CRUZADA DOS REIS
Em 1191, na Terceira Cruzada, o exército muçulmano do sultão Saladino ataca as forcas do rei Ricardo I, da Inglaterra, na Batalha de Arçufe, na Palestina, na marcha de Acre a Jafa. Ricardo Coração de Leão contra-ataca ao entardecer, mas sua marcha rumo a Jerusalém é retardada.
As Cruzadas são uma série de nove expedições militares dos cristãos para tentar reconquistar Jerusalém, tomada pelo califa Omar em 638.
A Primeira Cruzada (1096-99) é a única a conquistar Jerusalém. Funda em território da Palestina o Reino Cristão de Jerusalém (1099-1291).
A Segunda Cruzada (1145-49), anunciada pela Papa Eugênio II, uma reação à queda de Edessa, é a primeira liderada por reis, Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império Romano-Germânico. Os dois exércitos marcham separadamente e são derrotados pelos turcos do Império Seljúcida.
A Terceira Cruzada (1189-92) é a Cruzada dos Reis, de Ricardo I, da Inglaterra, Felipe II, da França, e do sultão Saladino, líder dos muçulmanos.
Depois da conquista de Acre, Ricardo I quer chegar até o mar, até o porto de Jafa. Em Arçufe, o exército cristão tem 10 mil infantes e 1,2 mil cavaleiros, organizados em 12 regimentos de cavalaria de 100 homens cada, com a infantaria guarnecendo os flancos e besteiros na linha, com flechas muito mais poderosas do que as do inimigo.
Estima-se que o exército muçulmano seja duas vezes maior, especialmente em cavalaria. O cavalo e o estribo formam a tecnologia militar dominante na Idade Média.
Ricardo resiste ao ataque de Saladino, quando suas forças iam de Acre para Jafa, até receber um reforço dos hospitalários. Ordena então um contra-ataque. Vence a batalha. Isso dá aos cristãos o dominío sobre a costa da região central da Palestina, inclusive o porto de Jafa.
CAMPANHA DA RÚSSIA
Em 1812, o Grande Exército de Napoleão Bonaparte vence com muitas perdas a Batalha de Borodino contra o exército da Rússia sob o comando do general Mikhail Kutuzov a cerca de 110 quilômetros de Moscou.
Os russos recuam diante da invasão napoleônica, iniciada em 24 de junho, para evitar um confronto direto e se entrincheiram em Borodino para deter o avanço do inimigo rumo a Moscou. São 130 mil soldados de Napoleão com 500 tanques contra 120 mil russos com 600 canhões.
Napoleão faz um ataque frontal às seis da manhã. Até o meio-dia, os dois lados avançam e recuam na linha de frente, até que a artilharia dá vantagem à França, mas os russos resistem a sucessivas ofensivas.
O imperador francês não coloca em combate a Guarda Imperial, de 20 mil homens, e mais 10 mil soldados. Como Kutuzov não tem mais homens para entrar em ação, Napoleão perde a oportunidade de ter uma vitória decisiva.
É uma vitória de Pirro, referência ao general que derrotou Roma duas vezes, em Heracleia (280 AC) e Ásculo (279 AC), mas suas forças sofreram tantas perdas que, ao andar pelo campo de batalha, vaticina: "Mais uma vitória destas e estou perdido." Perdeu em Malevento (275 AC), que os romanos rebatizaram de Benevento.
Com os soldados exaustos à tarde, a Batalha de Borodino continua até a noite com disparos de artilharia. À noite, Kutuzov recua. Napoleão entra em Moscou uma semana depois sem oposição. Os russos recuam e queimam a cidade para que o inimigo fique sem comida e sem abrigo.
Sem conseguir tomar o poder na Rússia, cinco semanas depois, Napoleão se retira, pega as chuvas e o frio do outono russo. É atacado à retaguarda pelos russos, na Batalha de Krasnol, de 15 a 18 de novembro de 1812.
A campanha da Rússia é a sua maior derrota. O Grande Exército de Napoleão invade a Rússia com algo entre 450 e 640 mil soldados, 150 mil cavalos e 1,4 mil peças de artilharia. Deixa a Rússia em 14 de dezembro. Pelo menos 380 mil morrem. Cerca de 120 mil sobrevivem, 50 mil austríacos, prussianos e outros alemães, 20 mil poloneses e 35 mil franceses. Muitos desertam.
TIO SAM
Em 1813, os Estados Unidos ganham seu apelido quando um jornal registra que os soldados que lutavam na Guerra de 1812 contra o Império Britânico chamam de Uncle Sam (Tio Sam) as embalagens de carne que o Exército recebe do comerciante William com US, de United States, escrito na caixa.
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Em 1822, sob pressão das cortes portuguesas, que queriam rebaixar o Brasil a colônia, o príncipe-regente Dom Pedro dá o grito às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo, e proclama: “Independência ou Morte!”
A chegada da família real, em 1808, e a abertura dos portos significam uma independência na prática. Em 1815, depois da derrota de Napoleão, quando as monarquias europeias são restauradas, formam a Santa Aliança e o Concerto Europeu, o Brasil é elevado a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve porque a capital do Império Português não poderia ficar numa colônia.
