quarta-feira, 20 de março de 2024

Hoje na História do Mundo: 20 de Março

 PANDEMIA DA PESTE

    Em 1345, professores da Universidade de Paris atribuem a pandemia da peste bubônica, a pior da história da humanidade, com total de mortes na Eurásia estimado entre 75 e 200 milhões de pessoas de 1346 a 1353, a "uma tripla conjunção de Saturno, Júpiter e Marte" ocorrida em 20 de março.

Hoje a ciência sabe que a causa da peste negra é a bactéria yersinia pestis, transmitida por pulgas de ratos que pulam para outras espécies de mamíferos quando os ratos hospedeiros morrem.

Os primeiros casos em seres humanos aparecem por volta de 1320 na Mongólia, mas pesquisas recentes sugerem que pode ter ocorrido séculos antes na Europa.

Os sintomas iniciais são dor de cabeça, febre e calafrios. A língua fica enbranquecida. As glândulas linfáticas incham com a reação do organismo. Surgem manchas pretas e vermelhas na pele. A morte vem uma semana mais tarde.

Depois de dizimar as tribos nômades da Mongólia, a peste migra para o Leste e o Sul da China e a Índia. Chega à Europa em 1346.

Há um episódio em que os tártaros, um povo de origem turca, lutam contra italianos de Gênova no Oriente Médio quando um surto da peste atinge os tártaros. Eles catapultam os cadáveres pesteados no território sob o controle dos genoveses, que assim levariam a doença consigo no regresso à Europa.

Mesmo que esta história seja verdadeira, a hipótese mais provável é que a peste chegue à Europa levada por ratos nos porões dos navios. Inicialmente as cidades portuárias são as mais atingidas. Em Veneza, houve 100 mil mortes e uma média de 600 por dia.

Em 1347, a peste chega a Paris, onde mata 50 mil pessoas. No ano seguinte, contamina a Grã-Bretanha. Um terço da população da Europa morre até a pandemia recuar, em 1352.

A culpa da desgraça não é atribuída aos astros. Judeus, ciganos e supostas bruxas são torturados e queimados na fogueira. Os religiosos a consideram um castigo divino pela imoralidade. Todos os remédios caseiros, inclusive banhos de urina e de sangue menstrual, fracassam.

Há outros surtos da peste até o século 18. No Brasil, só é controlada no século 20 com Oswaldo Cruz no Ministério da Saúde, quando a população chega a criar ratos porque o governo paga pela captura destes animais. Nunca mais houve uma pandemia como no século 14.

HENRIQUE V

    Em 1413, com a morte de Henrique IV, primeiro rei da Dinastia de Lancaster, seu filho mas velho ascende ao trono da Inglaterra como Henrique V durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), contra a França.

Henrique Bolingbroke é coroado Henrique IV em 1399, depois de vencer Ricardo II, enfraquecido por constantes conflitos com o Parlamento de Westminster. No fim da vida, com doenças crônicas, o jovem herdeiro toma conta dos negócios do reino. Lidera o Exército contra galeses rebeldes na Batalha de Shrewsbury.

No trono, Henrique V retoma a reivindicação de seu bisavô Eduardo III pela coroa francesa. Em 1415, invade a França e vence a Batalha de Agincourt. A Inglaterra domina toda a Normandia em 1419. 

Pelo acordo de Troyes, em 1420, Henrique V casa com Catarina de Valois, filha do rei Carlos VI, da França, é reconhecido como regente e herdeiro da coroa. Sua vitória dura pouco. Em 1422, Henrique V morre da chamada febre do acampamento, o tifo, comum na época em campanhas militares.

CEM DIAS

    Em 1815, depois de onze meses de exílio na Ilha de Elba, Napoleão Bonaparte volta a Paris e reassume o poder nos Cem Dias, na verdade 110 dias até a derrota final na Batalha de Waterloo, 18 de junho, e a restauração da dinastia real pré-Revolução Francesa com Luís XVIII.

