segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 16 de Setembro

 GRANDE INQUISIDOR

    Em 1498, morre em Ávila, na Espanha, aos 78 anos o Grande Inquisidor espanhol Tomás de Torquemada, o maior símbolo do fanatismo religioso e do terror do Santo Ofício.

Torquemada nasce em Valladolid, no reino de Castela, em 14 de outubro de 1420. Sobrinho de Juan de Torquemada, um cardeal e teólogo dominicano, Tomás entra para a ordem dominicana. Em 1452, ele se torna prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia.

Na época, a Península Ibérica tem mais cristãos novos, judeus convertidos, do que qualquer outra região, fruto da relativa tolerância do Império Andaluz, que durou mais de 700 anos.

Aliado da polícia religiosa dos reis católicos, Fernando II, de Aragão, e Isabel I, de Castela, de quem é confessor, e convencido de que judeus e muçulmanos, mesmo convertidos, são uma ameaça à fé cristã, Torquemada os persegue e influencia política públicas discriminatórias.

É "o martelo dos hereges, a luz da Espanha, o salvador do seu país, a honra de sua ordem", nas palavras do cronista espanhol da época Sebastián de Olmedo.

Em agosto de 1483, Torquemada é nomeado Grande Inquisidor de Castela e Leão e, a partir de 17 de outubro, também em Aragão, na Catalunha, em Valência e em Mayorca. Nesta função, ele reorganiza a Inquisição na Espanha, instalada em 1478 em Castela, e cria tribunais em Sevilha, Cidade Real, Córdoba, Jaén e Saragoça.

O Grande Inquisidor promulga, em 1484, 28 artigos de orientação aos inquisidores, que deveriam investigar não apenas crimes de heresia e apostasia, mas também bruxaria, sodomia, poligamia, blasfêmia, usura e outras ofensas. Outros artigos são acrescentados até 1498. A tortura é usada para obter confissões. Tudo em nome de Deus.

Cerca de 2 mil pessoas são queimadas na fogueira durante o reino do terror de Torquemada. Sua hostilidade aos judeus certamente influencia na decisão dos reis católicos de expulsar os judeus da Espanha, em 31 de março de 1492. Em junho de 1494, o papa Alexandre VI nomeia quatro inquisidores assistentes para controlar o Grande Inquisidor.

PEREGRINOS DO MAYFLOWER

    Em 1620, o navio Mayflower sai de Plymouth, na Inglaterra, rumo à colônia da Virgínia, fundada em 1607, com 102 pessoas a bordo, mas tempestades e erros de navegação desviam a embarcação para a costa de Massachusetts, onde chegam no Cabo Cod, em 21 de novembro.

Os peregrinos do Mayflower, puritanos que fogem das guerras religiosas na Europa, estão entre os fundadores dos Estados Unidos. Na véspera do Natal, desembarcam na baía que batizam de Plymouth, mesmo nome da cidade inglesa de onde zaparam.

Antes de descer em terra firme para se estabelecer na América, os colonos assinam um documento de 200 palavras, o Compacto Mayflower, um dos primeiros instrumentos de governança do que seriam os EUA.

O Mayflower fica na América até abril de 1621, quando volta para a Inglaterra. Depois de outras viagens, é desmantelado. Em 1957, uma réplica do Mayflower fabricada na Inglaterra refaz a viagem em 53 dias.

Depois de resistir durante um ao inverno rigoroso e aos índios, com quem a início têm boa relação, os colonos festejam e agradecem a Deus no que é hoje o Dia Nacional de Ação de Graças, uma das datas mais importantes do país.

GRITO DE DOLORES

    Em 1810, o padre católico Miguel Higaldo y Costilla dá o Grito de Dolores, uma declaração lida na cidade de Dolores, hoje parte do estado de Guanajuato, pedindo o fim de 300 anos de dominação espanhola, marco do início da Guerra da Independência do México.

Miguel Hidaldo participa de uma conspiração contra a coroa espanhola durante a ocupação da Espanha por Napoleão Bonaparte na Guerra Peninsular (1807-14). Com o colapso da administração central do Império Espanhol, as colônias latino-americanas proclamam a independência.

Quando a conspiração é traída, ele decide agir imediatamente. Depois de armar populares, ao lado de Ignacio Allende e Juan Aldama, o padre Miguel Hidalgo convoca à rebelião armada contra o Vice-Reino da Nova Espanha, que era o nome da administração colonial do México. 

O texto exato do Grito de Hidalgo não é preservado para a história. Há várias reconstruções. Com certeza, diz: "Longa vida a Nossa Senhora de Guadalupe!", a padroeira do México. "Morte ao mau governo! Morte aos gapuchines!" (espanhóis).

