sexta-feira, 15 de março de 2024

Caos no Haiti exige intervenção militar internacional

 Dois anos e oito meses depois do assassinato do presidente Jovenel Moïse, o estado de anarquia se agrava no Haiti. Gangues dominam 80% de Porto Príncipe, a capital do país. Na semana passada, impediram a volta ao país do primeiro-ministro e presidente interino Ariel Henry, que renunciou na terça-feira sob pressão dos Estados Unidos. Só uma intervenção será capaz de desarmar as gangues e restaurar alguma ordem, mas a sociedade internacional receia em se envolver numa situação internal.

Quando era uma próspera colônia da França, o Haiti era a Pérola do Caribe. A Revolução Haitiana foi a maior revolta de escravos em 1.900 anos e a única na história em que escravos e ex-escravos venceram. 

O Haiti foi o segundo país da América a se tornar independente, o primeiro a abolir a escravidão e a primeira república negra do mundo. Vence a França de Napoleão Bonaparte e o Império Britânico da Revolução. Sob boicote dos escravistas e a pressão de uma dívida de guerra cobrada pela potência colonial, a França, a economia se deteriora e o autoritarismo político se instala.

De 1915 a 1934, os EUA ocupam o Haiti. Em 1957, é eleito presidente François Duvalier, o Papa Doc, um ditador arquetípico da Guerra Fria, com uma polícia terrorista, os tontons macoutes, famosa por suas atrocidades.

A democracia começa com a queda de seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, e o fim do regime duvalierista, em 1986. Na primeira eleição presidencial democrática, em 1990, é eleito o padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide, alvo de dois golpes de Estado, em 1991 e em 2004, quando exercia um segundo mandato.

Naquela época, o Brasil liderou uma missão de paz das Nações Unidas. Em 2010, outra tragédia abalou o Haiti. O Terremoto de Porto Príncipe arrasou o país e matou mais de 200 mil pessoas. A sociedade internacional prometeu uma ajuda de US$ 10 bilhões para reconstruir o Haiti, mas a eterna crise do país se agravou nos últimos anos e a reação internacional ainda é tímida e se deve mais ao medo dos países vizinhos, especialmente dos EUA, de uma onda migratória de refugiados haitianos.

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