Napoleão volta ao poder quando o Congresso de Viena já está reunido e a Santa Aliança decidida a restaurar a ordem monárquica anterior às guerras napoleônicas.

Em 25 de março, o Reino Unido, a Áustria, a Prússia e a Rússia, as grandes potências da Sétima Coalizão contra Napoleão formam um exército de 150 mil homens para acabar de vez com o imperador francês. Napoleão é preso e enviado ao exílio da Ilha de Santa Helena, uma possessão britânica no Oceano Atlântico a 1.950 quilômetros da costa do Sudoeste da África, onde morre de câncer no estômago em 5 de maio de 1821.

KRUSCHEV EM ASCENSÃO

    Em 1953, 15 dias depois da morte do ditador Josef Stalin, o ucraniano Nikita Kruschev é um dos cinco indicados para o novo Secretariado do Partido Comunista da União Soviética. Em setembro, ele se torna secretário-geral do partido e, em 1958, primeiro-ministro.

A morte repentina de Stalin, em 5 de março de 1953, deixa um vácuo de poder na liderança soviética. Giorgi Malenkov é nomeado primeiro-secretário do PC e primeiro-ministro.

Kruschev, membro ativo desde que entrou para o partido, em 1918. Sua lealdade a Stalin é total, inclusive durante o Holodomor, a morte de mais de 3 milhões de ucranianos durante o processo de coletivização da agricultura na URSS (1929-33), que causou uma grande fome, especialmente na Ucrânia. Assim, ele escapa dos expurgos dos anos 1930.

Depois da morte de Stalin, Kruschev derrota Malenkov para se tornar líder do partido em seis meses. Consolida o poder no 20º Congresso do PC da URSS. Em 26 de fevereiro de 1956, denuncia os crimes do stalinismo.

É o primeiro-ministro soviético que tenta instalar mísseis nucleares em Cuba, mas acaba recuando diante da iminência de uma invasão dos EUA à ilha, na Crise dos Mísseis, em outubro de 1962. Nunca o mundo esteve tão perto de uma guerra nuclear. Kruschev cai dois anos depois.

INVASÃO DO IRAQUE

    Em 2003, os Estados Unidos e aliados lançam uma invasão do Iraque para depor o ditador Saddam Hussein sob o falso pretexto de que o país tinha um arsenal de armas químicas e biológicas e estaria desenvolvendo armas atômicas. Centenas de milhares de pessoas morreram.

A guerra destruiu a promessa de uma nova ordem mundial com base no direito internacional, desestabilizou ainda mais o Oriente Médio, gerou o Estado Islâmico, talvez o mais feroz dos grupos extremistas muçulmanos, fortaleceu o Irã e serviu de desculpa para a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Depois de não conseguir capturar o líder da rede terrorista Al Caeda, Ossama ben Laden, na Batalha de Tora Bora, no Afeganistão, no fim de 2001, no Discurso sobre o Estado da União de 29 de janeiro de 2002, o então presidente George Walker Bush acusou o Irã, o Iraque e a Coreia do Norte de serem um "eixo do mal".

Os EUA mudavam seu foco na Guerra contra o Terror, deflagrada depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Como Saddam Hussein era um ditador secularista, inimigo dos terroristas muçulmanos, é preciso inventar uma alegação falsa para justificar a guerra. Mas o governo Bush não consegue convencer aliados europeus importantes como a Alemanha e a França, que estão prontas para votar contra a guerra no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Como a França tem poder de veto, assim como a China e a Rússia, que também votariam contra a guerra, os EUA não submetem uma nova resolução ao Conselho de Segurança, se valem de uma anterior que apertava o regime de sanções internacionais que desmantelara o arsenal iraquiano.

A guerra é ilegal porque não foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU e ilegítima porque jamais foram encontradas as armas de destruição em massa que justificariam a invasão.

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