Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Ex-ditador peruano Alberto Fujimori morre aos 86 anos
Pouco mais de nove meses depois de sair da prisão, o ex-ditador do Peru de origem japonesa Alberto Fujimori, condenado por corrupção e violação dos direitos humanos, morreu hoje aos 86 anos. Quando assumiu o poder, em 1990, teve de enfrentar uma hiperinflação e o terrorismo dos grupos guerrilheiros de esquerda Sendero Luminoso e Movimento Revolucionário Tupac Amaru.
Em conflito com o Poder Legislativo, Fujimori deu um golpe em 5 de abril de 1992, fechou o Congresso e anulou a Constituição. Sob pressão, abandonou o cargo em 2000 e pediu asilo político ao Japão, onde tinha nacionalidade.
Filho de imigrantes japoneses, Alberto Kenya Fujimori nasceu em 28 de julho de 1938 no bairro aristocrático de Miraflores, em Lima, se formou em agronomia. Antes de entrar na política, foi reitor da Universidade Nacional Agrária (1984-89) e presidente da Assembleia Nacional de Reitores no Peru. Tornou-se conhecido por apresentar o programa de televisão Consertando, em que propunha reformas estruturais para superar os problemas econômicos do país.
Populista de direita, Fujimori explorou o descontentamento com a hiperinflação e o terrorismo que assolaram o primeiro governo Alan García (1985-90) e a desconfiança dos peruanos mais pobres com o escritor conservador Mario Vargas Llosa, associando-o à elite limenha de origem europeia num país com grande população indígena e mestiça. Assim, venceu a eleição de 1990.
Para combater a hiperinflação, que chegou a 12.377,32% ao ano em agosto de 1990, logo depois de sua posse, Fujimori aplicou uma série de políticas neoliberais conhecidas como o Fujichoque. A economia se recuperou. Em 1994, o Peru foi o país que mais cresceu no mundo (12,3%).
Antes disso, em conflito com o Poder Legislativo, onde não tinha maioria, Fujimori deu um golpe com o apoio das Forças Armadas. Dissolveu o Congresso, fechou a Corte Suprema, o Ministério Público e o Conselho da Magistratura.
A recuperação da economia garantiu uma reeleição por ampla margem em 1995, mas o autoritarismo e as denúncias de corrupção e de violações direitos humanos minaram o governo Fujimori. Depois da revelação de vídeos em que o homem-forte do regime na luta contra os grupos guerrilheiros, coronel Vladimiro Montesinos, subornava autoridades, em meio a outras escândalos, Fujimori fugiu para o Japão no ano 2000.
Em 2005, ele vai para o Chile para tentar influenciar na eleição presidencial peruana de 2005. Preso e extraditado, responde a quatro processos. É condenado a um total de 44 anos e meio de prisão. Como a lei peruana prevê que as penas sejam cumpridas simultaneamente, a pena fica em 25 anos de reclusão.
Depois de 16 anos de prisão, o Tribunal Constitucional lhe deu o direito de cumprir o resto da pena em prisão domiciliar. Fujimori saiu da cadeia em 6 de dezembro do ano passado e morreu na casa da filha e principal herdeira política, Keiko Fujimori, vencida no segundo turno nos três últimas eleições presidenciais peruanas.
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