HIdalgo consegue formar um exército popular. Depois de saques, pilhagens e derramamento de sangue, a revolta é derrotada e Higaldo é executado em 30 de julho de 1811. Mas o Grito de Dolores é a faísca que deflagra a Guerra da Independência do México, que vai até 27 de setembro de 1821.

GANDHI INICIA GREVE DE FOME

    Em 1932, preso na cadeia de Yerwada, em Pune, Mohandas Gandhi, o Mahatma (Grande Espírito), o grande herói da independência da Índia, começa greve de fome de protesto contra a decisão do Império Britânico de separar o sistema eleitoral por castas.

Sob influências das ideias do escritor e naturalista norte-americano Henry David Thoreau, pioneiro da desobediência civil, e do escritor russo Leon Tolstói, Gandhi lança nos anos 1920 campanhas de resistência pacífica na luta contra o imperialismo, a satiagraha (insistência na verdade).

É preso, solto e convidado para representar o Partido do Congresso numa conferência em Londres. Ao voltar à Índia, em janeiro de 1932, começa nova campanha de desobediência civil.

Com a "greve de fome até a morte", Gandhi repudia a Constituição imposta pelo império, que dá às castas inferiores, aos intocáveis, uma representação política separada por 70 anos. Gandhi alega que a medida consolida a discriminação social no país.

Gandhi vem de uma casta superior, de mercadores, mas defende a emancipação dos harijans (filhos de Deus).

A Índia conquista a independência em 15 de agosto de 1947 e se separa do Paquistão. Gandhi inicia sua última greve de fome em 12 de janeiro de 1948 para pressionar hindus e muçulmanos a cessarem a violência em Nova Déli, a capital do país. 

Menos de duas semanas depois de encerrar o jejum, o extremista hindu Nathuram Godse mata Gandhi com três tiros no peito. Godse era membro do grupo extremista Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), ao qual é ligado o atual primeiro-ministro ultranacionalista hindu Narendra Modi, um fascista que persegue muçulmanos e ameaça a maior democracia do mundo.

GOLPE DERRUBA PERÓN

    Em 1955, um golpe militar liderado pelo general Eduardo Lonardi, chamado de Revolução Libertadora, derruba o presidente e general Juan Domingo Perón, um líder populista que até hoje domina a política argentina.

Reeleito com 62,5% dos votos em 11 de novembro de 1951, Perón tem um segundo governo muito mais difícil do que o primeiro, quando se beneficia da riqueza acumulada exportando lã e alimentos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). 

Com a crise econômica e sem a carismática e angelical María Eva Duarte de Perón, a Evita, sua segunda mulher, que morre de câncer em 26 de julho de 1952, o caudilho enfrenta a oposição crescente de estudantes, do empresariado e da Igreja Católica.

Depois do golpe, Lonardi, reconhecendo a força do peronismo, tenta fazer um acordo. É afastado e substituído pelo general linha-dura Pedro Aramburu por adiar a desperonização. O Partido Justicialista (peronista) é dissolvido e há intervenção nos sindicatos. É proibido até ter fotos de Perón e Evita em casa.

Perón volta em 1973, é reeleito presidente e governa até a morte, em 1º de maio de 1974. É substituído pela vice-presidente María Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Sem o carisma de Evita, com aumento da atividade das guerrilhas de esquerda e dos grupos paramilitares de direita, o país afunda no caos.

Um novo golpe militar, em 24 de março de 1976, derruba Isabelita e leva à mais sangrenta ditadura da história argentina, com cerca de 30 mil mortes, que só acaba em 1983, depois da humilhante derrota para o Reino Unido na Guerra das Malvinas (1982).

MORRE MARIA CALLAS

    Em 1977, a soprano norte-americana de origem grega Maria Callas, uma das maiores cantoras de ópera da história, morre do coração em Paris aos 53 anos. Suas cinzas são jogadas no Mar Egeu.

Soprano absoluta, Callas é chamada de Divina pela voz, pela técnica musical e pela interpretação dramática.

Maria Cecilia Sofia Anna Kalogeropoúlus nasce em Nova York em 2 de dezembro de 1923, filha de imigrantes. Em dificuldades econômicas, a mãe volta em 1937 para a Grécia, onde Maria estuda canto no Conservatório de Atenas com Elvira de Hidalgo.

Ela se apresenta na Ópera de Atenas na peça Tosca, de Puccini, em 1941. Nos anos 1950, canta regularmente nos grandes teatros de ópera, o Scala, de Milão; o Metropolitan, de Nova York; e a Ópera Real de Covent Garden, no centro de Londres.

A grande diva é temperamental em seu perfeccionismo. Suas brigas públicas ganham tanto espaço no jornal quanto os sucessos operísticos.

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