popular. Depois de saques, pilhagens e derramamento de sangue, a revolta é derrotada e Higaldo é executado em 30 de julho de 1811. Mas o Grito de Dolores é a faísca que deflagra a Guerra da Independência do México, que vai até 27 de setembro de 1821.

GANDHI INICIA GREVE DE FOME

    Em 1932, preso na cadeia de Yerwada, em Pune, Mohandas Gandhi, o Mahatma (Grande Espírito), o grande herói da independência da Índia, começa greve de fome de protesto contra a decisão do Império Britânico de separar o sistema eleitoral por castas.

Sob influências das ideias do escritor e naturalista norte-americano Henry David Thoreau, pioneiro da desobediência civil, e do escritor russo Leon Tolstói, Gandhi lança nos anos 1920 campanhas de resistência pacífica na luta contra o imperialismo, a satiagraha (insistência na verdade).

É preso, solto e convidado para representar o Partido do Congresso numa conferência em Londres. Ao voltar à Índia, em janeiro de 1932, começa nova campanha de desobediência civil.

Com a "greve de fome até a morte", Gandhi repudia a Constituição imposta pelo império, que dá às castas inferiores, aos intocáveis, uma representação política separada por 70 anos. Gandhi alega que a medida consolida a discriminação social no país.

Gandhi vem de uma casta superior, de mercadores, mas defende a emancipação dos harijans (filhos de Deus).

A Índia conquista a independência em 15 de agosto de 1947 e se separa do Paquistão. Gandhi inicia sua última greve de fome em 12 de janeiro de 1948 para pressionar hindus e muçulmanos a cessarem a violência em Nova Déli, a capital do país. 

Menos de duas semanas depois de encerrar o jejum, o extremista hindu Nathuram Godse mata Gandhi com três tiros no peito. Godse era membro do grupo extremista Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), ao qual é ligado o atual primeiro-ministro ultranacionalista hindu Narendra Modi, um fascista que persegue muçulmanos e ameaça a maior democracia do mundo.

GOLPE DERRUBA PERÓN

    Em 1955, um golpe militar liderado pelo general Eduardo Lonardi, chamado de Revolução Libertadora, derruba o presidente e general Juan Domingo Perón, um líder populista que até hoje domina a política argentina.

Reeleito com 62,5% dos votos em 11 de novembro de 1951, Perón tem um segundo governo muito mais difícil do que o primeiro, quando se beneficia da riqueza acumulada exportando lã e alimentos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). 

Com a crise econômica e sem a carismática e angelical María Eva Duarte de Perón, a Evita, sua segunda mulher, que morre de câncer em 26 de julho de 1952, o caudilho enfrenta a oposição crescente de estudantes, do empresariado e da Igreja Católica.

Depois do golpe, Lonardi, reconhecendo a força do peronismo, tenta fazer um acordo. É afastado e substituído pelo general linha-dura Pedro Aramburu por adiar a desperonização. O Partido Justicialista (peronista) é dissolvido e há intervenção nos sindicatos. É proibido até ter fotos de Perón e Evita em casa.

Perón volta em 1973, é reeleito presidente e governa até a morte, em 1º de maio de 1974. É substituído pela vice-presidente María Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Sem o carisma de Evita, com aumento da atividade das guerrilhas de esquerda e dos grupos paramilitares de direita, o país afunda no caos.

Um novo golpe militar, em 24 de março de 1976, derruba Isabelita e leva à mais sangrenta ditadura da história argentina, com cerca de 30 mil mortes, que só acaba em 1983, depois da humilhante derrota para o Reino Unido na Guerra das Malvinas (1982).

MORRE MARIA CALLAS

    Em 1977, a soprano norte-americana de origem grega Maria Callas, uma das maiores cantoras de ópera da história, morre do coração em Paris aos 53 anos. Suas cinzas são jogadas no Mar Egeu.

Soprano absoluta, Callas é chamada de Divina pela voz, pela técnica musical e pela interpretação dramática.

Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoúlus nasce em Nova York em 2 de dezembro de 1923, filha de imigrantes. Em dificuldades econômicas, a mãe volta em 1937 para a Grécia, onde Maria estuda canto no Conservatório de Atenas com Elvira de Hidalgo.

Ela se apresenta na Ópera de Atenas na peça Tosca, de Puccini, em 1941. Nos anos 1950, canta regularmente nos grandes teatros de ópera, o Scala, de Milão; o Metropolitan, de Nova York; e a Ópera Real de Covent Garden, no centro de Londres.

A grande diva é temperamental em seu perfeccionismo. Suas brigas públicas ganham tanto espaço no jornal quanto os sucessos operísticos.