O Rio de Janeiro é a única cidade do Hemisfério Sul que foi capital de um império que se estendia por quatro continentes: América, África, Europa e Ásia.
Com a Revolução do Porto, em 1820, o rei Dom João VI é pressionado a voltar para Lisboa com toda a máquina administrativa trazida para o Brasil. Volta no ano seguinte, deixando o filho como príncipe-regente. Aí começa a pressão da corte para cortar os privilégios que o país havia obtido como capital do império.
Em 9 de janeiro de 1922, o príncipe Dom Pedro comunica que vai descumprir a ordem da coroa de voltar imediatamente para Portugal. É o Dia do Fico, quando a ruptura com Lisboa se torna inevitável.
A crise se agrava. Com Dom Pedro em São Paulo, a princesa-regente, Dona Leopoldina, preside a uma reunião do Conselho de Estado no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. A futura imperatriz e José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, enviam cartas que Dom Pedro recebe em 7 de setembro às margens do Ipiranga e dá o grito.
O Brasil é um fenômeno único na história. O país se torna independente com a mesma família imperial que está no poder desde a Colônia. É um caso raro de conciliação das elites para manter tudo como está.
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
Em 1860, durante a luta pela unificação da Itália, Giuseppe Garibaldi entra em Nápoles e se declara "ditador das Duas Sicílias".
A Expedição dos Mil é um momento-chave da Segunda Guerra da Independência da Itália, quando os Camisas Vermelhas, sob o comando de Garibaldi, que luta na Revolução Farroupilha (1835-45) e no Uruguai, um especialista em guerra de guerrilhas, desembarcam na Sicília Ocidental e conquistam o Reino das Duas Sicílias, antes dominado pela Dinastia dos Bourbon.
Em 1901, a assinatura de um protocolo acaba com a Guerra dos Boxers, uma revolta anti-imperialista que não consegue expulsar os estrangeiros da China.
A derrota na Guerra Sino-Japonesa de 1894-95 acaba com a milenar ordem sinocêntrica na Ásia. Marca o início da fase terminal do Império Chinês. No Norte, os chineses temem o aumento da influência estrangeira e se ressentem dos privilégios dos missionários cristãos. Em 1898, a região sofre várias catástrofes naturais, como seca e enchente do Rio Amarelo, aumentando o descontentamento.
A Guerra dos Boxers (1899-1901) é uma rebelião antiestrangeiros, anticolonial e anticristã no final da Dinastia Ching travada pela Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, na maioria lutadores de kung fu sem armas de fogo.
A partir de 18 de outubro de 1899, os boxers destroem propriedades estrangeiras como as ferrovias e assassinam cristãos e missionários cristãos. Em junho de 1900, os boxers convergem para Beijim e cercam a cidade. Um exército formado por EUA, Reino Unido, França, Áustria-Hungria, Alemanha, Itália, Rússia e Japão invade a China em 17 de junho.
Em 21 de junho, a imperatriz Cixi baixa um decreto imperial declarando guerra às potências invasoras e manda matar todos os estrangeiros da capital chinesa, inclusive diplomatas. A aliança invasora rompe as defesas de Beijim em 14 de agosto. A cidade é saqueada e pilhada,
O Protocolo Boxer, de 7 de setembro 1901, prevê execução sumária de funcionários públicos que lutam pela rebelião, provisões para as tropas estrangeiras estacionadas em Beijim e 450 milhões de taéis de prata – mais do que a arrecadação anual do governo chinês – de indenização a serem pagos ao longo de 39 anos para as oito potências da aliança.
ENTREGA DO CANAL
Em 1977, o presidente Jimmy Carter e o ditador Omar Torrijos assinam dois tratados para transferir o controle do Canal do Panamá dos Estados Unidos para o Panamá em 1999.
O Panamá pertence à Colômbia. Quando o governo colombiano, enfraquecido pela Guerra dos Mil Dias (1899-1902) entre liberais e conservadores, rejeita a proposta norte-americana, os EUA promovem a independência do Panamá, em 3 de novembro de 1903.
A construção do canal começa em 4 de maio de 1904 e termina em 1913. O canal é inaugurado oficialmente em 15 de agosto de 1914.
O coronel Omar Torrijos, um nacionalista, chega ao poder num golpe militar em 1968, mas conta com apoio popular e negocia a soberania do país sobre o canal e a Zona do Canal, um enclave dos EUA.
Dois tratados garantem a soberania sobre o canal. O primeiro é o Tratado sobre a Neutralidade Permanente e e Operação do Canal, mais conhecido como Tratado da Neutralidade. O segundo é o Tratado do Canal do Panamá, que estabelece que o Panamá assume o controle total do canal a partir do ano 2000.
Ambos foram ratificados por maiores de dois terços em referendo realizado no Panamá em 23 de outubro de 1977. Depois de assumir o controle do canal, o país vive uma era de prosperidade.
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